28 de outubro de 2014
360º: As Aventuras de Kolory na Grã-Bretanha || Parte IV ~ Vim Para Conquistar
Enfim, depois de uma semana batendo perna pela Escócia, chegamos eu e Kolory de volta a Londres. Nossa chegada foi sem maiores fanfarras, já que depois de um dia inteiro de viagem, eu só queria cair na cama e descansar meus pobres joelhos...
Sério, meu joelho esquerdo, que já me deu dor de cabeça antes, fez muitas reclamações por conta do número de escadarias e outras subidas íngremes que o forcei a tomar. Por sorte, eu tinha me lembrado de levar o tensor, que aliviou um pouco as dores e me permitiu continuar batendo perna – afinal de contas, descansar, só quando chegasse em casa...
Fiquei hospedada na região de Victoria, próxima à estação de trem, metrô e ônibus – uma posição estratégica vez que em meus planos havia uma rápida viagem a Oxford e seria também da estação que eu pegaria o trem expresso para o aeroporto de Gatwick, que é beeeeeem distante do centro de Londres.
Após uma noite sem sonhos – porque deitei e apaguei feito pedra – o dia seguinte começou cedo, pegando ônibus na frente da estação para ir à City, o centro financeiro de Londres. O dia começava frio, mas comparado ao clima na Escócia, nem precisei colocar casaco, só um cardigã fino era suficiente. As ruas eram um formigueiro de gente, o trânsito era pesado, mas uma coisa me impressionou em absoluto: prioridade para pedestres sempre e ninguém buzinando nem atravessando e cortando na frente de ninguém.
Para quem está acostumada com a (péssima) educação no trânsito em Recife, onde qualquer coisa é desculpa pra enfiar a mão na buzina e o pedestre não tem prioridade nem na faixa quando o sinal tá vermelho, é algo para deixar impressionado mesmo.
Aliás, questões de trânsito e transporte – em especial o transporte público – são das coisas que mais noto quando faço essas viagens e de que mais sinto falta quando volto pra casa. Um bom metrô que cortasse a cidade toda e não apenas passando por um ou outro ponto perdido do mapa é o meu sonho de consumo.
Mas mudemos de assunto e continuemos com minhas andanças. Minha primeira parada em minha primeira manhã livre em Londres foi o Leadenhall Market.
O Leadenhall Market data do século XIV, sendo um mercado coberto bem charmoso, não muito longe de Covent Garden – que talvez seja um dos mercados mais conhecidos da cidade. Mas, embora a arquitetura de Leadenhall certamente impressione, meu verdadeiro motivo para fazer questão de passar por aqui é que ele serviu de cenário para os filmes de Harry Potter – é o famoso Beco Diagonal. Tinha como não passar?
Ah, sim, não posso esquecer também... Quando vi que no caminho para Leadenhall Market eu passava por Gracechurch Street, eu não tinha como NÃO tirar uma foto da placa da rua. Afinal, é aqui que os Gardiner, tio de Jane e Lizzie Bennet de Orgulho e Preconceito moram! Uma rua de comerciantes, que Darcy e os Bingley desdenham ao começo do romance...
Continuando meu trajeto, entrando e saindo de uma loja cá e aqui... Cheguei na loja oficial da Twinings.
O chá é uma tradição londrina, de tal forma que o Twinings é quase que um patrimônio nacional. Além de ser um lugar interessante para fazer comprar de souvenires para os amigos que gostam da infusão, o Twinings na Strand também tem um museu sobre a história do chá. É pequeno, mas interessante. Melhor parte, claro, é a degustação gratuita de chá no balcão do museu. Vale pelo charme!
Da Strand, saí zanzando, subindo para Covent Garden e seguindo placas atrás de encontrar a Leiscester Square, onde eu encontraria minha próxima parada na lista de locais que eu queria visitar.
Se você, como eu, adora livros, não pode deixar de visitar a Cecil Court, a rua dos livreiros. Há dezenas de pequenas e charmosas livrarias, muitas delas especializadas em determinados segmentos – a Stephen Poole trabalha com literatura do século XIX e XX, com direito a primeiras edições e livros autografados; a Marchpane e Pleasures of Past Times enchem os olhos das crianças (incluindo aquelas que não cresceram); a Goldsboro Books é a principal livraria na Grã-Bretanha para ir atrás de primeiras edições (e minha versão autografada e numerada de O Oceano no Fim do Caminho veio daqui).
Para além disso, Cecil Court tem uma história extremamente rica. A rua primeiro foi aberta no século XVII e foi batizada em homenagem à família Cecil, que era dona da terra. Quem conhece um pouco da história elisabetana provavelmente achará o nome familiar – é só pensar em Robert Cecil, protegido de Sir Francis Walsingham, por sua própria parte um grande espião e estadista.
Em 1735, Elizabeth Calloway, dona de um pub na rua, fez um seguro de sua loja e depois colocou fogo em tudo – o fogo se espalhou, destruindo várias casas da vizinhança, mas por algum motivo Mrs. Calloway acabou por ser inocentada no júri. Esse não foi nem de longe o último crime cometido na região e há várias menções a Cecil Court em julgados antigos...
