24 de agosto de 2022

A Vertigem das Listas: Dez Museus Favoritos


Lulu: Uma das coisas que mais gosto de fazer quando viajo é visitar museus, especialmente os interativos. Planejo dias inteiros em cima de passeios históricos e artísticos e acho que é sempre uma experiência muito legal as possibilidades de descoberta e deslumbramento que um bom museu traz.

Assim, decidi que para esse mês, compartilharemos no vertigem os nossos Dez Museus Favoritos (a conta final vai dar mais de dez, e ainda vai faltar um bocado do que eu queria colocar, mas vamos tentar). Vejamos o que vem por aí…

1. Começo pela minha própria cidade, com dois lugares que adoro: o Museu Cais do Sertão, e o Instituto Ricardo Brennand. O primeiro é todo interativo, e traz muito da cultura popular do sertanejo (o morador do sertão, não o gênero musical), com uma especial ênfase na trajetória do nosso Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Ele está numa área histórica, perto de outros pontos de interesse bem legais - como o Paço do Frevo e a Sinagoga Kahal Zur Israel (a primeira das Américas). Já o Instituto Ricardo Brennand é composto por um imenso parque de esculturas e museus em formato de castelo, abrigando coleções de obras de arte e armas do mundo inteiro que pertenceram a Ricardo Brennand. É um lugar fascinante, uma visita obrigatória para quem vem ao Recife.


2. Outro museu que adorei e que me deixou com uma lembrança fascinante é o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. A primeira vez que o visitei foi algumas semanas antes do incêndio, mas, felizmente, ele agora está de volta e decididamente vale conhecê-lo. Também se trata de um museu interativo, com um forte pendor para o audiovisual; algumas das instalações me emocionaram tanto que terminei chorando. A língua portuguesa tem um ritmo e uma poesia de que por vezes nos esquecemos - palavras que são tão próprias do nosso vocabulário sentimental que não existe equivalente traduzido. Esse museu nos faz lembrar da beleza do nosso portugues, e também de que a língua, como a cultura, é viva, evolui e se transforma - algo que é absolutamente necessário para a sua sobrevivência.


3. O Museu Belga dos Quadrinhos, em Bruxelas, não apenas tem uma exposição muito legal sobre a evolução dessa arte/tipo de narrativa, como também fica num prédio que por si só vale a visita: característico da Art Nouveau, e assinado pelo Victor Horta. É um lugar tão agradável que eu não me importaria de passar horas sentada lá dentro, mesmo se não tivesse tanta coisa legal para ver.


4. Meu interesse por histórias de conflito me levou a uma excursão pela Normandia - área de desembarque de tropas aliadas na Segunda Guerra - e, em especial, ao Memorial da Guerra em Caen. Esse lugar é de tirar o fôlego, de nos destruir emocionalmente em certos casos. Também é um museu em que você consegue interagir com as instalações e, em alguns momentos, ele te leva para dentro daquela realidade. Eu gostei muito da visita ao bunker do Churchill em Londres também, que tem uma pegada parecida, mas Caen é um lugar que me balançou mais do que eu imaginava que fosse acontecer.


5. Eu ia terminar usando minha quinta escolha para listar todas as casas museus de escritores que já visitei, mas vou deixar em aberto a possibilidade de fazer um vertigem inteiro sobre isso no futuro (ou talvez uma crônica para as Conversas Sobre o Tempo… deixa eu ir ali anotar no caderninho…). Assim, dividirei esse quinto item entre o Museu Nacional da Escócia e o Museu de Londres, que são ambos museus interativos superlegais, com direito a experiências com catapultas, a possibilidade de se fantasiar com roupas de época, raps usados para explicar a dominação romana e outras fantásticas atividades para descobrir e viver um pouco da História desses lugares. A última vez que estive no Museu de Londres em especial - 2018 - havia uma exposição sobre as sufragistas que, de novo, levou-me às lágrimas (curioso como meus museus favoritos tiveram o condão de me fazer chorar, não é mesmo?).



Ísis: Vixe. Será que consigo lembrar?

6. Museu do Sítio Arqueológico Lajeda da Soledade, em Mossoró-RN. Não é necessariamente um favorito, mas fui lá recentemente e no embalo já começo com ele. Achei legal que retrata a história do povo nordestino mesmo antes da pré-colonização… Possivelmente datando antes mesmo dos registros mais antigos da presença de humanos nas Américas. Como não dar importância a um registro desses? Foi triste ver que mal havia investimento ali, apesar de ser uma caminhada a céu aberto fantástica.


