17 de junho de 2021

O Resumo da Ópera - Leituras e Releituras


Chegamos ao meio do ano e, com ele, meu já tradicional balanço de leituras ainda não resenhadas e então brevemente comentadas cá no resumo da ópera. Escrevendo esse post, dei-me conta de como tenho feito releituras nos últimos tempos. Várias das análises que fiz até aqui foram de livros que andei relendo - e tenho outros tantos na fila nessa mesma situação.

É interessante, porque foi algo de que me dei conta no ano passado: como tenho fugido para velhos favoritos que, em tempos de incerteza, oferecem um conforto que histórias desconhecidas não podem realmente ofertar. 2021 tem sido um ano de releituras. E isso é bom, inclusive para dar balanço em como mudamos de perspectiva com o tempo.

Vejamos então o que tem na fila dessa vez...


O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo, de Charlie Mackesy
Já tinha lido esse livro em inglês, mas quando vi que ele sairia aqui no Brasil, tive de ir atrás da edição física - não apenas porque esse é um daqueles livros para ter na cabeceira, ler e reler, folhear, abrir aleatoriamente e se deliciar com qualquer de suas passagens - mas porque, dessa maneira, eu poderia compartilhá-lo com mais pessoas.

O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo é uma história sobre amizade e solidão, sobre a coragem de pedir ajuda, de ser você mesmo e, claro, sobre bolo (concordo contigo, Toupeira!). É uma leitura rápida - cada página é uma ilustração e uma frase ou pequeno diálogo que combinam com uma delicadeza que aquece o coração.

Como já disse antes, esse é um livro para se ter perto sempre, ler e reler quando precisar lembrar de que há um "depois" para a tempestade, para partilhar com as pessoas que amamos. É uma excelente pedida para dar de presente (inclusive para si mesmo). Além da bela mensagem, a edição em si é linda, com capa dura, várias ilustrações coloridas (muitas apenas rascunhadas, mas os traços aparentemente inacabados fazem parte do contar dessa história).


Só Garotos, de Patti Smith
Ganhei esse livro de presente num amigo secreto e começo dizendo que, não fosse por esse acaso, Só Garotos não teria sido um livro que escolheria por conta própria. Isso porque eu conhecia o nome da Patti Smith apenas muito vagamente e nunca tinha parado para ouvir ou ler nada dela.

Contudo, sair da minha zona de conforto e dar uma chance à leitura, nesse caso, valeu à pena. Smith sabe contar uma história, sabe prender a atenção do leitor nos detalhes, e suas memórias são absolutamente fascinantes. Não apenas pela cena artística de que fez parte e pela qual já entrou na História, mas por toda a evolução e obstáculos pelos quais passou na juventude. É impressionante acompanhar tudo que ela sofreu, viu e viveu.

Li quase que de uma sentada e foi realmente uma grata surpresa.


A Abadia de Northanger, de Jane Austen
Já li e reli antes a Abadia, e escrevi resenha e ensaio sobre a obra então, em vez de me delongar acerca desse que é o mais juvenil (e, sejamos sinceros, também o mais divertido, visto ser uma sátira rasgada de romances góticos) dos livros de Austen, falarei da edição da Nova Fronteira, que comprei esse ano por motivos de... é, minha autora favorita, gostei da capa, a edição de bolso que tenho está emprestada (e já não sei se será devolvida, considerando o tempo que está com a pessoa...), e tem livros (e autores) que vale à pena ter repetido na estante. Não me julguem!

A edição em si, é muito bonita. Capa dura, com uma pintura metalizada que me deixou de olhos brilhando, folhas de guarda lindas, um projeto gráfico que, de maneira geral, é tanto belo quanto confortável para ler. Das traduções com que já tive contato, achei essa uma das mais rebuscadas, de vocabulário mais rico. Nada que não se entenda pelo contexto, mas talvez seja necessário consultar um dicionário.

Pessoalmente, eu gostei muito, inclusive porque isso parece somar mais humor às tiradas da Austen emulando romances góticos super dramáticos. No final das contas, talvez até agradeça à prima que até hoje não devolveu minha outra edição…


A Poem for Every Spring Day, de Allie Esiri
Leitura curiosa, para acompanhar toda a estação da primavera. Esiri seleciona aqui dois poemas por dia (um para o dia, outro para a noite), de 01º de março a 31 de maio (confesso que não consegui me aguentar e li quase tudo de uma vez...), seguindo não apenas ideias e imagens que nos fazem pensar na primavera, como também marca datas históricas que tenham acontecido nesse período.