Em todo caso, após o incêndio, a rua – que é bem curtinha – foi reconstruída como parte de um projeto de revitalização que acabou por transformá-la no que é hoje: uma rua para leitores.
De Cecil Court eu saí feito barata tonta atrás de uma loja que estava no topo de prioridades da minha lista. Minha idéia era chegar lá antes do almoço, ficar de olhinhos brilhantes, encher o carrinho de compras e ir com folga para o teatro.
Mas eu me perdi. Eu estava com um mapinha mas não tinha o nome da rua (tisc, tisc pra Lulu) e como estava tendo obras na região e estava cheio de tapumes nalgumas esquinas eu terminei por passar direto e dar uma volta enorme até encontrar algum lugar onde eu pudesse me sentar, acessar o wi-fi e tentar me encontrar de novo.
Mas tudo bem, porque, perdendo-me, encontrei o Freeman!
Eu até tinha tentado conseguir ingressos para o Ricardo III do Martin Freeman, mas não tinha data pra mim... Uma pena porque eu gostaria muito de vê-lo ao vivo. Gosto do Freeman como ator e acredito que seu Ricardo seria a encarnação mais boca suja de todas as interpretações feitas da peça.
Mas, finalmente, depois de toda essa volta eu finalmente encontrei a Forbidden Planet, depois de ter passado dela mais de cinco quarteirões dando nó em mim mesma...
Anotem aí o endereço para não fazerem como eu: 179 Shaftesbury Avenue. Saindo de Leiscester Square, era só subir em reta – o que eu devia ter feito quando deixei Cecil Court, em vez de ficar me enfiando por ruazinhas diagonais cada vez mais esquisitas...
Quem chama a Forbidden Planet de paraíso da cultura nerd não está exagerando. De livros a toda espécie de colecionável que você puder imaginar, esse é o lugar para se perder por horas e babar em tudo o que queres levar pra casa.
Como eu me perdi e tinha horário para o teatro e estava quase que do outro lado da cidade, não pude me demorar tanto quanto gostaria aqui. Mas consegui completar a listinha de encomendas que tinha levado na bolsa e acabei por sair carregada de sacolas...
Dessa feita, em vez de ônibus – que eu estava priorizando – peguei o metrô para Southbank e fui beirando o Tâmisa, passando por gente de todo tipo no caminho.
Se fosse para escolher um lugar favorito em Londres, Southbank provavelmente estaria no topo da minha lista. Esse é um lugar aonde as pessoas vão para correr e para sentar na grama tomando sol e lendo um livro. Aonde se vai para comer ou beber alguma coisa, para ver e fazer arte, para admirar a fantástica vista da cidade ou praticar skate.
É um lugar para experimentar Londres – como turista ou como parte da cidade.
Enfim, depois de seguir uma reta ouvindo música, tomando sorvete, divertindo-me com os tipos que passavam pelo entorno, cheguei ao Globe para assistir Júlio César. Sim, fui ao teatro no começo da tarde. Como viajei sozinha dessa vez, não me confiava muito de pegar uma sessão à noite, sair de Southbank lá pras onze da noite e chegar ao hotel sabe-se lá que horas. Por isso, peguei uma sessão matinê e não me arrependo.
Ano passado fui ver Sonho de Uma Noite de Verão e ri como nunca o fiz simplesmente lendo a peça. Dessa feita, achava que estava mais preparada para o que me esperava, mas, mais uma vez, fui pega de surpresa.
Assistir uma peça é muito diferente de ler seu texto e mesmo de ver o filme. A interpretação dada pelos atores é algo que muda a nossa própria percepção de personagens, intenções e pensamentos.
Eu gosto muito – como já disse antes – do texto de Júlio César, em especial pela cena em que Brutus e em seguida Marco Antônio discursam para o povo. Essa cena fala muito bem sobre política e manipulação de massa e é uma gema da oratória.
O que eu não esperava era de repente me ver de olhos embaçados de lágrimas perante o luto de Marco Antônio. Esse luto nunca tinha me impressionado terrivelmente lendo o texto, mesmo porque o personagem me passava uma impressão de irresponsabilidade e leviandade. E, de fato, ele começa a peça bem leviano, caindo pelos cantos de bêbado... mas quando Marco Antônio se faz de humilde perante o Senado que ainda tem as mãos cobertas com o sangue de César e quando ele cai de joelhos frente à dor que sente junto ao corpo de César... sim, eu fiquei muito mais tocada do que jamais imaginei poderia ficar.
Que essa imersão na história seja feita sem ajuda de quaisquer efeitos especiais, sequer microfones – apenas a fantástica acústica do teatro (o que também me impressiona, visto que ele é aberto) – é um triunfo dos atores.
Preciso dar um jeito de ir mais ao teatro aqui no Recife também... Todas as minhas experiências com teatro foram inesquecíveis, ainda que muito esparsas.
Ainda era relativamente cedo quando a peça terminou, de forma que segui para Oxford Circus e fui descendo a Regent’s Street, admirando-me com a quantidade de pessoas na rua, olhando para as vitrines – e me diverti particularmente com a vitrine da Hamley’s, que é uma das maiores e mais antigas lojas de brinquedo da Grã-Bretanha e um caos de brinquedos e gargalhadas que passam dos seus cinco andares até a calçada –, desviando de um e outro turista mais empolgado para parar o trânsito todo a fim de tirar uma foto, até chegar em Piccadilly Circus.
