Mostrando postagens com marcador filosofia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador filosofia. Mostrar todas as postagens
2 de dezembro de 2021

Poison for Breakfast: questões que não foram feitas para serem respondidas, mas para fazer pensar


Como você já deve ter percebido, este é um tipo de livro diferente de outros que você possa ter lido. É diferente de outros livros que escrevi. Há um enredo a ser encontrado aqui - uma história verdadeira sobre como eu comi veneno no café da manhã -, mas também é um livro de filosofia, uma palavra que significa pensar sobre as coisas e tentar decifrá-las. É também um livro sobre como escrevo os livros que supostamente escrevi, e algumas outras coisas, como uma longa canção e um filme que vi muitos anos atrás, e que acho serem importantes. Já lhe disse que o livro é sobre perplexidade, e sobre a morte, algo que ocorreu duas vezes até agora, o Salteador e um sapateiro que conheço, e que terminará, como eu disse, com um final fatal .

Tenho um carinho especial por Desventuras em Série e pela maneira como Lemony Snicket, pseudônimo de Daniel Handler, conta uma história. Faz muito tempo que ele não entrava no meu radar, contudo - não até receber uma newsletter de lançamentos do Goodreads e me deparar com esse título.


____________________________________

 
23 de julho de 2019

Os Quatro Amores


A afeição, como já disse, é o amor mais humilde, pois não procura impressionar. [...] Vive com coisas humildes e despojadas: pantufas e roupas velhas, piadas antigas, o batuque do rabo do cachorro dormindo no chão da cozinha, o som de uma máquina de costura, uma boneca esquecida no gramado. [...] Quando seu amigo se torna um velho amigo, todas as coisas sobre ele, que originalmente nada tinham a ver com a amizade, tornam-se familiares, e uma familiaridade querida.

Comecei a me interessar por esse livro após ler biografias de Tolkien e Lewis e ver várias referências a Os Quatro Amores - especialmente ao capítulo sobre amizade. Deixei-o na lista de desejados por um tempo, até que aproveitei uma promoção no começo do ano para comprar a bela edição em capa dura da Thomas Nelson (por sinal, eles estão relançando toda a obra de apologética do Lewis nesse projeto gráfico). O livro estava a caminho lá de casa quando viajei para Minas, para participar do VII Encontro Nacional da JASBRA e, numa das palestras, lá estava ele de novo, dessa vez com referências a Austen. Foram tantas aparições do bendito num curto espaço de tempo que foi só tirá-lo da caixa para começar a ler - e ler ‘em dupla’, num combinado com uma amiga, cada capítulo dando vez ao debate.


____________________________________

 
14 de janeiro de 2019

Projeto Pratchett: Nation



“Somewhere out there, flying to him from the edge of the world, was tomorrow. He had no idea what shape it would be, but he was wary of it. They had food and fire, but that wasn’t enough. You had to find water and food and shelter and a weapon, people said. And they thought that was all you had to have, because they took for granted the most important thing. You had to have a place where you belonged.”

Mau está no mar, voltando para casa após superar os desafios da Ilha dos Meninos, quando a grande onda surge, deixando em seu caminho um rastro de destruição quase apocalíptico. Levada à Nação - a ilha da tribo de Mau - pela mesma onda, Ermintrude (ou Daphne, como ela prefere ser chamada) é a única sobrevivente do navio Sweet Judy, que a levava para encontrar o pai na sede das colônias britânicas na região. E, embora ainda não saiba, ela acaba de se tornar princesa herdeira do trono inglês, após a peste dizimar boa parte da família real do outro lado do mundo. E é assim que começa Nation, livro que Pratchett considerava o melhor que já escrevera: dois jovens sobreviventes numa ilha deserta, após um cataclisma que eles bem poderiam considerar o fim do mundo.


____________________________________

 
16 de março de 2018

Projeto Arda: O Mundo Começa com uma Canção


No início, era o vazio. Eru, o único, conhecido também como Ilúvatar, criou primeiro os Ainur, chamados ‘os Sagrados’. Existindo os Ainur, Eru lhes apresentou a Canção: três temas musicais a partir dos quais o Universo, e tudo o que nele existe, foi concebido.

O primeiro mote era uma sinfonia vibrante e repleta de transições; a música e seu eco “saíram para o Vazio e este não estava mais vazio”. Uma dissonância, porém, cortou-a: Melkor, que dos Ainur era aquele a quem fora concedido maiores dons de poder e conhecimento, entremeou à harmonia sua própria improvisação, de tal forma que não foi possível continuar.


____________________________________

 
21 de maio de 2015

Para ler: O Nome da Rosa

“Preciso pensar sobre isso. Quem sabe tenha que ler outros livros.”