Há poemas sobre a páscoa, outros que lembram guerras e massacres ocorridos no período, versos para o "Primeiro de Abril", tantos sobre flores e plantas e muitos de despedidas. Autores clássicos e contemporâneos se sucedem nas páginas, de vários países pelo mundo - você pode rir com o nonsense de Lewis Carroll ou se arrepiar com a dor de Duranka Perera, de quem eu nunca ouvira falar antes. Cada nova seleção é uma surpresa e você vai das lágrimas ao riso bem fácil.

É uma coletânea interessante, que funciona bem como um livro de referência e certamente tem tudo a ver com celebrar a estação mais florida de todas. Copiei alguns e traduzi no meu caderno de citações - e até enviei em postais com cartas para amigos queridos. Em tempos de pandemia, descobri que ler poesia é um bom remédio para lidar com as dores do dia.


O Visconde que me Amava, de Julia Quinn
Esse é outro sobre o qual já escrevi, muito tempo atrás, quando primeiro descobri a Quinn e ela ainda não tinha sido traduzida por aqui. Aliás, quando me proponho a ler algum romance harlequin, prefiro fazê-lo em inglês, porque a erotica traduzida faz-me mais gargalhar (ou fazer caretas, a depende do nível de vocabulário anatômico) que realmente me deixar com a impressão de sensualidade que esse tipo de romance pede.

Contudo, essa nova edição da Arqueiro não apenas era linda - capa dura de bolso com pintura trilateral dourada, uma delicadeza -, como vinha acompanhada do autógrafo da Quinn e isso era uma coisa que eu realmente desejava. Comprei ainda na pré-venda e comecei a ler quase que imediatamente quando ele chegou aqui em casa. E devo dar a mão à palmatória, porque gostei da tradução, não apenas por ter mantido a tensão das cenas mais quentes sem escorregar para vulgaridades, como também usou um vocabulário compatível com um romance histórico (outro detalhe que muitas vezes me incomoda em traduções).

Com o sucesso da série na Netflix, veremos muito dos Bridgerton pelos próximos anos. O Visconde que me Amava foi o primeiro que li da autora e continua a ser um dos meus favoritos dela. Antony e Kate bebem na dinâmica de A Megera Domada, mas com um relacionamento que termina melhor que o de Catarina e Petruchio. Estou ansiosa para vê-lo adaptado.


A History of the World in 500 Railway Journeys, de Sarah Baxter
Já tinha lido ano passado outros livros da Sarah Baxter e gostei do tom bem humorado e informativo da autora em seus guias de viagem. Nesses longos dias trancados em casa, sonhar não custa nada, especialmente fazendo planos para o futuro e, enquanto isso, é sempre possível viajar pelos livros… que foi exatamente o que fiz com esse daqui.

Baxter divide o livro em seis partes, começando da pré-história, Antiguidade, passando pela Idade Média, rumo aos tempos modernos, século XIX e, por fim, século XX até os dias de hoje. Em cada um desses capítulos ela apresenta centenas de jornadas de trem, que atravessam paisagens que contam a História do nosso mundo ou são trilhos que eles mesmos estão impressos em grandes marcos históricos. É exatamente a mesma dinâmica, aliás, de A History of the World in 500 Walks, que foi um dos que já tinha lido antes.

Ricamente ilustrado, alguns roteiros são mais detalhados que outros, acompanhando mapas, tempo de viagem e paradas. Outros são apenas algumas linhas contextualizando dentro da linha temporal a importância daquela linha. Algumas dessas ferrovias foram desativadas, mas aparecem assim mesmo, pela importância histórica que possuem. E sim, há algumas viagens de trem brasileiras entre esses 500 passeios. Como disse antes, sonhar não custa nada e as referências que a Baxter traz são definitivamente bem interessantes.


Bruxas Literárias, de Taisia Kitaiskaia
Assim que bati o olho nesse livro, no anúncio de publicação da Darkside, fiquei salivando para colocar minhas mãos nele. Como tudo o que a editora traz para o Brasil, o projeto gráfico é impecável, daqueles livros que ficam lindos na estante, ou aberto em exposição na entrada da casa, ou ainda com as ilustrações de Katy Horan e Gabee Brandão transformadas em quadros na biblioteca.