Dali, continuando nossa odisseia por livrarias londrinas, vamos agora para a Waterstones Picadilly, considerada a maior livraria da Europa! São oito andares no total e se você não encontrar o livro que está procurando aqui, não sei mais onde pode achá-lo...
Dia seguinte começou cedo também, pegando o trem para chegar a Watford Junction, onde eu tinha os ingressos para o estúdio da Warner Brothers – para ser exata, o Making of Harry Potter.
É um lugar para os fãs da saga ficarem malucos. Cenários, figurinos, objetos, detalhes incríveis para deixar você de queixo caído. Mesmo para quem não é fã do bruxinho, mas gosta de cinema, é um lugar muito legal, porque você vai a fundo em questões de maquiagem, efeitos especiais e outras variações.
Como não poderia deixar de ser, experimentei Cerveja Amanteigada – que era uma das coisas que estava como prioridade para fazer nesse passeio. Aprovei: o gosto é diferente, não consegui precisar nada além da espuma que parece ser um chantilly mais cremoso, mas é gostoso.
Voltando dos estúdios, seguimos para Westminster e de longe deu para ouvir o Big Ben tocando duas badaladas.
Mas não era exatamente a praça do Parlamento que estava nos meus planos – afinal, fiz essa visita ano passado. Na minha lista, o destaque para a tarde era o Churchill War Rooms.
O Churchill War Rooms faz parte dos Museus Imperiais da Guerra, que faz referência aos períodos de conflito envolvendo a Grã-Bretanha desde a Primeira Guerra até os dias atuais. Como sou uma fã do Churchill e aproveitando o embalo de ter terminado de ler as memórias dele, decidi visitar este dentre os cinco que fazem parte da família.
O museu é na verdade o bunker original que abrigou Churchill e o resto de seu governo no período da Blitz – quando os alemães despejavam bombas e mais bombas sobre Londres. Não é muito longe da tradicional residência do Primeiro-Ministro, o número 10 da Downey Street (por onde também passei).
Eu obviamente me lembrei do último filme de James Bond, Skyfall, uma vez que o MI6 se muda para os túneis escavados junto ao bunker de Churchill após o atentado a sede original do Serviço Secreto...
Mas voltando ao Churchill War Rooms... sendo um bunker, ele fica no subsolo e há momentos em que senti-me meio claustrofóbica – não tanto pelo ambiente, mas ao imaginar a tensão que existia ali no período da guerra. Há salas, como a Sala dos Mapas, em que tudo está exatamente como ficou após o final da guerra, quando o lugar foi fechado.
Há reproduções de cenas com bonecos de cera; material multimídia e várias oportunidades de interagir com as informações que nos são dadas – algo que realmente adoro em museus históricos e que muito me impressionou.
Daqui atravessei a rua para o St. James Park, onde me sentei para comer um waffle e quase fui assaltada pelos esquilos, que só faltam pular no seu colo atrás de comida...
E segui adiante, agora para o Hyde Park, onde queria encontrar uma certa estátua... de brinde, sentei-me num banco junto ao rio Serpentine e fiquei rindo sozinha por conta de uma cena em The Viscount Who Loved Me da Julia Quinn que se passa exatamente naquele lugar...
Após descansar um pouco observando o rio, os jardins, os patos, marrecos e cisnes que nadavam por ali e as pessoas que volta e meia passavam pela trilha, segui para a última parada que estava programada no meu roteiro do dia: a estátua de Peter Pan.
Li Peter Pan esse ano e fiquei na cabeça de visitar a estátua. Não apenas por causa do Barrie (que, aliás, foi também citado quando estive em Edimburgo, já que ele era escocês!), mas também por que se faz referência a esse lugar em outra das minhas séries de fantasia favoritas: As Crônicas da Imaginarium Geographica.
Ainda fiquei zanzando pela cidade após sair do Hyde Park, mas o roteiro que eu tinha estabelecido para mim mesma que queria fazer em Londres nos dois dias que teria na cidade, eu tinha conseguido cumprir.
Só me restava agora cumprir mais uma etapa da minha excursão particular: Oxford.
Saí de Londres por volta das oito e meia no dia seguinte e cheguei a Oxford duas horas depois. Confesso que depois das paisagens majestosas da Escócia, a estrada entre Londres e Oxford não me impressionou tanto, mas os campos me pareceram certamente agradáveis.
Tendo descido na estação de ônibus, eu decidi pegar um City Sightseeing pra circular pela cidade – ou não chegaria até o final do dia em cima das minhas próprias pernas.
Independente de preparo físico, a verdade é que andei muito e passei um pouco da cota durante a viagem, tanto que cheguei em casa tendo dado um jeito no calcanhar... mas pra dar tempo de fazer tudo o que que queria fazer não dava para passar muito tempo sentada descansado. Os doze dias que passei fora foram quase que em constante movimento, mas cada minuto valeu à pena.
Seja como for, peguei a mini-excursão e comecei meu roteiro pessoal descendo na Alice’s Shop, em frente ao Christ Church College.