“Como assim? Para saber o que diz um livro deveis ler outros?”

“Às vezes pode-se proceder assim. Frequentemente os livros falam de outros livros. Frequentemente um livro inócuo é como uma semente, que florescerá num livro perigoso, ou, ao contrário, é o fruto doce de uma raiz amarga. Não poderia, lendo Alberto, saber o que poderia ter dito Tomás? Ou lendo Tomás saber o que tinha dito Averroes?”

“É verdade”, disse admirado. Até então pensara que todo livro falasse das coisas, humanas ou divinas, que estão fora dos livros. Percebia agora que não raro os livros falam de livros, ou seja, é como se falassem entre si. À luz dessa reflexão, a biblioteca pareceu-me ainda mais inquietante. Era então o lugar de um longo e secular sussurro, de um diálogo imperceptível entre pergaminho e pergaminho, uma coisa viva, um receptáculo de forças não domáveis por uma mente humana, tesouro de segredos emanados de muitas mentes, e sobrevividos à morte daqueles que os produziram, ou os tinham utilizado.

“Mas então”, eu disse, “de que serve esconder os livros, se pelos livros acessíveis se pode chegar aos ocultos?”

“No decorrer dos séculos não serve para nada. No arco dos anos e dos dias serve para alguma coisa. Vê como nos encontramos de fato perdidos.”

“E então uma biblioteca não é um instrumento para divulgar a verdade, mas para retardar sua aparição?” perguntei estupefato.

“Não sempre e não necessariamente. Neste caso é”.
A primeira vez que tentei ler O Nome da Rosa, eu tinha uns doze anos e terminei largando o livro de lado, traumatizada e complexada pela quantidade de vocabulário que não conseguia compreender. Isso me gerou uma bizarra aversão a Umberto Eco, que terminei por reencontrar pouco menos de dez anos depois, na faculdade... e aí foi amor à segunda vista.


____________________________________

 
22 de novembro de 2014

Para ler: Reparação

Como pode uma romancista realizar uma reparação se, com seu poder absoluto de decidir como a história termina, ela é também Deus? Não há ninguém, nenhuma entidade ou ser mais elevado, a que ela possa apelar, ou com que possa reconciliar-se, ou que possa perdoá-la. Não há nada fora dela. Na sua imaginação ela determina os limites e as condições. Não há reparação possível para Deus nem para os romancistas, nem mesmo para os romancistas ateus. Desde o início a tarefa era inviável, e era justamente essa a questão. A tentativa era tudo.
É possível existir reparação quando uma mentira não apenas destrói a vida de uma pessoa como joga à lama todo o seu caráter e seu próprio futuro, roubando até mesmo o senso de identidade de alguém?

Essa é a grande pergunta que me fiz tanto ao assistir o filme quanto ao ler, mais recentemente, o livro de Ian McEwan, Reparação.


____________________________________

 
27 de agosto de 2013

Clube do Livro (Agosto): A Luneta Âmbar

- O que pensei foi que se você... talvez apenas uma vez por ano... se pudéssemos vir aqui ao mesmo tempo, para passar uma hora ou coisa assim, então poderíamos fazer de conta que estávamos juntos de novo... porque estaríamos juntos, se você sentasse aqui e eu sentasse bem aqui no meu mundo...

– Isso – disse ele – enquanto eu viver, sempre voltarei aqui. Não importa onde eu esteja no mundo, voltarei aqui.

– No dia do Solstício de Verão – completou ela. – Ao meio-dia. Enquanto eu viver. Enquanto eu viver...
E com esse épico terceiro volume, chegamos ao final da série Fronteiras do Universo, que estivemos lendo ao longo dos últimos três meses no Clube do Livro, com reações a emoções variadas – porque Pullman é daqueles autores que gosta de torturar os pobres mortais que se dispõem a ler seus livros.


____________________________________

 
23 de março de 2013

Para ler: A Elegância do Ouriço


Meu pensamento profundo do dia: é a primeira vez que encontro alguém que procura as pessoas e que vê além. Isso pode parecer trivial, mas acho, mesmo assim, que é profundo. Nunca vemos além de nossas certezas e, mais grave ainda, renunciamos ao encontro, apenas encontramos a nós mesmos sem nos reconhecer nesses espelhos permanentes. Se nos déssemos conta, se tomássemos consciência do fato de que sempre olhamos apenas para nós mesmos no outro, que estamos sozinhos no deserto, enlouqueceríamos. Quando minha mãe oferece petit fours da casa Ladurée à sra. de Broglie, conta a si mesma história de sua vida e apenas mordisca seu próprio sabor; quando papai toma o café e lê o jornal, contempla-se num espelho do gênero manual de autoconvencimento; quando Colombe fala das aulas de Marian, deblatera sobre seu próprio reflexo, e quando as pessoas passam diante do concierge, só vêem o vazio porque ali não se reconhecem.

