21 de agosto de 2019
O Resumo da Ópera - Pilhas de Livros para Todos os Lados
Semestre passado foi bem complicado e contraditório. Do tipo, parece que passou a galope e ao mesmo tempo durou dez anos inteiros, com dias em que tudo o que queria era sumir do mapa e dizer adeus à humanidade.
Não parece que a coisa tenha melhorado muito nesse segundo semestre - na verdade, a tendência tem sido piorar. Dei um tempo em assistir o noticiário, porque é tanta notícia negativa que a gente nem sabe mais por onde começar. Nesse contexto, meu ritmo de leitura também sofreu - o que é curioso, porque a literatura normalmente é minha válvula de escape para tempos difíceis. Mesmo escrever tá um exercício de dar murro em ponto de faca: que importância tem resenhar romances quando o país está, literalmente pegando fogo?
Mas ler - refletir sobre o que se lê e, de fato, até rir com as histórias que vamos consumindo - não deixa de ser também um ato de resistência a tempos tão infames. E assim, aqui tem uma pilha de livros que li, gostei e agora venho cá compartilhar.
Guerra: o horror da guerra e seu legado, de Ian Morris
Quando terminei esse livro fiquei me perguntando porque ele não podia ter sido escrito uns doze anos atrás, a tempo de tê-lo conhecido para escrever meu TCC. A despeito do ‘horror’ no título, a tese central de Morris é que, a médio e longo prazo, a guerra é benéfica. Não uma guerra total e há um limite na equação de custo-benefício; mas a ideia é que, ao fazer guerra, os Estados se tornam maiores e mais organizados, o que dá mais segurança à sociedade.
É um argumento polêmico, mas a forma como o historiador desenvolve o livro é muito interessante, começando da Idade da Pedra e investigando percentuais de mortes violentas e sua relação com governos instituídos (e belicosos) ao longo da História. Eu concordo com ele e Hobbes que, deixado à sua vontade, o homem não é um ‘bom’ e pacífico selvagem: o Estado organizado (e o arcabouço de leis e repressão) é necessário para que exista civilização. Sem o Leviatã, mergulhamos no caos. Mais difícil já é apoiar a ideia de que conflitos armados sejam a solução para o progresso e desenvolvimento social. Ainda que Morris tente diferenciar entre guerras ‘produtivas’ e ‘improdutivas’.
O custo moral da guerra é sempre impalatável. As justificativas para sua declaração podem parecer sólidas à primeira vista, mas costumam esconder por trás de belas palavras, uma voracidade por mais influência e recursos. A repressão interna de violência não pode ser o único filtro pelo qual consideramos uma sociedade ‘avançada’ - por esse critério, a URSS de Stálin e a Alemanha de Hitler seriam paraísos na terra. Tampouco se poderia creditar o processo de colonização do resto do mundo pela Europa como algo positivo (positivo terá sido apenas para os grupos que delas se beneficiaram diretamente. Os colonizados certamente não concordariam com tal ponto de vista…). O horror da guerra e seu legado é um livro fascinante, com uma sólida pesquisa e bem escrito - uma daquelas leituras que te prendem às páginas do começo ao fim. Suas conclusões, porém, deixam a desejar. Contraditório, eu sei. Mas apreciar uma boa narrativa (e Morris sabe criar essa narrativa) não significa que você queira vivê-la.
Romancista como vocação, de Haruki Murakami
Ano passado li meu primeiro livro do Murakami, o Do que eu falo quando eu falo de corrida e gostei bastante. Como ando numa época de ler mais não-ficção que ficção, não cheguei a ir atrás dos romances do autor, mas fiquei bem interessada nesse Romancista como vocação. Calhou de uma amiga tê-lo e aí, pedi emprestado. Obrigada, Monique!
Vou dizer que nem olhei a sinopse antes de começar a ler. Só o que prestei atenção foi ao título e, por isso, fiquei com a certeza de que se tratava de mais um volume de crítica literária para meu repertório (tô ficando meio vidrada nisso…) ou talvez um ‘manual do escritor’. E aí, vamos combinar, quem presume acaba muitas vezes desapontado. Não direi que desgostei do livro, mas minhas expectativas certamente foram frustradas.