Essa é a parada Lewis Carroll do passeio. Charles Dodgson, que assumiu o pseudônimo citado, foi professor de matemática na Christ Church College. Alice Liddell, que inspirou a personagem de Alice nos livros, morava nas proximidades e costumava fazer compras na loja hoje chamada Alice’s Shop.
Tanto é assim que essa loja aparece em Através do Espelho, onde pertence à Dona Ovelha – Tenniel fez as ilustrações para o livro baseado no lugar.
Atravessando a rua da entrada do Christ Church College entramos por uma viela para encontrar o Pembroke College, onde J. R. R. Tolkien foi professor entre 1925 e 1945.
Almoçar e continuar em frente, dessa vez subindo por ruas comerciais até chegar à vizinhança da Igreja de Santa Maria Virgem (que é uma universidade, aliás). C. S. Lewis frequentava essa vizinhança – assistia missa aqui, inclusive – mas o que realmente importa para nós é a porta de um prédio de escritórios numa viela lateral.
Olhe para os detalhes da porta: o leão entalhado, o fauno nas colunas. E agora, pense em Lewis passando por essa porta e tendo a centelha de inspiração que viria a se transformar em Aslam, Mr. Tumnus e o Guarda-Roupa que estão por trás do início de As Crônicas de Nárnia!
Voltando um quarteirão, atravessando a rua, enfiando-se por ruelas estreitas, vamos agora achar o Merton College, onde Tolkien também ensinou, entre 1945 e 1959.
Mais uma volta, seguindo em frente – e por sorte não é tão difícil assim de se localizar em Oxford – vamos encontrar o Magdalen College, onde C.S.Lewis foi professor e, segundo o guia do ônibus, também teve por aluno o Oscar Wilde.
Atravessando a rua, estamos no Jardim Botânico – o primeiro do gênero na Grã-Bretanha e um lugar favorito de Tolkien para caminhadas.
Mas o topo na cereja do bolo – ao menos para mim – foi ir sentar no banco de Lyra e Will. Os leitores de Fronteiras do Universo certamente se lembrarão do final de partir corações, quando Lyra e Will combinam de uma vez por ano, sempre no mesmo horário, cada um em seu mundo sentar-se naquele banco, na sua Oxford, e lembrar do outro.
Passei quinze minutos de tocaia, de longe, esperando o casal que estava sentado no banco sair para poder correr e me sentar no bendito. Sim, eu sou maluca, mas nunca disse que não era. O fato é que o livro – e a cena em específico em que aparece esse banco – me marcaram e eu simplesmente não podia deixar de passar por aqui e me encantar com a história que me passava pela cabeça e com o lugar em si.
Independente do bendito banco, o Jardim Botânico é um lugar muito, muito agradável e passei um bom tempo ali, sentada na sombra, sorrindo comigo mesma pensando em tudo o que tinha tido oportunidade de ver durante essa viagem.
Continuando para o próximo ponto do roteiro! Descer do ônibus em frente a Blackwell, livraria famosa em Oxford, que existe desde 1879, tendo sido cenário de livros, como os do Inspetor Morse. Basil Blackwell, um de seus proprietários, foi o primeiro editor a publicar Tolkien!
Atravessando a rua vamos para a Biblioteca Bodleiana, a principal biblioteca de Oxford, uma das mais antigas e belas da Europa.
Eu não tirei foto da parte da biblioteca mesmo – a Duke Humfrey’s Library, com seus livros acorrentados à parede – afinal, é um lugar de pesquisa que estava sendo utilizado e não deveria ser tomado de assalto por turistas.
Mas antes da biblioteca há a sala de divinação, onde ocorriam palestras e aulas antigamente e aqui eu fiquei boba – BOBA – com o teto.
Minha última parada em Oxford, já no final da tarde e em cima da hora para voltar e pegar o ônibus para Londres (infelizmente...) não podia deixar de ser... o Eagle and Child - o quase mítico pub em que se reunia um grupo de escritores que se batizou de Inklings – um grupo em que se destacam, entre outros membros notáveis, os autores de O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia.
E assim é que termino o relato da minha viagem às terras da rainha. Olhando para trás, só posso observar que minhas férias desse ano foram um tour de uma nerdice literária impressionante.
Conan Doyle, Walter Scott, Robert Burns, J. K. Rowling, Robert Louis Stevenson, Tolkien, Pullman, C. S. Lewis, Lewis Carroll, J. M. Barrie, Shakespeare - todos eles tiveram seus momentos de tema da viagem.
Fiz exatamente a viagem que queria, do jeito que queria, no meu ritmo e com todas as minhas maluquices (museus interativos que deixam você experimentar catapultas e vestir roupas de época deveriam existir em mais lugares!).
Só faltou passar por duas cidades para minha lista estar completa: Stratford-upon-Avon pra visitar a casa do Shakespeare e Winchester, para ir a Chawton House. Bem, ficará para a próxima vez... Seja como for, estou contente com o resultado final e feliz também de estar de volta, podendo partilhar minhas aventuras com vocês.
Agora é esperar pela próxima...