Aliás, se eu fosse classificar Bruxas Literárias, seria como um livro ilustrado que traz pequenas biografias - parte delas num lirismo surreal, transformando as figuras reais das 33 escritoras (trinta na versão original, mais três brasileiras para essa edição) nas criaturas mágicas de onde deriva o título.

Numa certa medida, o livro de Kitaiskaia me lembrou muito o esquema de Monster, She Wrote; mas o segundo é mais informativo, funciona melhor como um livro de referência até para pesquisa, ao passo que Bruxas Literárias nos apresenta apenas pinceladas, é mais um aperitivo para você descobrir os nomes dessas autoras e ir atrás de mais informações. Pela inspiração, beleza e poesia, vale à pena, mas se estiver esperando um livro mais carregado em termos de fatos e análises críticas, vai se frustrar.


Notas para uma Definição do Leitor Ideal, de Alberto Manguel
Manguel é um daqueles autores que quando anunciam “vai sair livro novo”, eu já saio pulando e gritando “cadê, cadê, cadê?”. Embora eu deva fazer um adendo: gosto demasiado dele como ensaísta, mas não tanto como romancista. Enfim… bati o olho na pré-venda de Notas para uma Definição do Leitor Ideal e morri de felicidade de saber que tinha coisa nova dele para ler.

É curioso porque o ensaio que dá título ao livro já tinha saído por aqui (em outra coletânea, À Mesa com o Chapeleiro Maluco), mas, exceto por ele, todos os outros textos me eram inéditos. Na verdade, de uma certa maneira, todos os livros do Manguel parecem dialogar entre si, giram em torno do mesmo tema - então quer tenha ou não lido algo antes, há familiaridade em todo novo título. Inclusive porque, como de hábito, Manguel dá mostras de sua erudição com uma simpatia e uma paixão pela literatura que são inspiradoras.

Nos textos aqui coletados - entre artigos e palestras - fala-se do livro e de todos os seus desdobramentos; de dicionários, censura e educação; dos papéis de leitor, autor, editor; adentra-se o papel social dos intelectuais como vozes importantes na luta pela democracia, fake news e outras variantes. Tudo, sempre, com um tom afável que te faz pensar estar tomando um café com o Manguel. Uma delícia, sem dúvida (e ótimo para dar ganchos e ter ideias para futuros ensaios para o blog).

Lemos os clássicos para darmos continuidade a uma linhagem de leitores ilustres.


Mulheres não são chatas, mulheres estão exaustas, de Ruth Manus
Peguei esse título por indicação de uma amiga do clube do livro - aproveitando que ele estava de graça para o kindle no Dia do Livro -, e comecei a leitura sem grandes expectativas e pretensões. E aí não consegui mais largá-lo. Identifiquei-me com tanta coisa desse livro que não sei nem por onde começar a escrever sobre ele aqui.

Manus é advogada, colunista de jornais, professora e palestrante, além de escritora. Seu estilo é caloroso, expansivo, informal na medida certa para conquistar sua audiência e convidar a confidências. Nada do que ela escreve aqui é novo, ela não está inventando a lâmpada; mas às vezes é preciso ver tudo assim junto, coerente, bem explicado, para nos fazer refletir sobre questões que estão bem próximas do nosso cotidiano.

Há lições aqui que levarei e certamente tentarei implementar - a ideia de que nossa vida pessoal não é patrimônio público, e que ser educada não significa permitir que pessoas, mesmo da família, venham com perguntas e insinuações de como você deve viver sua vida (“por que você está me perguntando isso?” não é nem de longe uma grosseria, não importa o que nossa criação nos diga). Fiquei extremamente tentada a comprar uma dúzia desse livro, sair sublinhando um monte de coisa e depois dar de presente para as tias… pois é, por aí vocês tiram as próprias conclusões...


O Infame Clube Vitoriano das Mulheres Livres, de Vários Autores
Há tempos que estava de olho nesse título - aí a editora disponibilizou o e-book dele de graça no Dia do Leitor ele foi mais um que meti no carrinho e comecei a ler em seguida. Comecei a ler e a primeira coisa que me chamou a atenção foi a diferença de páginas da versão digital para a versão física: as ilustrações, propagandas de época e outros detalhes visuais que fazem parte do projeto gráfico original não estão disponíveis no e-book. Compreensível, claro, mas isso tira um pouco da experiência de leitura - porque os livros da Wish sempre têm essa experiência dos detalhes, é uma característica marcante da editora.

