12 de novembro de 2010

Meme Literário: Dia 12 – um livro que te faz lembrar alguém



De uma forma geral, todos os livros do Eco me fazem lembrar a Régis, porque nós duas dividimos essa enorme paixão literária. Mas de todos os livros do mestre italiano... A Ilha do Dia Anterior é o que mais me faz lembrar a Régis.

Pela poeticidade, pelas discussões metafórico-lingüisticas, pelos amores platônicos e desesperançados, pelo barroco, e pela inalcançabilidade da ilha do dia anterior para um pobre náufrago que delira com um gêmeo possivelmente imaginário... por tudo isso, esse livro é a cara da Régis.

Para quem não conhece, o romance conta a história de Roberto, um jovem nobre piemontês que sofre um naufrágio. Ele é o único sobrevivente e tem a sorte de encontrar um navio encalhado abandonado, que fica defronte a uma ilha.

Entre o navio e a ilha, ele está completamente preso porque (1) nem pode manobrar o navio; (2) e tampouco sabe nadar. E isso torna-se enlouquecedor para Roberto, especialmente pelo fato de que a ilha está num ponto posterior à linha imaginária do tempo.

Lembrando das lições de geografia... cada meridiano é um fuso horário, de tal forma que em determinado ponto do globo (ali, para os lados da Oceania), esses meridianos e fusos se encontram de forma que de um lado da linha, é um dia e do outro, é outro dia.

Essa questão foi usada por Júlio Verne em A Volta ao Mundo em 80 Dias e foi graças a isso que Figg consegue chegar a tempo para ganhar a aposta...

Mas, voltando ao livro... enquanto Roberto tenta imaginar mil e uma forma de alcançar a ilha, somos levados por suas lembranças, pela história que o levou até o lugar em que está. A questão é que nunca temos certeza se devemos ou não confiar em seu relato dos fatos, porque muitas vezes, Roberto parece um obstinado paranóico.

No final das contas, você é quem tem de decidir se aquele certo fulano existe ou é apenas fruto da imaginação febril do nosso narrador; se tais e tais fatos aconteceram mesmo ou se tudo não passou de um desejo do rapaz.

Ah, sim, pontos extras pela aparição do Cardeal Mazarino! Eu só faltei sair procurando D'Artangnan enquanto lia... o que me faz pensar que esse título vai entrar para a minha lista de releituras...

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E aproveitando o ensejo já que estamos por aqui, não deixem de participar da pesquisa de opinião para o balanço de final de ano de D. Lulu!



A Coruja


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4 comentários:

  1. Isso me lembra de um fato, que provavelmente despertará raiva e indignação, possivelmente com uma ordem de "Cortem-lhe a cabeça!", tanto sua quanto da Régis, mas... eu nunca li nada do Eco.

    Até tenho "O Nome da Rosa" aqui em casa, mas ainda não consegui disposição o bastante para ler. Um dia, talvez, quem sabe...

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  2. Adorei a descrição do livro, fiquei com vontade de lê-lo. Já li O nome da Rosa, e achei muito bom. Esse da ilha parece ser surreal!

    Beijos!

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  3. Salve, Eco!!!

    Obrigada pela lembrança, Lulu! De fato, A ilha do Dia Anterior e Baudolino são minhas paixões, por tudo o que você apontou e, também, por conta daqueles benditos padres malucos, hehehehe!

    Dá pra fazes uma leitura casada desses livros com O Memorial do Convento, de meu queridão Saramago, que também possui algumas daqueles características; só que a narrativa de Saramago é agridoce e o padre, ainda que meio maluco, é mais "comportado"... ^^

    Beijocas!

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  4. Gente, voces não teriam esse livro ainda? Estava terminando ele e descobri que arrancaram a pagina 485 e 486, fiquei doido! Bem quando ele pula no mar e ve a pomba laramja.. Se tiverem o restinho me mandem uma foto das paginas?

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