A Coruja
Sério, meu joelho esquerdo, que já me deu dor de cabeça antes, fez muitas reclamações por conta do número de escadarias e outras subidas íngremes que o forcei a tomar. Por sorte, eu tinha me lembrado de levar o tensor, que aliviou um pouco as dores e me permitiu continuar batendo perna – afinal de contas, descansar, só quando chegasse em casa...
Fiquei hospedada na região de Victoria, próxima à estação de trem, metrô e ônibus – uma posição estratégica vez que em meus planos havia uma rápida viagem a Oxford e seria também da estação que eu pegaria o trem expresso para o aeroporto de Gatwick, que é beeeeeem distante do centro de Londres.
Após uma noite sem sonhos – porque deitei e apaguei feito pedra – o dia seguinte começou cedo, pegando ônibus na frente da estação para ir à City, o centro financeiro de Londres. O dia começava frio, mas comparado ao clima na Escócia, nem precisei colocar casaco, só um cardigã fino era suficiente. As ruas eram um formigueiro de gente, o trânsito era pesado, mas uma coisa me impressionou em absoluto: prioridade para pedestres sempre e ninguém buzinando nem atravessando e cortando na frente de ninguém.
Para quem está acostumada com a (péssima) educação no trânsito em Recife, onde qualquer coisa é desculpa pra enfiar a mão na buzina e o pedestre não tem prioridade nem na faixa quando o sinal tá vermelho, é algo para deixar impressionado mesmo.
Aliás, questões de trânsito e transporte – em especial o transporte público – são das coisas que mais noto quando faço essas viagens e de que mais sinto falta quando volto pra casa. Um bom metrô que cortasse a cidade toda e não apenas passando por um ou outro ponto perdido do mapa é o meu sonho de consumo.
Mas mudemos de assunto e continuemos com minhas andanças. Minha primeira parada em minha primeira manhã livre em Londres foi o Leadenhall Market.
O Leadenhall Market data do século XIV, sendo um mercado coberto bem charmoso, não muito longe de Covent Garden – que talvez seja um dos mercados mais conhecidos da cidade. Mas, embora a arquitetura de Leadenhall certamente impressione, meu verdadeiro motivo para fazer questão de passar por aqui é que ele serviu de cenário para os filmes de Harry Potter – é o famoso Beco Diagonal. Tinha como não passar?
Ah, sim, não posso esquecer também... Quando vi que no caminho para Leadenhall Market eu passava por Gracechurch Street, eu não tinha como NÃO tirar uma foto da placa da rua. Afinal, é aqui que os Gardiner, tio de Jane e Lizzie Bennet de Orgulho e Preconceito moram! Uma rua de comerciantes, que Darcy e os Bingley desdenham ao começo do romance...
Continuando meu trajeto, entrando e saindo de uma loja cá e aqui... Cheguei na loja oficial da Twinings.
O chá é uma tradição londrina, de tal forma que o Twinings é quase que um patrimônio nacional. Além de ser um lugar interessante para fazer comprar de souvenires para os amigos que gostam da infusão, o Twinings na Strand também tem um museu sobre a história do chá. É pequeno, mas interessante. Melhor parte, claro, é a degustação gratuita de chá no balcão do museu. Vale pelo charme!
Da Strand, saí zanzando, subindo para Covent Garden e seguindo placas atrás de encontrar a Leiscester Square, onde eu encontraria minha próxima parada na lista de locais que eu queria visitar.
Se você, como eu, adora livros, não pode deixar de visitar a Cecil Court, a rua dos livreiros. Há dezenas de pequenas e charmosas livrarias, muitas delas especializadas em determinados segmentos – a Stephen Poole trabalha com literatura do século XIX e XX, com direito a primeiras edições e livros autografados; a Marchpane e Pleasures of Past Times enchem os olhos das crianças (incluindo aquelas que não cresceram); a Goldsboro Books é a principal livraria na Grã-Bretanha para ir atrás de primeiras edições (e minha versão autografada e numerada de O Oceano no Fim do Caminho veio daqui).
Para além disso, Cecil Court tem uma história extremamente rica. A rua primeiro foi aberta no século XVII e foi batizada em homenagem à família Cecil, que era dona da terra. Quem conhece um pouco da história elisabetana provavelmente achará o nome familiar – é só pensar em Robert Cecil, protegido de Sir Francis Walsingham, por sua própria parte um grande espião e estadista.
Em 1735, Elizabeth Calloway, dona de um pub na rua, fez um seguro de sua loja e depois colocou fogo em tudo – o fogo se espalhou, destruindo várias casas da vizinhança, mas por algum motivo Mrs. Calloway acabou por ser inocentada no júri. Esse não foi nem de longe o último crime cometido na região e há várias menções a Cecil Court em julgados antigos...
Em todo caso, após o incêndio, a rua – que é bem curtinha – foi reconstruída como parte de um projeto de revitalização que acabou por transformá-la no que é hoje: uma rua para leitores.
De Cecil Court eu saí feito barata tonta atrás de uma loja que estava no topo de prioridades da minha lista. Minha idéia era chegar lá antes do almoço, ficar de olhinhos brilhantes, encher o carrinho de compras e ir com folga para o teatro.
