1 de agosto de 2015
Desafio Corujesco 2015: Livro com Título mais Diferente || A Manobra do Rei dos Elfos
– Cruzes! – disse Goethe quando uma garrafa de borgonha, ainda arrolhada, estourou na sua nuca com tamanha violência que o baque foi sentido em todo o seu corpo.
Descobri esse livro na estante de algum amigo e fiquei curiosa com o título – curiosidade que aumentou quando vi a sinopse e descobri que a história não era o relato de algum lance estratégico do eterno conflito entre Oberon e Titania. Em vez disso, tinha a ver com Goethe, Napoleão, reis perdidos e encontrados, teoria da conspiração crítica literária feita de forma física e, por vezes, com punhos.
Como eu poderia resistir a isso?
A história em si é hilariantemente implausível. Goethe é chamado a participar de uma missão de resgate do príncipe Luís, delfim da França, filho de Luís XVI e Maria Antonieta, que aparentemente sobreviveu ao cativeiro após a Revolução – foi resgatado antes que pudesse ser assassinado e colocaram em seu lugar um outro rapaz, doente, que morreria pouco tempo depois, deixando assim o verdadeiro príncipe livre.
Só que Luís foi descoberto por informantes de Napoleão, que depois de persegui-lo por metade do mundo, afinal o capturou e espera agora apenas uma confirmação de sua identidade, dada por uma antiga babá, para meter uma bala em sua cabeça.
Para tanto, Goethe decide montar uma equipe de poetas sob medida para o trabalho – Friedrich Schiller, Heinrich von Kleist, Achim von Arnim, mais o geólogo Alexander von Humboldt, e a romântica Bettine Brentano –, afinal, ninguém poderia ser mais capacitado para uma missão de infiltração e subterfúgios que um bando de escritores cabeça quente que se identificam com o movimento Sturm und Drang ou, traduzido para o bom português, tempestade e ímpeto.
Sério, discrição e sutileza (e, pensando bem, pontualidade também) não são o forte desse grupo.
Eu me diverti bastante com o livro – e desconfio que se entendesse mais de literatura alemã, ele teria sido ainda mais curioso em suas referências. O ritmo é rápido e as cenas se desenrolam com facilidade.
Só não foi perfeito porque fiquei um pouco insatisfeita com o final. Acho que depois de ter vindo o tempo inteiro em tom de paródia, o ‘pé no freio’ que a ação leva quase nos últimos capítulos, tornando-se mais séria, fez com que eu estranhasse o roteiro.
Seja como for, A Manobra do Rei dos Elfos foi uma grata surpresa, uma leitura rápida e divertida, que funciona como uma boa aventura mesmo para quem não pega todas as referências.
Nota:
(de 1 a 5, sendo: 1 – Não Gostei; 2 – Mais ou Menos; 3 – Gostei; 4 – Gostei muito; 5 – Excelente)
Ficha Bibliográfica
Título: A Manobra do Rei dos Elfos
Autor: Robert Löhr
Tradução: Claudia Beck
Editora: Record
Ano: 2011
Número de páginas: 320
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A Coruja
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A idéia da equipe de infiltradores composta só por poetas alemães cabeça-quente é fantástica...lerei! E sugestão para "Livro com título mais diferente para Desafio 2016": The Rabbit Back Literature Society! (link: http://bit.ly/1N2GyJP )
ResponderExcluirEu RI com esse título... fui dar uma olhada e a sinopse me lembrou um pouco a série Thurday Next. Vou colocar na minha lista.
ExcluirEu realmente indico esse aqui, eu dei muita risada... queria entender mais de leitura alemã, acho que ia me divertir mais do que já o fiz na primeira leitura.
Querida, estou super mega hiper atrasada nos desafios desse ano, mas não desista de mim! Estou contigo até o final!!!!
ResponderExcluirAqui a resenha desse tema:
http://leiturasdelaura.blogspot.com.br/2015/09/depois-de-morrer-aconteceram-me-muitas.html
Desisto não, Laura! E ano que vem tem mais, já sabes, né? ;)
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