Romancista como vocação tem muito mais de autobiografia que qualquer coisa parecida com um manual. É um livro interessante, num tom bastante intimista, e minha imagem do Murakami - que tinha se formado da leitura anterior - se consolidou como um mestre zen. Contudo, é um volume que indico mais para quem tenha curiosidade sobre a pessoa do autor do que suas técnicas ou reflexões mais gerais sobre literatura.
Como morrem os pobres e outros ensaios, de George Orwell
A despeito da importância histórica, política e literária de 1984 e A Revolução dos Bichos, não tinha lido nada do Orwell até pegar alguns volumes de ensaios do autor - primeiro, o extraordinariamente lúcido e tristemente atual O que fascismo e já esse ano, o Como morrem os pobres. Os citados clássicos estão na minha lista, mas a vida já tem andado tão carregada, que ando a fugir de distopias e histórias com finais infelizes. Ainda vou lê-los, mas enquanto isso, ficamos com os ensaios.
Sou uma fã incondicional desse gênero. Ensaios podem ser grandes ou curtos, mas sempre têm um elemento muito pessoal - afinal, a maioria das pessoas não argumenta pelo simples prazer de ouvir a própria voz (há, claro, exceções). Ensaios trazem um ponto de vista, a defesa de uma ideia, uma análise por natureza bastante reflexiva sobre alguma coisa. Podem ser sobre temas tão díspares como abrigos para sem-teto, pacifismo e a utilização da cultura como instrumento de dominação - todos temas que aparecem nessa coletânea.
Orwell era um cara que vivia seus ideias e buscava realmente compreender o que estava defendendo. O livro começa justamente com suas experiências em andanças pelos abrigos para ‘vagabundos’ na Inglaterra, no trabalho sazonal nos campos pelo interior, e de um hospital público francês, onde foi deixado praticamente à míngua - sendo um relato vívido e cruel da forma como o Estado trata aqueles que estão às margens da sociedade. Para além da coragem de sofrer na pele para compreender sobre o que escrevia, o talento literário de Orwell é inegável: seu olhar é profundo e não se furta a cortar na própria carne.
Um Teto Todo Seu, de Virginia Woolf
Reli esse ano Um Teto Todo Seu numa nova edição, com posfácio da crítica Noemi Jaffe, aproveitando a deixa do artigo sobre livros de crítica literária que escrevi no aniversário do blog. Cheguei à conclusão de que minha memória não fazia jus ao quanto esse livro - que é a junção de duas palestras dadas em escolas femininas de Cambridge em 1928 - foi uma influência pra mim, especialmente na minha vontade de escrever, que terminou sendo a força motriz para criação do Coruja.
Para falar àquelas mulheres, que começavam a ter o direito ao ensino superior, Woolf incorpora uma personagem que, visitando Oxford, primeiro nota as diferenças entre o acesso de alunos e alunas em suas respectivas universidades: aos homens, é facultado frequentar os grandes e mais prestigiosos colégios, a caminhar pelos gramados verdes e visitar a biblioteca. Às mulheres, resta uma faculdade pequena e pobre, que sobrevive com esforço, sem louças finas, lautos jantares e jardins frondosos. Considerando que boa parte da verba dessas faculdades vem de doações de ex-alunos, não é uma surpresa que o prédio dedicado aos estudos femininos tenha dividendos menores. Daí, a autora volta a Londres e decide pesquisar no Museu Britânico - espaço mais democrático que as bibliotecas oxfordianas - sobre o que já se escreveu sobre o universo feminino... e descobre que há um excesso de fontes de pesquisa. Curiosamente, contudo, todo o material que ela encontra foi escrito por homens - e homens que são de opinião quase universal de que a mulher é um ser, naturalmente, inferior a eles. Inclusive em talento literário.
É a partir dessa premissa que Woolf desenvolve seu argumento de que, sem um espaço próprio particular - o teto todo seu do título - e alguma independência financeira, não é possível ser criativo. E, como no contexto da época, raras eram as mulheres que somavam esses dois critérios, explica-se o fato de haver tão poucas autoras conhecidas nos meios literários, em contraste com a verdadeira verborragia do sexo masculino. A pena ferina de Woolf passeia pela luta por direitos (estamos em tempos de sufragistas e claro, há toda a questão do acesso à educação) e por uma cultura de ressentimento que atinge tanto as mulheres escritoras (que estão sempre gritando para se fazerem ouvidas) como os homens autores (incomodados com o avanço feminino em suas tradicionais esferas de influência). É uma leitura a um tempo deliciosa, instigante e incômoda, que permanece válida a despeito de todas os direitos conquistados desde sua publicação.
