27 de julho de 2021
A Vertigem das Listas: Dez Contos que nos Trazem Conforto
Lulu: No último ano e meio acho que, mais do que nunca, histórias foram um dos meus santuários. Histórias que confortam, que servem de refúgio, que me permitem fugir um pouco à realidade; histórias que nos fazem lembrar do que a humanidade tem de melhor a oferecer, que nos ajudam a ter esperança.
Talvez por isso mesmo eu tenha feito tantas releituras nos últimos meses…
Enfim, inspirada nessa ideia, o tema do vertigem desse mês são Dez Histórias que nos Confortam. Pense nessas histórias como… uma xícara da bebida quente de sua preferência, num dia de chuva e frio em que você não tem nada para fazer além de ficar em casa, quando você pode se aconchegar com elas e esquecer das obrigações, notícias, do mundo que está sempre te puxando em todas as direções possíveis.
Essa imagem costuma ser meu refúgio mental para dias de estresse. E essas são as histórias que me acompanham quando preciso dessa fuga.
(Antes que eu me esqueça… Isinha está extremamente enrolada organizando as coisas para voltar ao Brasil agora no começo de agosto, de forma que a lista do vertigem desse mês ficou só com as minhas escolhas. Agosto, esperançosamente, voltamos à programação normal).
1. Um dos meus livros favoritos da vida foi adaptado numa série que também se tornou uma favorita - e adicionou personagens e cenas inteiras que foram um presente pra mim. Estou falando de Belas Maldições, escrito em conjunto por Terry Pratchett e Neil Gaiman; e que o Neil ajudou a produzir honrando um dos últimos pedidos do Terry antes dele morrer. É um tanto hilário que uma história que trata do Apocalipse seja um conforto tão grande, mas para além do humor bastante típico dos autores, os personagens de Aziraphale e Crowley não falham em me deixar muito, muito feliz. Talvez mais que o enredo em si, a evolução do relacionamento dos dois personagens, ao longo de seis mil anos de suposta inimizade em que eles têm apenas um ao outro no mundo me dá uma estranha vontade de sair por aí apertando bochechas.
Não peçam para eu explicar esse sentimento. Não tenho palavras suficientes para isso.
Recentemente foi confirmado que a série inspirada em Belas Maldições vai ter uma segunda temporada. Mais Crowley e Aziraphale! Tem muita gente que está meio que com pé atrás, vez que o enredo do livro original foi todo utilizado na primeira temporada… mas prefiro acreditar em tio Neil e ficar aqui na expectativa.do chalé em South Downs.
2. Reler Austen sempre me dá um quentinho no coração. Qualquer um dos romances dela, ou mesmo as adaptações. Amo rever o filme de Razão e Sensibilidade de 1995 e a série de Orgulho e Preconceito do mesmo ano. Esse ano reli A Abadia de Northanger e entre a ingenuidade de Miss Morland e o humor de Mr. Tilney, foi uma ideia maravilhosa para lidar com algumas tristezas. Desconfio que uma releitura de Persuasão também esteja à vista muito em breve. E de Orgulho e Preconceito também, visto ter me dado de presente a nova (linda!) edição da Antofágica e quero ver como ficou a tradução e os extras que vieram nela...
3. Sei que tem gente que não gosta… mas O Pequeno Príncipe é um daqueles livros que estou lendo e relendo praticamente desde que aprendi a ler, e há algo de bálsamo nessa história que me toca e me acolhe. É um livro cujas lições sempre me vêm à mente quando tenho de lidar com uma perda, e me presta enorme consolo.
4. Estou com O Castelo Animado aqui na minha frente e ele deve ser uma das minhas releituras desse ano. Perdi a conta de quantas vezes assisti a adaptação da Ghibli também. É engraçado porque, embora tenham essencialmente os mesmos personagens, são histórias diferentes, mas amo ambas incondicionalmente. Há algo na competência rabugenta de Sophie e no narcisismo medroso de Howl que me fisgam desde que tive o primeiro contato com a obra. Eles não falham em me deixar com um sorriso no rosto.
5. Falando em personagens rabugentas… eu não poderia esquecer de Mary Lennox e todo o elenco de O Jardim Secreto que é outra história que me leva das lágrimas ao riso e pela qual sempre me sinto abraçada quando retorno a ela. Amo demais.
6. Meu primeiro contato com A Princesa Prometida se deu, claro, pelo filme, em inúmeras Sessões da Tarde. Toda vez que esse filme passava na TV, eu parava tudo para assisti-lo. O livro veio mais tarde, mas tornou-se tão querido quanto o filme (do qual tenho o DVD para dias melancólicos. Nunca falha em me tirar sorrisos).
7. Honestamente, eu perdi a conta de quantas vezes eu vi e revi os filmes de O Senhor dos Anéis. Fiz várias releituras dos livros também, e tenho um enorme carinho pela trilogia e tudo o que vem antes; mas acho que a recriação da Terra-média nas telas me inspira uma incrível sensação de conforto. Gosto de fugir para o mundo criado pelo Tolkien, e recriado magistralmente pelo Jackson. Enfim, pelos livros, ou pelos filmes, SdA inspira, acolhe, e nos enche de esperança.
8. O belo O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo foi um dos livros que entrou recentemente na minha lista de “leituras para dias em que preciso de um abraço”. Não tem precisamente um enredo; é um livro ilustrado, com pequenas mensagens, óbvias, mas às vezes tão necessárias… Para manter na cabeceira sempre.
9. Não consigo escolher um único livro da série, de forma que coloco aqui todos os volumes de Discworld. A prosa do Pratchett é minha companheira há quase duas décadas e nunca me canso de retornar aos seus livros, aos personagens tão queridos. Pratchett é um daqueles autores que te faz gargalhar loucamente mesmo em lugares inconvenientes, que te faz refletir um bocado, mas que também te faz se sentir… visto. Compreendido. Talvez porque vários dos personagens principais da série sejam outsiders, fora do padrão. Há várias razões para eu começar todo ano lendo ou relendo um dos livros do Pratchett e a principal é está: Pratchett me faz ter esperança.
10. Terminando por hoje… não tenho como não retornar a The House in The Cerulean Sea. Sei que já falei um bocado dele aqui no blog, inclusive no vertigem, mas, olha, ele foi um dos melhores livros que li ano passado e um dos que mais me ajudou a lidar com a forma como nossas vidas viraram de ponta-cabeça após o início da pandemia. Ele tem uma mensagem tão absolutamente bacana de aceitação, de acolhimento, de superar preconceitos e ser fiel aos seus princípios… Tenho certeza que esse vai ser um daqueles livros que vou reler várias vezes ao longo da vida.
Então… acho que é isso. E vocês, meus caros? Quais são as histórias que confortam vocês, aquelas para as quais vocês fogem quando o mundo parece inóspito e aterrorizante (algo que, infelizmente, tem ocorrido com frequência)?
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