30 de novembro de 2021

Conversas Sobre o Tempo #08 - Aquele em que falamos um tanto melancolicamente de natal e memórias


Em menos de um mês será Natal. Piscamos o olho, e o ano chegou ao fim. Estamos agora naquelas últimas semanas em que tentamos lidar com o cansaço, o mundo de coisas que ainda há por fazer, listando e riscando novos itens todo dia.

Sempre acho um tanto curioso como chego ao final de dezembro absolutamente exausta e aí entra janeiro e algo parece resetar na minha cabeça e consigo respirar com mais facilidade. Não é porque terminei minha lista de afazeres (ela é como o tormento de Sísifo, sem fim, ad aeternum), ou porque tive tempo de descansar. Acho que é algo como um efeito placebo: um novo ano começa, renovam-se os prazos das coisas por fazer? Algo assim…

Mas antes que isso aconteça, é tempo de assistir de novo O Estranho Mundo de Jack enquanto confiro endereços e escrevo cartões de natal. Confiro a lista de presentes e vou atrás do que está faltando. Embrulhos, laços, fita durex. Músicas natalinas sem parar. Rabanada e panetone.

Sempre gostei desse período, porque é uma época de reencontros. Não importa quanto tempo você esteja sem falar com fulano ou sicrano, esse é um bom período para se reconectar. E, depois de tanto tempo de distanciamento (e ainda não temos certeza de quando poderemos de fato voltar a normalidade…), essa abertura é algo muito bom. Um respiro de alívio até.

Esse ano as coisas estão um pouco mais corridas que o normal porque meu pai deu um jeito no joelho (fissura no menisco). Passou o mês saindo de casa só para fisioterapia, de muletas - algo que para uma pessoa independente como ele, foi difícil de se acostumar. Ele que, sempre adorou dirigir, está tendo que deixar o transporte por minha conta… Enfim, semana passada fez uma artroscopia e está se recuperando bem - mas sem chance de poder viajar agora no fim do ano.

Então… não verei meus irmãos e sobrinhas esse ano. Nem vou para a casa de vó. Passar o Natal na casa dela, no interior, sempre fez parte das nossas tradições, e, de novo, não poderemos estar com ela. O mais complicado é que temos todos um senso de urgência em nossas interações com vó Arminda nos últimos tempos. O Alzheimer está avançando agora de uma maneira bastante perceptível, o que nos faz perguntar quanto tempo ainda estaremos presentes nas memórias dela. Quanto tempo até nos tornarmos desconhecidos?

Pensando bem, já faz algum tempo que o fim do ano tem sido mais melancólico que jubiloso por aqui. Ou talvez esse senso de melancolia seja algo normal a associar com a época quando deixamos a infância para trás? Porque, independente de qualquer outra coisa, há sim algo de agridoce nesse período de festas, algo que nos faz pensar nas coisas e pessoas que perdemos pelo caminho.

*suspiro*

Estou mais aleatória que o normal hoje, não é?

Bem, como a nossa próxima conversa provavelmente virá após o Natal (ou talvez eu adiante as coisas, pensarei sobre essa possibilidade), despeço-me com votos de que vocês possam passar as festas com as pessoas que vocês amam; criando algumas boas memórias para dias vindouros. E que possamos esperar com mais esperança pelo ano que se avizinha...

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No Escaninho. Alguns dos links interessantes que passaram aqui pelo QG foram esse artigo sobre a Londres de Agatha Christie - que salvei, claro, para planejar alguma futura viagem -, e também um sobre as razões de lermos histórias de crimes no natal - dois posts que têm muito a ver com meu projeto de leitura dos romances da Rainha do Crime…

Para quem gosta de refletir sobre arquétipos típicos das nossas leituras, no Tor.com tem um ensaio bem interessante sobre a Fantasia do “Escolhido”. E, para os fãs de História, a BBC publicou uma matéria muito interessante sobre mapas e História Alternativa (confesso que sou muito fã de enredos que trazem versões alternativas da História como conhecemos).

Por fim, se você está atrás de cartões de natal para os bibliófilos da sua vida… aqui tem algumas ideias interessantes em que se inspirar.

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Previsão do Tempo para Hoje. Com um mês para o fim do ano, um tanto em compasso de espera e de esperança, a previsão do tempo de hoje é poética, direto dos versos de Emily Dickinson, em tradução livre:
"’Esperança’ é a coisa com penas
Que na alma se empoleira
E canta a melodia sem letra,
E nunca, mas nunca, cessa.

E com mais doçura faz-se ouvir na ventania;
E há de ser dura a tempestade
Que abata a ave
Que a tantos já aqueceu.

Eu a ouvi na terra mais fria
E no mar mais distante,
Mas nunca, mesmo nos momentos de desespero,
Ela pediu uma migalha de mim."



A Coruja


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