Mas eu me perdi. Eu estava com um mapinha mas não tinha o nome da rua (tisc, tisc pra Lulu) e como estava tendo obras na região e estava cheio de tapumes nalgumas esquinas eu terminei por passar direto e dar uma volta enorme até encontrar algum lugar onde eu pudesse me sentar, acessar o wi-fi e tentar me encontrar de novo.
Mas tudo bem, porque, perdendo-me, encontrei o Freeman!
Eu até tinha tentado conseguir ingressos para o Ricardo III do Martin Freeman, mas não tinha data pra mim... Uma pena porque eu gostaria muito de vê-lo ao vivo. Gosto do Freeman como ator e acredito que seu Ricardo seria a encarnação mais boca suja de todas as interpretações feitas da peça.
Mas, finalmente, depois de toda essa volta eu finalmente encontrei a Forbidden Planet, depois de ter passado dela mais de cinco quarteirões dando nó em mim mesma...
Anotem aí o endereço para não fazerem como eu: 179 Shaftesbury Avenue. Saindo de Leiscester Square, era só subir em reta – o que eu devia ter feito quando deixei Cecil Court, em vez de ficar me enfiando por ruazinhas diagonais cada vez mais esquisitas...
Quem chama a Forbidden Planet de paraíso da cultura nerd não está exagerando. De livros a toda espécie de colecionável que você puder imaginar, esse é o lugar para se perder por horas e babar em tudo o que queres levar pra casa.
Como eu me perdi e tinha horário para o teatro e estava quase que do outro lado da cidade, não pude me demorar tanto quanto gostaria aqui. Mas consegui completar a listinha de encomendas que tinha levado na bolsa e acabei por sair carregada de sacolas...
Dessa feita, em vez de ônibus – que eu estava priorizando – peguei o metrô para Southbank e fui beirando o Tâmisa, passando por gente de todo tipo no caminho.
Se fosse para escolher um lugar favorito em Londres, Southbank provavelmente estaria no topo da minha lista. Esse é um lugar aonde as pessoas vão para correr e para sentar na grama tomando sol e lendo um livro. Aonde se vai para comer ou beber alguma coisa, para ver e fazer arte, para admirar a fantástica vista da cidade ou praticar skate.
É um lugar para experimentar Londres – como turista ou como parte da cidade.
Enfim, depois de seguir uma reta ouvindo música, tomando sorvete, divertindo-me com os tipos que passavam pelo entorno, cheguei ao Globe para assistir Júlio César. Sim, fui ao teatro no começo da tarde. Como viajei sozinha dessa vez, não me confiava muito de pegar uma sessão à noite, sair de Southbank lá pras onze da noite e chegar ao hotel sabe-se lá que horas. Por isso, peguei uma sessão matinê e não me arrependo.
Ano passado fui ver Sonho de Uma Noite de Verão e ri como nunca o fiz simplesmente lendo a peça. Dessa feita, achava que estava mais preparada para o que me esperava, mas, mais uma vez, fui pega de surpresa.
Assistir uma peça é muito diferente de ler seu texto e mesmo de ver o filme. A interpretação dada pelos atores é algo que muda a nossa própria percepção de personagens, intenções e pensamentos.
Eu gosto muito – como já disse antes – do texto de Júlio César, em especial pela cena em que Brutus e em seguida Marco Antônio discursam para o povo. Essa cena fala muito bem sobre política e manipulação de massa e é uma gema da oratória.
O que eu não esperava era de repente me ver de olhos embaçados de lágrimas perante o luto de Marco Antônio. Esse luto nunca tinha me impressionado terrivelmente lendo o texto, mesmo porque o personagem me passava uma impressão de irresponsabilidade e leviandade. E, de fato, ele começa a peça bem leviano, caindo pelos cantos de bêbado... mas quando Marco Antônio se faz de humilde perante o Senado que ainda tem as mãos cobertas com o sangue de César e quando ele cai de joelhos frente à dor que sente junto ao corpo de César... sim, eu fiquei muito mais tocada do que jamais imaginei poderia ficar.
Que essa imersão na história seja feita sem ajuda de quaisquer efeitos especiais, sequer microfones – apenas a fantástica acústica do teatro (o que também me impressiona, visto que ele é aberto) – é um triunfo dos atores.
Preciso dar um jeito de ir mais ao teatro aqui no Recife também... Todas as minhas experiências com teatro foram inesquecíveis, ainda que muito esparsas.
Ainda era relativamente cedo quando a peça terminou, de forma que segui para Oxford Circus e fui descendo a Regent’s Street, admirando-me com a quantidade de pessoas na rua, olhando para as vitrines – e me diverti particularmente com a vitrine da Hamley’s, que é uma das maiores e mais antigas lojas de brinquedo da Grã-Bretanha e um caos de brinquedos e gargalhadas que passam dos seus cinco andares até a calçada –, desviando de um e outro turista mais empolgado para parar o trânsito todo a fim de tirar uma foto, até chegar em Piccadilly Circus.
Dali, continuando nossa odisseia por livrarias londrinas, vamos agora para a Waterstones Picadilly, considerada a maior livraria da Europa! São oito andares no total e se você não encontrar o livro que está procurando aqui, não sei mais onde pode achá-lo...
