26 de maio de 2016

Lumos - Parte IV: A Saga Que Não Morrerá


No ano que vem comemoramos vinte anos da publicação do primeiro volume de Harry Potter. Nas vésperas desse marco, novidades têm surgido constantemente: uma trilogia original nos cinemas, a peça de teatro em Londres e a publicação de seu roteiro em livro, bem como as informações extras que estão sempre surgindo no Pottermore, aprofundando nosso conhecimento do mundo bruxo.

Em novembro deve estrear o primeiro filme inspirado em Animais Fantásticos e Onde Habitam. A história segue as aventuras de Newton Scamander, magizoologista, em uma viagem as Estados Unidos, na década de 20. Pela primeira vez temos mais que um breve vislumbre na comunidade mágica fora da Grã-Bretanha - inclusive, como forma de pavimentar o terreno para o filme, Rowling publicou quatro contos no Pottermore explicando a História da magia nos Estados Unidos.

As novas histórias renderam uma polêmica sobre apropriação cultural - com críticas de nativos indígenas ao uso de seu folclore e mitologia. Entendo a necessidade de preservar e proteger o patrimônio cultural de um povo, mas acho que entrar numa briga pelo assunto é contraproducente - seria bem mais interessante usar o interesse despertado para divulgar as histórias originais, ampliando o número de pessoas que as conhecem e assim agindo para que elas não caiam no esquecimento.

A não ser que o objetivo seja de fato restringir qualquer um que não pertença àquela cultura. Mas, bem, não sou uma especialista no assunto nem membro daquela comunidade, então posso estar falando uma grande besteira.

Seja como for, o pouco que temos até o momento sobre o filme nos revela um background tão sombrio quanto aquele que conhecemos da saga original. A sociedade bruxa americana parece ainda mais tensa e desconfiada que sua contraparte inglesa - o que faz sentido se você for pensar que o pano de fundo é a caçada de bruxos por gente que conhece suas vulnerabilidades.

Um pouco antes das telinhas, o trio original que acompanhamos nos livros chega aos palcos: em julho está prevista em Londres a estréia da peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, com roteiro escrito por Jack Thorne, com quem Rowling colaborou para desenvolver a história.

O oitavo capítulo da saga - que também será publicado em livro - segue não apenas Harry, mas também seu filho caçula, Albus, que tem de lidar com o legado de seu nome e da fama do pai. Não temos ainda muitos detalhes sobre a obra, mas estamos a contar os dias para colocar as mãos nesse volume (aqui no Brasil, a previsão de publicação é outubro).

É uma boa época, enfim, para ser um ‘pottermaníaco’. Ou potterhead, se preferir a nomenclatura.

No rastro de tanta coisa acontecendo, a pergunta que fazemos é… vinte anos é tempo suficiente para se tornar um clássico? Eu acredito que sim. Harry Potter é daquelas histórias que nos marcam, e que não apenas gostamos por nós mesmos, mas queremos compartilhar com todo mundo.

Muito do sucesso da saga vem dessa necessidade de compartilhar essa paixão, algo que foi possível porque, ao mesmo tempo, os computadores domésticos se tornaram mais acessíveis, bem como uma maior facilidade de conexão à internet. E aí surgiram as redes sociais… e em pouquíssimo tempo, não importa onde você estivesse, sempre haveria alguém com quem você conversar sobre Harry Potter.

Embora comunidades de fãs reunindo-se para falar de seu objeto de paixão não fosse uma novidade - vide a turma de Star Wars e Star Treck e o mais antigo fandom da história, os Holmesianos - a popularização da internet tornou essa construção e comunicação infinitamente mais fáceis.

Harry Potter tornou-se mais que um nicho, um amplo fenômeno cultural, mesmo antes de migrar para outras mídias. Sua força nunca dependeu dos filmes, diferente de outras sagas, que só se tornaram mundialmente conhecidas após serem adaptadas para a tela. Para muitas crianças, eles foram os primeiros livros que leram fora dos paradidáticos obrigatórios da escola - os primeiros livros que leram simplesmente por prazer.

Se nenhum outro elogio se pudesse ser feito a Rowling, ainda assim todas as homenagens lhe deviam ser prestadas: ela encorajou uma inteira geração a ler, uma geração que não parou mais de devorar livros após terminar As Relíquias da Morte.

Por todas essas razões (e também porque é praticamente uma máquina de fazer dinheiro), Harry Potter é um marco cultural. Vinte anos não são nada comparados a outros clássicos literários, mas ainda assim, é tempo suficiente para que percebamos que não há volta. A geração que primeiro acompanhou a publicação dos livros apresenta-os agora aos seus filhos e o encanto continua. E continuará ainda por muito tempo, enquanto formos capazes de levar pela imaginação.

O garoto-que-sobreviveu… da saga que não morrerá.

ALGUMAS FONTES

Pottermore
The Harry Potter Lexicon
The Leaky Cauldron
MuggleNet
Potterish
Fórum Science Fiction and Fantasy


A Coruja


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