Breves Respostas para Grandes Questões, de Stephen Hawking
Estava de olho grande nesse livro acho que desde que ele foi lançado. Nunca li nada do Hawking, mas tinha curiosidade de conhecer um pouco do trabalho dele, e a premissa de Breves Respostas para Grandes Questões pareceu-me bastante propícia para uma introdução. Devo confessar, contudo, que quando peguei-o em mãos, de primeira a única coisa em que consegui prestar atenção foi a capa: caramba, mas que projeto gráfico bonito! Capa dura, com um efeito de brilho bem sutil, deixou-me, francamente, apaixonada.
A despeito do ditado popular, o coração da obra é tão interessante quanto a capa. Cada capítulo é um pequeno ensaio sobre alguma questão proposta a Hawking, perguntas que vão desde as mais existenciais - Deus existe? - até as mais técnicas - o que há dentro de um buraco negro? -, com respostas não apenas bem construídas, compreensíveis, como permeadas por um senso de humor que me impressionou. Difícil, afinal, não se impressionar com a curiosidade, a sede de viver e jovialidade de uma pessoa que passou boa parte da vida de forma tão limitada.
Não vou dizer que fui capaz de compreender tudo: nunca fui uma boa aluna de exatas e me falta o arcabouço técnico para acompanhar algumas das explicações de física quântica e teoria da relatividade. Mas isso não impediu meu entendimento nos termos gerais de cada capítulo. De toda forma, há bastante material para refletir sobre questões éticas e morais - algo mais da minha seara. Os capítulos sobre nossa sobrevivência no planeta diante de nossa insustentabilidade como espécie; engenharia genética e inteligência artificial me deram combustível para várias elucubrações…
Ao final, fiquei com vontade de conhecer mais do Hawking. E lá vamos para a lista de desejados de novo...
Romance das Origens, Origens do Romance, de Marthe Robert
Ganhei esse livro de presente e, de cara quando abri o envelope, olhei para o título, o título olhou para mim e tive de começar a ler imediatamente. Mais um volume de crítica para a estante e mais um tanto de referências com que construir minha própria crítica.
Diferente de outros livros que já recomendei cá no blog sobre o assunto, não indico a obra de Marthe Robert para leigos. O texto é denso, bem teórico e há muita informação cruzada com psicanálise (e eu, que tenho vários pés atrás com Freud, precisei manter a mente aberta no assunto). Ainda assim, achei muito interessante a maneira como Robert trabalha a ideia dos ramos romanescos, divididos em duas categorias: a Criança Perdida e o Bastardo, ligados aos conflitos de identidade do personagem, tendo o Robinson Crusoé de Defoe e o Dom Quixote de Saavedra como seus paradigmas.
Essa divisão vem de Freud e seu estudo O romance familiar dos neuróticos, no qual se argumenta que ao se decepcionar com a figura imperfeita dos pais, a criança fabricará sua identidade inventando para si uma família substituta. Em primeiro lugar, se considerará perdida, órfã, criada por si mesma - encontrando assim uma razão para o sentimento de estranheza causada pelos pais. Em segundo lugar, será bastarda, cujo mistério do nascimento esconde suas origens nobres: ela constrói para si uma genealogia de deuses e reis (e achei muito a propósito que Napoleão tenha sido usado para explicar esse conceito).
De novo, não é um texto fácil, mas tem análises muito interessantes. Além de Defoe e Saavedra, Robert investiga figuras como Balzac e Flaubert, no processo explorando a necessidade que o ser humano tem de contar histórias.
Objetos Sobrenaturais - Histórias Reais e Artefatos Sombrios, de Stacey Graham
Na hora em que bati o olho na capa e no título desse livro, fiquei curiosa para lê-lo. Depois dei uma olhada na sinopse, e minha impressão geral foi a de um livro sobre lendas, folclore e alguma coisa de caça-fantasmas.