7. Vamos para o leste, na África, e visitamos o Museu do Cairo. Eu confesso que não lembro muito do museu em si, pois minha memória fixou principalmente na lá exposta pedra Roseta, responsável pelas primeiras traduções dos hieróglifos egípcios. Claro, existem também múmias de mais de mil anos, objetos de uma civilização tão avançada e tão antiga. Afora a escravidão abundante na época, admiro muito o Egito antigo, e lamento bastante a perda de tantas relíquias e, mais ainda, de tanto conhecimento devido ora ao tempo, ora à ganância humana.


Lulu: Um adendo: a Roseta que você viu lá é uma réplica. A original está no Museu Britânico e já a visitei mais de uma vez. Aliás, duas pedras que fiz questão de ir bater ponto em visitas a museus: a pedra de Roseta e o Código de Hamurábi no Louvre.

Ísis: 8. A próxima visita é em Xi'an, terra dos soldados terracota. A cidade em si é um quase um museu, dadas as construções antigas e algumas atrações que já duram séculos. É claro, porém, que a principal atração é o museu aberto da Tumba do Imperador Qin, mais conhecida como os Guerreiros Terracota. É uma área enorme e bastante interessante de se visitar, embora traga uma certa melancolia pois, assim como as Grandes Pirâmides, também foram saqueadas em algum momento histórico, queimadas e acho que até inundadas, mas estou incerta quanto à última. Ainda assim, apesar de já haver três sites de escavações, ainda há mais a ser descoberto por ali. Eu, pelo menos, fiquei super animada com a possiblidade de voltar depois de uma década e ver se acharam o imperador Qin, pois até então somente parte de sua sua escolta pós-morte foi desenterrada.

Xi’an é uma cidade muito linda, e ela ainda tem TODA a muralha que tradicionalmente circundavam as cidades antigas para a defesa das mesmas. É possível caminhar na muralha de Xi’an e dar voltas completas, sendo que cada uma corresponde a 14 km percorridos. Diferente da muralha da China, até mesmo pela extensão, a da cidade de Xi'an é bem "pavimentada" com pedras, e é fácil percorrê-la. Também é linda à noite, pois é iluminada em toda sua extensão.

Curiosidade, Xi’an é também a origem do macarrão biángbiáng, cujo duplo caractere é o mais complexo de todo a China. Olha só:


E ainda tem que escrever DUAS vezes, totalizando mais de 100 riscos! Não é mole, não! Bem, é mole, porque é um macarrão, né? XP

9. Museu aberto Little World. Aaaah…. As únicas coisas que não gosto desse lugar é que ele fica aberto por relativamente pouco tempo… e que, se usar meios públicos para chegar lá, perdemos uma hora de museu devido aos horários desencontrados. Dito isso, esse museu aberto cobre uma área de 1.23 milhões de m² e é preenchido por construções trazidas do mundo todo e remontadas ou replicadas ali. Acompanham na maioria dos casos vestimentas típicas da área para experimentar e bater fotos, e comidas ou produtos do local representado. Sei que já fui ao menos 6 vezes lá, pois é do lado (bem, norte) de Nagoya, em Aichi, e certamente iria a sétima, oitava etc. Da última vez um amigo me visitou e fizemos uma corrida para tentarmos vestir ao menos uma vestimenta de cada pavilhão (muitos têm mais de três opções). Foi um dos dias mais divertidos da minha vida.


10. Terminando a volta ao mundo, e voltando para a América Latina, eu não poderia deixar de mencionar Machu Picchu, uma das viagens mais fantásticas que já fiz nessa vida. A sabedoria dos incas há séculos atrás talvez rivalize a de civilizações milenares como a chinesa ou árabe. As estruturas das “ruínas” estavam de pé quando visitei por volta de 2000, sobrevivendo a grandes terremotos, sem qualquer liga como cimento… Era tudo na base do encaixe, tipo Lego (os japoneses também tinham técnicas assim). Macchu Picchu também gozava de um engenhoso sistema de irrigação, sistema esse que parece era comum no império Inca. Mais uma civilização e fonte de conhecimento que a avareza colonizadora exterminou… Ainda assim, vale a pena visitar, não só pela experiência, mas por tudo o que se aprende durante a viagem e acerca de nossos vizinhos passados admitidamente belicosos dado o padrão sul-americano pré-colonização.



Lulu: Confesso que me diverti escrevendo esse vertigem, a despeito das lágrimas em alguns casos… e queria ter colocado muitas outras opções na lista… enfim, quem sabe voltemos ao tema no futuro?

Mas e vocês? Quais seus museus favoritos? Ou os que sonham em visitar? Compartilhem conosco - quem sabe não entra num dos nossos futuros itinerários de viagem?


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