Enfim, despida das minúcias, se eu for resumir o livro, trata-se de uma antologia de contos explorando a Inglaterra vitoriana do ponto de vista feminino, abordando, no mais dos casos, questões de gênero, violência e privação de direitos. Personagens históricas e anônimas se revezam para contar suas histórias, contos sobre liberdade, crimes, sobre existências ocultas sob o verniz de respeitabilidade exigido pela sociedade.

É uma leitura interessante, curiosa e, como quase toda antologia, tem uma qualidade desigual. Há contos bem interessantes, com uma boa reconstituição histórica e outros que ficam um pouco a dever nesse quesito e batidos em sua exploração - quase genéricos demais. No cômputo geral, contudo, ela me deixou com a impressão de que poderia ter funcionado muito bem ambientado no período do Império brasileiro; que o cenário londrino não seria estritamente necessário à maioria dos enredos. Trazer a história para nossas terras daria um tempero mais tropical, mais surpreendente, com mais ritmo; algo que ficou um pouco a dever no sabor.


O Demônio de Mármore, de Rabindranath Tagore
Um cobrador de impostos é enviado para uma cidade que possui um palácio amaldiçoado. Esse é o plot que começa narrado em uma viagem de trem, no espírito de o amigo de um amigo meu. Enfim, uma história dentro da história, dentro de outra história, na tradição das narrativas molduras estilo As Mil e Uma Noites.

É um conto curioso, mas devo observar que o final em aberto não foi tão bem utilizado aqui. Normalmente, gosto da ambiguidade de permitir ao leitor decidir em sua cabeça como a história evoluiria, mas em O Demônio de Mármore, a minha impressão final foi de algo inacabado. A despeito disso, a prosa tem algo de poético e musical - um daqueles contos que funciona bem lidos em voz alta.

Fui pesquisar um pouco sobre Tagore, que ganhou o Nobel literário em 1913, e descobri que ele é mais conhecido pela poesia - Gitanjali é sua coletânea mais famosa e a principal razão de ter recebido o prêmio. Posso entender tal fato: é o ritmo musical muito mais que o plot que prende aqui.


Bartleby, o Escrivão, de Herman Melville
Quando se fala em Melville, a primeira coisa que vem a cabeça é Ahab e sua obsessão pela grande baleia branca que dá o título de Moby Dick. A lembrança dessa aventura marítima pode até nos fazer estranhar o cenário de Bartleby, o Escrivão. Mas é interessante como Melville consegue imprimir uma carga dramática - e uma miríade de possíveis interpretações - para um conto que parece tão simples e tão distante da grandiosidade de sua obra-prima.

Narrada em primeira pessoa por um advogado bem sucedido, trata da história de Bartleby, um escrivão que o narrador contratou para seu escritório, sem ter ideia de quantas excentricidades seu novo funcionário guardava. O que é irônico, a se considerar que seus outros contratados também são cheios de peculiaridades. No começo, a história parece bem burlesca, mas, aos poucos, uma nota de angústia e melancolia se instalam.

O "eu prefiro não fazer" de Bartleby esconde algo doloroso em sua essência, solitário e amargo, perdido. É certamente um conto que se presta a muitas discussões sobre os motivos do infeliz escrivão. Excelente para ficar divagando ao final da leitura.


Sra. Spring Fragrance, de Sui Sin Far
A senhora Spring Fragrance, que dá título ao conto da vez na SRL, é, acima de tudo, uma otimista. É graças a essa qualidade que ela ajuda jovens apaixonados aparentemente fadados a não ficarem juntos - e, no processo, quase lança seu próprio casamento em crise.

Não que ela se dê conta de tal fato. Afinal, o problema todo começa por conta de uma conversa entreouvida pela metade. E por diferenças culturais, tornadas mais agudas por se tratar de uma comunidade chinesa dentro do território americano - algo que é usado de forma sutil e inteligente para sublinhar a questão da xenofobia.

Um conto divertido, repleto de encontros e desencontros amorosos - quase um Sonho de uma Noite de Verão chinês -, com um final feliz.