Do meu lado suplico meu destino que me conceda a chance de ver além de mim mesma e encontrar alguém.

Quando dei uma olhada na lista da Retrospectiva Literária 2012 do blog Pensamento Tangencial, que é o organizador da brincadeira, deparei-me com dois volumes que, pela empolgação da anfitriã, logo me chamaram a atenção. Um, eu consegui através de troca pelo Skoob e ainda não pude começar a ler; o outro foi-me gentilmente emprestado pela Mi, do Bibliophile.


____________________________________

 
18 de agosto de 2012

Do Gênesis ao Apocalipse: Cândido


Em qualquer lista que eu faça de livros favoritos, Cândido, ou o Otimismo certamente aparecerá entre os dez mais. Com esse livro, descobri a filosofia – muito antes de começar a faculdade e meu professor começar uma litania de nomes e nenhuma idéia – pois ao terminar este volume, fui atrás de xeretar mais Voltaire e acabei mergulhada até o pescoço no Iluminismo.


____________________________________

 
24 de janeiro de 2011

Clube do Livro (Janeiro) - O Vendedor de Passados


Você esteve muito tempo fora, a viajar, não faz idéia daquilo que passamos neste maldito país. Luanda está cheia de pessoas que parecem muito lúcidas e de repente desatam a falar línguas impossíveis, ou a chorar sem motivo aparente, ou a rir, ou a praguejar. Algumas fazem isso ao mesmo tempo. Umas julgam que estão mortas. Outras estão mesmo mortas e ainda ninguém teve a coragem de os informar. Umas acreditam que podem voar. Outras acreditam tanto nisso que realmente voam. É uma feira de loucos, esta cidade, há por aí, por essas ruas em escombros, por esses musseques em volta, patologias que ainda nem sequer estão catalogadas.

José Eduardo Agualusa - O Vendedor de Passados

Ano passado, no Clube do Livro, decidimos que em 2011 faríamos uma volta ao mundo literária: além de temas mais corriqueiros e fáceis de mastigar, íamos dedicar alguns meses para encontrar livros de cada continente do planeta, ler e debater.


____________________________________

 
9 de dezembro de 2010

O Leão, os Valar e a Canção


Amanhã estréia A Viagem do Peregrino da Alvorada, terceiro filme da franquia e quarto livro da série As Crônicas de Nárnia. Fiquei aqui então pensando no que poderia fazer para marcar a data. Estava muito em cima para escrever um especial sobre Lewis e, de qualquer forma, tendo lido apenas os livros de Nárnia, não poderia me aprofundar muito no assunto.

Decidi então escrever um ensaio que faz tempo está cozinhando na minha cabeça, acerca das aproximações entre Nárnia e a Terra-Média, em especial no ponto da criação destes respectivos mundos numa alegoria do Gênesis bíblico.

Cara, isso dá título de tese...


____________________________________

 
12 de novembro de 2010

Meme Literário: Dia 12 – um livro que te faz lembrar alguém



De uma forma geral, todos os livros do Eco me fazem lembrar a Régis, porque nós duas dividimos essa enorme paixão literária. Mas de todos os livros do mestre italiano... A Ilha do Dia Anterior é o que mais me faz lembrar a Régis.


____________________________________

 
3 de novembro de 2010

Desafio Literário 2010 - Novembro: Escritor Português



Quem dá mostras da mais profunda alegria é o jumento. Nascido e criado em terras de sequeiro, alimentado a palha e a cardos, com a água racionada ou quase, a visão que se lhe oferecia tocava o sublime. Pena não haver ali alguém que soubesse interpretar os movimentos das suas orelhas, essa espécie de telégrafo de bandeiras com que a natureza o dotara, sem pensar o afortunado bicho que chegaria o dia em que quereria expressar o inefável, e o inefável, como sabemos, é precisamente o que está para lá de qualquer possibilidade de expressão.


____________________________________

 
22 de setembro de 2010

Isso é escrever...


Remexa na memória, na infância, nos sonhos, nas tesões, nos fracassos, nas mágoas, nos delírios mais alucinados, nas esperanças mais descabidas, na fantasia mais desgalopada, nas vontades mais homicidas, no mais aparentemente inconfessável, nas culpas mais terríveis, nos lirismos mais idiotas, na confusão mais generalizada, no fundo do poço sem fundo do inconsciente: é lá que está o seu texto. Sobretudo, não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos. Cada um tem seus processos, você precisa entender os seus. De repente, isso que parece ser uma dificuldade enorme pode estar sendo simplesmente o processo de gestação do sub ou do inconsciente.