A parte caça-fantasmas é a que abre o volume, explicando em termos gerais o vocabulário sobrenatural (finalmente entendi o que são poltergeists), bem como maneiras pelas quais você pode adquirir seus próprios objetos assombrados, como reconhecê-los, os motivos para que eles carreguem ecos de seus antigos donos consigo. Daí se seguem capítulos com histórias reais e variadas de bonecos, ossos, tumbas, navios e cidades inteiras com seus próprios fantasmas. Tudo isso numa prosa simples, bem-humorada (algo surpreendente considerando o tema) e repleta de detalhes macabros.
Sou do tipo ‘no creo en brujas, pero que las hay, las hay’, então não comentarei sobre o quão crível são as histórias de assombrações aqui apresentadas. O que me prendeu a atenção, contudo, foi quantas ideias para contos o livro me deu em apenas algumas páginas (eu anotei várias no meu caderninho…). Se você acredita em fantasmas e pretende começar sua própria coleção de objetos assombrados; já tem um fantasma camarada na sua cola e precisa descobrir como se livrar dele; quer escolher seu próximo destino de férias levando em consideração quão assombrado são os arredores; ou precisa de um material de pesquisa para escrever suas próprias histórias de horror, Objetos Sobrenaturais foi feito sob medida para você.
The Weaver Takes a Wife, de Sheri Cobb South
Deu para perceber pelos títulos acima que a maior parte das minhas leituras no primeiro semestre foram livros de não-ficção, não é verdade? Não sei explicar o motivo, mas tem sido mais fácil nos últimos tempos devorar livros de História, biografias e crítica literária; ficção tem me feito empacar feito mula teimosa no meio da estrada… Mas, uma vez que pegue no tranco, a leitura flui que é uma beleza - que foi o que aconteceu com esse título aqui.
Fui atrás de The Weaver Takes a Wife por uma indicação da Julia Quinn - acho que algum comentário que ela fez no facebook ou no twitter, não consigo lembrar agora. A capa era tão ridiculamente fofa que me conquistou no ato: peguei no kindle, li o primeiro capítulo e… passei três meses para conseguir continuar. Mas, quando o fiz, quase varei a noite para chegar ao final - o que prova que o problema não era o livro, mas meu humor mesmo.
Enfim… A trama é totalmente inverossímil, mas hilária. Lady Helen Radney é uma das mais belas e mais megeras damas da sociedade inglesa. Filha de um duque, pode escolher à vontade com quem irá se casar… ou assim seria, não fosse o fato de o pai ter arruinado a fortuna da família no jogo, e sua beleza ter conquistado à primeira vista o coração de Ethan Brundy, um dos homens mais ricos do país, dono de uma fábrica têxtil. Brundy, que começou a vida como um órfão de origens desconhecidas e acabou adotado pelo dono da fábrica em que trabalhava, não se encaixa de fato na alta sociedade que o recebe por seus bolsos - mas perante a realidade de ruína financeira, o duque acha perfeitamente razoável casar a filha de olho no pagamento de suas dívidas.
O texto é bem humorado, tem um certo quê de ‘megera domada’, é uma leitura leve e ótima para aquelas fases de ressaca com a vida que resultam de uma dieta reforçada de noticiário diário. Não chega a ser tão trabalhado quanto romances da Quinn e da Kleypas - duas autoras de época que sabem recriar bem o universo regencial - mas vale pela diversão.
The Unexpected Duchess, de Valerie Bowman
Após terminar a leitura de The Weaver Takes a Wife e me lembrar de como romances de época água-com-açúcar me fazem rir, pensei se deveria reler algum dos meus favoritos da Quinn ou da Kleypas, ou talvez me enveredar por uma nova autora do gênero. Valerie Bowman me foi sugerida pela ferramenta de indicações do Goodreads, mas o nome já me era vagamente familiar - acho que de algum artigo ou lista que li sobre o gênero. Seja como for, dei de ombros, e fui atrás do primeiro volume da série playful brides e foi assim que cheguei a The Unexpected Duchess.