A Coruja


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11 comentários:

  1. Já leu o "Pega lá uma chave de fenda" da Manus? É sensacional, muito bom pra dar de presente tbm, são contos sobre amor em vários tópicos

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    1. Eu estou com ele na minha lista dos desejados. Assim que terminei esse livro, sai procurando o que mais ela tinha escrito. Obrigada pela dica!

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    2. E não é que eu peguei este livro pra ler agora sem dar nada por ele e tô me identificando TB? São chego aqui e tem resenha de quem? Volto depois qdo terminar!!!

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    3. Huhuahuahua... Dynha, eu acho que destaquei metade do livro com as marcações... Eu fui nele por indicação, mas não estava com enormes expectativas. Fui surpreendida completamente.

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  2. botei na lista a Sui Sin Far.

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    1. Espero que goste! Inclusive, ele está disponível de forma gratuita (é domínio público) numa tradução do projeto Mojo em parceria com o SESC. Olha aqui: https://literaturalivre.sescsp.org.br/ebook/sra-fragrancia-primaveril

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  3. Meu professor de Sociologia no primeiro período da faculdade mencionou esse livro. Não lembro muito bem o contexto, foi meio que uma piada, falando que esse indivíduo dizendo "prefiro não" ao chefe subverteu toda a ordem social - imagina seu chefe te mandar alguma coisa e você simplesmente responde "prefiro não", simples assim? Desde então fiquei com vontade de ler o livro e o li no segundo ano, com 21 anos. Não gostei, achei monótono demais, e acho que fiquei com uma expectativa mais política do que existencial, pelo comentário do professor. Mas tem alguns livros que eu leio, não gosto, mas de alguma forma eles não me deixam quieta, fico pensando neles até reler e amar. Foi assim com alguns dos meus livros favoritos, como "Cem Anos de Solidão" e "Amanhã, na Batalha, Pensa em Mim". Um dia comentei desse livro com um amigo meu que também gosta de literatura cabeçuda e ele disse que amava esse livro, que era um dos livros mais geniais que eu já li. Comentei numa conversa em que eu estava reclamando da minha vida de morar lá na puta que pariu, passar quatro horas diárias num ônibus, estudar à noite, trabalhar de manhã cedo num escritório em que eu era extremamente mal paga, trabalhava para gente de moral duvidosa (revisando processos jurídicos que ferravam o trabalhador, documentos da Monsanto e por aí vai) cercada de gente bolsonarista - minhas colegas eram bolsonaristas por serem evangélicas, minhas chefes por quererem "flexibilizar" as leis trabalhistas. Eu era extremamente mal paga e estava num período amargo da minha vida. Além de trabalhar no escritório e estudar à noite estava firmando uma carreira freelancer para mandar o escritório para a tonga da mironga. Eu disse que assim que tivesse mais segurança ia chegar no escritório e dizer "prefiro não revisar esse processo escroto" até ser mandada embora pagando de louca e feliz da vida. Isso já faz dois anos (dois anos de liberdade frila e bem paga), mas ainda não reli. Quem sabe esse ano, se eu preferir.

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    1. Ju, adorei sua história com essa história! Eu entendo seu ponto; li livros mais nova com os quais não consegui me conectar e ao reler mais velha, acabei descobrindo favoritos (o contrário também acontece...). Acho que essa é uma das coisas mais legais de fazer releituras: a forma como percebemos como nós mesmos mudamos, como nosso ponto de vista e perspectiva se alteraram e assim deram novos significados a leitura.

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    2. Sim! Esse é o bonito dos grandes livros (e até dos ruinzinhos que por alguma razão nos marcam).

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  4. Oi, tudo bem? Se eu não gostei da série Bridgerton, talvez eu goste do livro? Não sei se a adaptação foi fiel, por isso a pergunta

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    1. Oi, Coraline. Esse livro é o que ainda vai ser adaptado, vai ser a segunda temporada da série. Cada livro tem personagens e situações diferentes. Não sei exatamente o que você não gostou na série, mas ela não é 100% fiel, não. Há vários personagens, núcleos inteiros que foram criados para a série que não existem no livro. Se for uma questão de certos personagens, é possível que você goste mais do livro. Se for de estilo e humor, a série captura bem a voz da Quinn. O livro tem menos plots melodramáticos, como o lance da chantagem do Nigel, e nada de rainha Charlotte.

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