____________________________________

 
11 de setembro de 2010

Memória: meu espírito é minha igreja

Naquele dia, eu teria de passar até de tarde na escola: estávamos ensaiando no coral para o Festival de Setembro, e tinha aula de redação também, de forma que, ao terminarem as aulas da manhã, eu saí para almoçar num restaurante há algumas quadras do colégio.

Estranhei de cara quando entrei no restaurante – o silêncio e a atenção quase exagerada de todo mundo na televisão. Por alguns instantes, pensei que era algum filme ou coisa do tipo: a cena do avião chocando-se contra o edifício era surreal demais para se encaixar no termo de “realidade”.


____________________________________

 
29 de julho de 2010

Clube do Livro (Julho) - O Dia do Curinga


Vivemos nossas vidas num incrível mundo de aventuras, pensei. Apesar disso, a grande maioria das pessoas considera tudo isso "normal". Em compensação, vivem em busca de algo fora do normal: anjos ou então marcianos, E isso se explica pelo simples fato de que elas não consideram um enigma o mundo em que vivem. Para mim a coisa era completamente diferente. Para mim, o mundo era um sonho muito estranho, e eu vivia em busca de uma explicação racional qualquer para esse sonho.

Jostein Gaarder - O dia do Curinga

A história começou mais ou menos assim: a Dynha, a Belle e outra amiga delas foram à Bienal do Livro em Belo Horizonte e em algum momento da história, chegaram à conclusão de que seria legal criar um clube de leitura.


____________________________________

 
19 de agosto de 2009

L'amour


Aproveitando a deixa que me dei no artigo retrasado (e também no passado, que, afinal, tem a ver com romance), hoje vou filosofar um pouco sobre o amor.

Antes, porém, quero reclamar das sobremesas vistosas, que te fazem ficar com as glândulas salivares trabalhando hora extra, cheias de morango e chocolate e chantilly e que, depois que você começa a comer, descobre que aquilo não é chocolate, mas aquela coisa feita com gordura hidrogenada que esqueci agora o nome.


____________________________________

 
26 de junho de 2009

Quanto vale a liberdade?

Essa pergunta foi meio que um calo no meu pé enquanto escrevia minha monografia e dediquei um bocado de tempo a pensá-la, ainda que não tenha escrito uma linha sobre o assunto no trabalho propriamente dito.

Para tudo existe uma justificativa (só depende do receptor da mensagem ser ou não crédulo) e a liberdade é uma justificativa constante para a guerra. Ela é algo como o princípio da auto-determinação dos povos. É a ideia do direito à Resistência. Da desobediência civil.

Sob a desculpa de busca da liberdade, foram perpetradas alguns dos atos mais execráveis da história humana. Dizem os teóricos que há aqui uma atitude de ponderação – um mal menor tendo em vista um grande bem.

Os fins justificam os meios.


____________________________________

 
31 de maio de 2009

Qual a sua identidade?

Meio mundo deve saber de tanto que eu resmungo que estou para apresentar minha monografia de final de curso com o tema de "Direito de Guerra: a evolução do conceito de guerra no Direito Internacional".

Por esses dias, assistindo TV porque tinha nada melhor para fazer - já tinha espremido meu cérebro até o limite e precisava urgentemente de uma dose de programação imbecilizante para me anestesiar do resto do mundo - caí em um filme com a Scarlett Johansson, numa cena em que a personagem dela estava fazendo uma entrevista de emprego.

A entrevistadora pediu que ela se definisse em uma palavra. E, após alguns minutos tentando encontrar uma resposta, tudo o que ela conseguiu foi uma língua travada.


____________________________________

 
24 de maio de 2009

Reformas, reformas... - Parte IV

Demorei um pouco para terminar esses artigos, mas antes de começar a escrever, precisava dar umas vistas no assunto sobre o qual estava escrevendo. É muito fácil criticar aquilo que você não conhece, dizer simplesmente “é ruim” sem sequer saber do que está falando. Assim, apesar de já ter uma opinião bastante formada sobre o assunto desde meus tempos de colégio, quando começou a discussão sobre as cotas nas universidades públicas, dediquei meia hora do meu descanso depois do almoço (quando podia estar tirando um cochilo para compensar as horas perdidas com insônia) a ler o tal...

4) Estatuto da Igualdade Racial


____________________________________

 

Sobre

Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.

Cadastre seu email e receba a newsletter do blog

powered by TinyLetter

facebook

Arquivo do blog