Dia seguinte começou cedo também, pegando o trem para chegar a Watford Junction, onde eu tinha os ingressos para o estúdio da Warner Brothers – para ser exata, o Making of Harry Potter.
É um lugar para os fãs da saga ficarem malucos. Cenários, figurinos, objetos, detalhes incríveis para deixar você de queixo caído. Mesmo para quem não é fã do bruxinho, mas gosta de cinema, é um lugar muito legal, porque você vai a fundo em questões de maquiagem, efeitos especiais e outras variações.
Como não poderia deixar de ser, experimentei Cerveja Amanteigada – que era uma das coisas que estava como prioridade para fazer nesse passeio. Aprovei: o gosto é diferente, não consegui precisar nada além da espuma que parece ser um chantilly mais cremoso, mas é gostoso.
Voltando dos estúdios, seguimos para Westminster e de longe deu para ouvir o Big Ben tocando duas badaladas.
No centro do Poder |
Mas não era exatamente a praça do Parlamento que estava nos meus planos – afinal, fiz essa visita ano passado. Na minha lista, o destaque para a tarde era o Churchill War Rooms.
Kolory quer ser Primeira-Ministra |
O Churchill War Rooms faz parte dos Museus Imperiais da Guerra, que faz referência aos períodos de conflito envolvendo a Grã-Bretanha desde a Primeira Guerra até os dias atuais. Como sou uma fã do Churchill e aproveitando o embalo de ter terminado de ler as memórias dele, decidi visitar este dentre os cinco que fazem parte da família.
O museu é na verdade o bunker original que abrigou Churchill e o resto de seu governo no período da Blitz – quando os alemães despejavam bombas e mais bombas sobre Londres. Não é muito longe da tradicional residência do Primeiro-Ministro, o número 10 da Downey Street (por onde também passei).
Eu obviamente me lembrei do último filme de James Bond, Skyfall, uma vez que o MI6 se muda para os túneis escavados junto ao bunker de Churchill após o atentado a sede original do Serviço Secreto...
Mas voltando ao Churchill War Rooms... sendo um bunker, ele fica no subsolo e há momentos em que senti-me meio claustrofóbica – não tanto pelo ambiente, mas ao imaginar a tensão que existia ali no período da guerra. Há salas, como a Sala dos Mapas, em que tudo está exatamente como ficou após o final da guerra, quando o lugar foi fechado.
Há reproduções de cenas com bonecos de cera; material multimídia e várias oportunidades de interagir com as informações que nos são dadas – algo que realmente adoro em museus históricos e que muito me impressionou.
Daqui atravessei a rua para o St. James Park, onde me sentei para comer um waffle e quase fui assaltada pelos esquilos, que só faltam pular no seu colo atrás de comida...
E segui adiante, agora para o Hyde Park, onde queria encontrar uma certa estátua... de brinde, sentei-me num banco junto ao rio Serpentine e fiquei rindo sozinha por conta de uma cena em The Viscount Who Loved Me da Julia Quinn que se passa exatamente naquele lugar...
Após descansar um pouco observando o rio, os jardins, os patos, marrecos e cisnes que nadavam por ali e as pessoas que volta e meia passavam pela trilha, segui para a última parada que estava programada no meu roteiro do dia: a estátua de Peter Pan.
Li Peter Pan esse ano e fiquei na cabeça de visitar a estátua. Não apenas por causa do Barrie (que, aliás, foi também citado quando estive em Edimburgo, já que ele era escocês!), mas também por que se faz referência a esse lugar em outra das minhas séries de fantasia favoritas: As Crônicas da Imaginarium Geographica.
Ainda fiquei zanzando pela cidade após sair do Hyde Park, mas o roteiro que eu tinha estabelecido para mim mesma que queria fazer em Londres nos dois dias que teria na cidade, eu tinha conseguido cumprir.
Só me restava agora cumprir mais uma etapa da minha excursão particular: Oxford.
Saí de Londres por volta das oito e meia no dia seguinte e cheguei a Oxford duas horas depois. Confesso que depois das paisagens majestosas da Escócia, a estrada entre Londres e Oxford não me impressionou tanto, mas os campos me pareceram certamente agradáveis.
Tendo descido na estação de ônibus, eu decidi pegar um City Sightseeing pra circular pela cidade – ou não chegaria até o final do dia em cima das minhas próprias pernas.
Independente de preparo físico, a verdade é que andei muito e passei um pouco da cota durante a viagem, tanto que cheguei em casa tendo dado um jeito no calcanhar... mas pra dar tempo de fazer tudo o que que queria fazer não dava para passar muito tempo sentada descansado. Os doze dias que passei fora foram quase que em constante movimento, mas cada minuto valeu à pena.
Seja como for, peguei a mini-excursão e comecei meu roteiro pessoal descendo na Alice’s Shop, em frente ao Christ Church College.
Essa é a parada Lewis Carroll do passeio. Charles Dodgson, que assumiu o pseudônimo citado, foi professor de matemática na Christ Church College. Alice Liddell, que inspirou a personagem de Alice nos livros, morava nas proximidades e costumava fazer compras na loja hoje chamada Alice’s Shop.
