Com o solstício de hoje se inicia o inverno - e como fiz um post especial para o outono, decidi manter o padrão e fazer algo para o início de cada nova estação esse ano (talvez eu continue em anos vindouros, não sei ainda; engraçado que já tinha feito isso antes, em 2015, se alguém quiser mais indicações).

Gosto da ideia do inverno. Digo ideia porque não é como se o inverno fosse uma estação bem demarcada onde moro: aqui estamos entrando na temporada de chuvas; a temperatura até refresca um pouco, só que não é exatamente o que se associa a típica imagem invernal. Mas, ok, seja como for, troca estação.

Hoje teremos a mais longa noite do ano. Tempo de ficar em casa (bem, com a quarentena, tem de ficar em casa de toda forma mesmo...), com uma bebida quente, de andar de meia e se cobrir com uma manta quentinha, hibernando na companhia de um bom livro. Qualquer época é uma boa época para colocar as leituras em dia, mas o inverno combina particularmente com essa imagem, especialmente quando se trata de leituras mais introspectivas.

Escolhi um romance para esquentar o coração, uma incrível história de superação e tragédia e uma aventura cheia de intrigas e calafrios para compartilhar com vocês. Minhas recomendações de leituras invernais já ganharam resenhas anteriores aqui no blog - clicando no título vocês serão direcionados para elas.


No Reino do Gelo, de Hampton Sides
Perdi a conta de quantas vezes já indiquei esse livro, já dei de presente, já convenci outras pessoas a comprarem... Interessei-me por ele após um dos ensaios de Ex-libris: Confissões de uma Leitora Comum, mas era uma curiosidade meio aleatória, sem rumo certo. Seja como for, é uma leitura fascinante, de uma época em que o mundo ainda tinha espaços a serem descobertos.

No Reino do Gelo trata de expedição do USS Jeannette ao Polo Norte em 1879 e, embora todos os fatos e pessoas que aparecem no enredo sejam rigorosamente reais, Hampton Sides descreve tudo de forma vívida, dando um tom aventuresco e absorvente à narrativa. Há lances realmente cinematográficos - eu gostaria de ver um filme sobre essa história. Um não-ficção extremamente envolvente, que traz a paisagem do Ártico e o esforço de sobrevivência de homens ambiciosos e brilhantes.

Os Noivos do Inverno, de Christelle Dabos
Essa foi uma leitura recente e estou já com o segundo volume aqui para continuar, de tanto que gostei. As aventuras de Ophélie no Polo, seu relacionamento beligerante com Thorn, as intrigas que ela vai puxando do novelo de ilusões e mentiras em que se envolve, a própria construção de mundo que a Dabos vai cimentando aqui são intrigantes e me deixaram encantada.

É um livro de ritmo lento, para se perder em sutilezas, para se deixar mergulhar e absorver, para viajar em um universo riquíssimo. Uma excelente leitura para estação, como comprovado, inclusive do título (é, eu não resisti…).

Persuasão, de Jane Austen
Eu poderia indicar qualquer um dos romances da Austen para qualquer das estações do ano; na verdade, qualquer época ou motivo são bons para lê-la. Mas quando penso em inverno, o primeiro romance que me vem à mente é Persuasão. Digo isso porque, durante boa parte do enredo, Anne parece viver seu próprio inverno, um ocaso em que todos a diminuem ou não a enxergam - e ao final, chega a primavera e ela mesma desabrocha numa nova juventude.

De todos os livros da autora, Persuasão é o meu favorito: o mais melancólico, maduro e introspectivo. É uma história sobre erros do passado e segundas chances, sobre perder e encontrar a si mesmo, sobre orgulho ferido e também reencontros. Considero-o um como tendo um dos mais passionais casais que já vi, há algo de eletrizante na interação de Anne e o Capitão Wentworth, mesmo quando ele tenta ignorá-la.


A Coruja