Lorde Derek Hunt volta do Continente para Londres (lembremos que estamos em meio às guerras napoleônicas) decidido a cumprir a promessa que fez ao melhor amigo em seu leito de morte: casar-se com a tímida e gentil Cassandra. Exceto que Cassandra não tem interesse em se casar, mesmo porque, ela já está apaixonada pelo referido amigo de Lorde Derek - ainda que ele seja noivo e, bem, continue em seu leito de morte (pense num agonizante longevo…). Infelizmente para Cassandra, seus pais estão decididos a responder ao interesse de Lorde Derek, e sua timidez dificulta uma necessária conversa para esclarecer os fatos. Entra em cena Lady Lucy Upton, melhor amiga de Cassandra, sem papas na língua e perfeitamente capaz de dizer ao nosso herói que ele vá procurar uma noiva em outra freguesia. Mesmo que para isso ela tenha de citar linhas pelas costas de Cassandra, quase como uma Cyrano de Bergerac em saias.
Primeira observação que deve ser feita: não leia esse livro em público. Ou se estiver comendo ou bebendo alguma coisa. É alta a probabilidade de você dar estrondosas gargalhadas, engasgar e até morrer sufocando de rir. Os embates verbais do casal de protagonistas são hilariantes. Fora que os planos cada vez mais mirabolantes da Lucy para ajudar a amiga Cassandra a rejeitar Derek como pretendente me fizeram pensar nos esquemas infalíveis do Cebolinha de A Turma da Mônica - para não dizer nada do fato de que Cassandra não é tão ingênua e quietinha quanto aparenta.
Lenora, de Edgar Allan Poe, ilustrado por Juliana Fiorese
Adaptação em quadrinhos pela Juliana Fiorese do poema Lenore, de Edgar Allan Poe, esse foi o terceiro projeto da artista que apoiei pelo Catarse e não tinha como ter ficado mais satisfeita com o resultado final. Do livro - cujo projeto gráfico é uma lindeza que só vendo, com o desenho tão característico da Fiorese - às recompensas, tudo é feito com óbvio esmero e carinho.
O poema vem acompanhado de notas sobre Poe, o processo de tradução (que, por sinal, ficou excelente) e de criação visual. É um trabalho muito interessante, rico em detalhes, que faz muito jus ao texto original - do poeta que chora a morte da jovem amada e se consola ao final com a promessa do paraíso (algo que me faz lembrar um pouco da Beatrice de Dante), e que ecoa os versos mais conhecidos de O Corvo.
É engraçado que, como leitora, não penso muito na cadeia de produção ao comprar um livro na livraria, mas ao participar de um projeto de financiamento coletivo como esse, fica a ideia do ‘fiz parte dessa história, eu realmente ajudei a transformar isso em realidade’. É uma sensação gostosa que te aproxima do autor/artista e torna o livro especial pra ti. Fora que, apoiando o projeto no início, a gente recebe um monte de mimos extras - tem imãs, postais, adesivos, um mini-pôster e, claro, os marcadores de livro! Eu, que sou uma colecionadora de marcadores, fiquei apaixonada pelos que acompanharam o livro.
Em todos os aspectos, Lenora é uma pequena obra de arte para ter na estante, e se perder tanto no ritmo dos versos originais, quanto no belo traço da artista.
Perpétua dos Milagres e o Rei Cavalo, de Fernanda Castro
Já conhecia vários dos contos dessa coletânea da newsletter Destinos Traçados, que a Fernanda, do The Bookworm Scientist, envia de vez em quando. Mas foi tão prazeroso lê-los assim, juntinhos, em livro! Fora que tinha história inédita, como o conto que dá nome a coletânea, e que é de uma delicadeza simples que não apenas me tocou, mas me transportou para a porta da casa da minha avó em noites de ouvir ‘estórias de trancoso’.
É uma coleção bem eclética de histórias, com direito a chupa-cabra (outro dos meus contos favoritos!), encontros e desencontros amorosos, o cotidiano prosaico de vizinhos, viagens, bailes… tudo isso com humor, passeando por gêneros sem grandes neuras, e recheado de referências cruzadas.
Minha impressão final do livro foi de uma cozinheira experimentando temperos e misturas, saindo da zona de conforto e se divertindo com isso. Leitura rápida (pouco mais de sessenta páginas no kindle), mas bem saborosa.
A Coruja
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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
ResponderExcluirThis is lovely. keep it up.This is so lovely.
Sobre o romance de banca... Estou rolando de rir só de ler sua resenha.
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