Tanto é assim que essa loja aparece em Através do Espelho, onde pertence à Dona Ovelha – Tenniel fez as ilustrações para o livro baseado no lugar.
Atravessando a rua da entrada do Christ Church College entramos por uma viela para encontrar o Pembroke College, onde J. R. R. Tolkien foi professor entre 1925 e 1945.
Almoçar e continuar em frente, dessa vez subindo por ruas comerciais até chegar à vizinhança da Igreja de Santa Maria Virgem (que é uma universidade, aliás). C. S. Lewis frequentava essa vizinhança – assistia missa aqui, inclusive – mas o que realmente importa para nós é a porta de um prédio de escritórios numa viela lateral.
Olhe para os detalhes da porta: o leão entalhado, o fauno nas colunas. E agora, pense em Lewis passando por essa porta e tendo a centelha de inspiração que viria a se transformar em Aslam, Mr. Tumnus e o Guarda-Roupa que estão por trás do início de As Crônicas de Nárnia!
Voltando um quarteirão, atravessando a rua, enfiando-se por ruelas estreitas, vamos agora achar o Merton College, onde Tolkien também ensinou, entre 1945 e 1959.
Mais uma volta, seguindo em frente – e por sorte não é tão difícil assim de se localizar em Oxford – vamos encontrar o Magdalen College, onde C.S.Lewis foi professor e, segundo o guia do ônibus, também teve por aluno o Oscar Wilde.
Atravessando a rua, estamos no Jardim Botânico – o primeiro do gênero na Grã-Bretanha e um lugar favorito de Tolkien para caminhadas.
Mas o topo na cereja do bolo – ao menos para mim – foi ir sentar no banco de Lyra e Will. Os leitores de Fronteiras do Universo certamente se lembrarão do final de partir corações, quando Lyra e Will combinam de uma vez por ano, sempre no mesmo horário, cada um em seu mundo sentar-se naquele banco, na sua Oxford, e lembrar do outro.
Passei quinze minutos de tocaia, de longe, esperando o casal que estava sentado no banco sair para poder correr e me sentar no bendito. Sim, eu sou maluca, mas nunca disse que não era. O fato é que o livro – e a cena em específico em que aparece esse banco – me marcaram e eu simplesmente não podia deixar de passar por aqui e me encantar com a história que me passava pela cabeça e com o lugar em si.
Independente do bendito banco, o Jardim Botânico é um lugar muito, muito agradável e passei um bom tempo ali, sentada na sombra, sorrindo comigo mesma pensando em tudo o que tinha tido oportunidade de ver durante essa viagem.
Continuando para o próximo ponto do roteiro! Descer do ônibus em frente a Blackwell, livraria famosa em Oxford, que existe desde 1879, tendo sido cenário de livros, como os do Inspetor Morse. Basil Blackwell, um de seus proprietários, foi o primeiro editor a publicar Tolkien!
Atravessando a rua vamos para a Biblioteca Bodleiana, a principal biblioteca de Oxford, uma das mais antigas e belas da Europa.
Eu não tirei foto da parte da biblioteca mesmo – a Duke Humfrey’s Library, com seus livros acorrentados à parede – afinal, é um lugar de pesquisa que estava sendo utilizado e não deveria ser tomado de assalto por turistas.
Mas antes da biblioteca há a sala de divinação, onde ocorriam palestras e aulas antigamente e aqui eu fiquei boba – BOBA – com o teto.
Minha última parada em Oxford, já no final da tarde e em cima da hora para voltar e pegar o ônibus para Londres (infelizmente...) não podia deixar de ser... o Eagle and Child - o quase mítico pub em que se reunia um grupo de escritores que se batizou de Inklings – um grupo em que se destacam, entre outros membros notáveis, os autores de O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia.
E assim é que termino o relato da minha viagem às terras da rainha. Olhando para trás, só posso observar que minhas férias desse ano foram um tour de uma nerdice literária impressionante.
Conan Doyle, Walter Scott, Robert Burns, J. K. Rowling, Robert Louis Stevenson, Tolkien, Pullman, C. S. Lewis, Lewis Carroll, J. M. Barrie, Shakespeare - todos eles tiveram seus momentos de tema da viagem.
Fiz exatamente a viagem que queria, do jeito que queria, no meu ritmo e com todas as minhas maluquices (museus interativos que deixam você experimentar catapultas e vestir roupas de época deveriam existir em mais lugares!).
Só faltou passar por duas cidades para minha lista estar completa: Stratford-upon-Avon pra visitar a casa do Shakespeare e Winchester, para ir a Chawton House. Bem, ficará para a próxima vez... Seja como for, estou contente com o resultado final e feliz também de estar de volta, podendo partilhar minhas aventuras com vocês.
Agora é esperar pela próxima...
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Que post excelente! Que bela viagem! Simplesmente incrível, lugares e detalhes tão bacanas! Adorei!
ResponderExcluirObrigada por dividir aqui com a gente! ;)
Até o próximo!
Adoro poder dividir essas viagens todas com vocês, Lu! Diverti-me muito fazendo as fotos, pensando no que ia escrever no blog depois. E é bom ver a resposta que tanto trabalho incita. Beijos!
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