29 de agosto de 2022
Projeto Agatha Christie: Morte nas Nuvens
— Pura esperteza — retrucou Japp. — E quanto à tal zarabatana que ele apresentou hoje, quem pode afirmar que é a mesma que comprou há dois anos atrás? A coisa toda me parece suspeitíssima. Não acho muito saudável alguém andar sempre às voltas com histórias de crime e detetives, imaginando tudo quanto é espécie de caso. Acaba metendo idéias na cabeça.
— Não há dúvida que um escritor tem que ter idéias na cabeça — concordou Poirot.
Publicado em 1935, primeiro nos Estados Unidos com o título de Death in the Air e logo depois no Reino Unido com o título original, Morte nas Nuvens foi um dos romances de Christie que mais me surpreendeu dos últimos que li (uma impressão que ficará até começar o próximo e descobrir que o tapete sumiu sob meus pés).
A ação começa de forma quase claustrofóbica: numa cabine de avião, entre França e Inglaterra, uma senhora é descoberta morta, não demorando a ficar claro que não se trata de algum mal súbito, mas assassinato - e dos mais estranhos, com direito a dardos e venenos misteriosos.
A vítima se revela uma conhecida agiota, que além de emprestar dinheiro a pessoas poderosas (e repletas de vícios), costumava tomar como garantia fatos que poderiam levar a chantagens. Razões para matá-la não faltavam e, entre os passageiros suspeitos no avião, há mais de um com interesses particulares sobre Madame Giselle.
(Lembrei-me, claro, de Charles Augustus Milverton, chantageador pelo qual Sherlock Holmes nutre profunda aversão).
Poirot é um dos passageiros do avião, voltando de férias e, num twist repleto de humor, torna-se o principal suspeito para o júri inicialmente formado na investigação. Ou, talvez devamos fazer ressalvas ao humor da situação, considerando que a principal razão para a suspeição do detetive é a xenofobia do júri convocado - aliás, questões de xenofobia e racismo aparecem em mais de um momento do romance, ao ponto de deixar o leitor desconfortável; uma questão que sublinhei por aqui já em mais de uma das histórias de Christie.
Seja como for, por orgulho profissional e para manter o próprio nome imaculado - ou talvez por já estar acostumado com o fato de que, toda vez que sai de férias, um crime ocorre próximo dele - Poirot passa a investigar o caso, contando com a ajuda de Jane Grey, passageira do mesmo avião. E, como é um romântico incurável, também aproveita o ensejo para dar uma de casamenteiro.
Não cheguei nem perto de descobrir o criminoso dessa vez (zero pontos para mim…), mas foi uma leitura bem satisfatória na construção do mistério. Vamos ao próximo!
Nota:
(de 1 a 5, sendo: 1 – Decepção; 2 – Mais ou Menos; 3 – Interessante; 4 – Recomendo; 5 – Merece Releitura)
Ficha Bibliográfica
Título: Morte nas Nuvens
Autor: Agatha Christie
Tradução: Henrique Guerra
Editora: L&PM
Ano: 2013
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