24 de fevereiro de 2022

A Vertigem das Listas: Dez Livros que Levaríamos para uma Ilha Deserta


Lulu: Antigamente, os computadores vinham com uma proteção de tela que, a cada “adormecida” contava a história de um náufrago numa pequena ilha deserta com um único coqueiro no centro. As curtas cenas nunca pareciam se repetir e contavam uma história ao longo do tempo. Se você não se lembra do Johnny Castaway, só posso me lamentar por você.


Enfim, por razão inexplicáveis, estava me lembrando do Johnny dia desses e fui procurar vídeos das pequenas aventuras dele. Uma das primeiras cenas traz nosso náufrago lendo um livro que ele tira sabe-se lá de onde e foi daí que peguei o tema para o vertigem deste mês.


Ísis: ‘Pera, então não precisam ser livros sobre náufragos, né? Eu lembro desse personagem. Achava divertido ficar observando o que ele faria….. Mas esse tu desenterraste mesmo, hein?

Lulu: Exatamente!

Enfim, se não ficou claro ainda, meus caros, hoje é dia de confessar os Dez Livros que Levaríamos para uma Ilha Deserta. E, olha, a julgar pelas histórias com náufragos no enredo que já li, nem é assim tão absurdo ir parar numa ilha deserta com um conveniente baú de livros para matar as horas solitárias por lá. Vejamos…

1. O grupo de náufragos que vai civilizar sua pequena ilha perdida no mapa em A Ilha Misteriosa de Jules Verne é um bom exemplo da já citada regra: a determinada altura dos acontecimentos, eles encontram num outro naufrágio em sua costa um baú contendo até uma enciclopédia, com volumes cheios de informações preciosas para identificar plantas comestíveis e venenosas, animais e por aí afora.

Para fins da lista de hoje, contudo, não estou pensando em títulos práticos para minha vida numa ilha deserta, do contrário eu começaria aqui também com uma enciclopédia ou manuais de carpintaria ou coisa parecida (com alguma sorte, meu baú conveniente também traria ferramentas várias).

Seja como for, A Ilha Misteriosa é a primeira entrada da minha lista não apenas por ser uma história inspiradora sobre um grupo de valorosos sobreviventes numa ilha deserta - o que teoricamente me ajudaria a não entrar em desespero vendo-me em situação parecida -, mas também por ser um calhamaço (várias horas de distração disponíveis), repleto de ideias de como usar o ambiente ao seu favor (quase uma manual de como se portar numa ilha deserta!), muitas aventuras e até mesmo uma participação especial do Capitão Nemo!

Como eu poderia resistir?

2. Por motivos muitos parecidos com o clássico de Verne, eu carregaria Robinson Crusoé, de Defoe, na minha mala. Afinal, Crusoé passa vinte e oito anos em sua ilha (não tão) deserta, e certamente terá algumas lições para partilhar em meu próprio naufrágio…

3. Aparentemente, eu saquearia todos os títulos com náufragos que moram na minha estante, porque o próximo título desta lista é A Ilha do Dia Anterior, do Umberto Eco, que mantém seu personagem principal suspenso numa linha imaginária com uma ilha à vista e incapaz de chegar nela. É uma situação absurda, dentro de um livro em que você nunca consegue confiar totalmente no que está acontecendo ao narrador. Repleto de ironia intertextual e ainda tem mosqueteiros e o Cardeal Mazarino de brinde.

4. Considerando todas as histórias com náufragos que já li, em algum momento há de se adquirir uma Bíblia para lidar com a necessária iluminação espiritual. Parto assim do princípio que um dos volumes que apareceria convenientemente no meu baú seria uma Bíblia. Faz sentido, porque, veja só, são várias histórias em um único volume; perpassa vários gêneros (com direito a romance, aventura, guerra, assassinatos, milagres de todos os tipos) e é repleto de mensagens de paciência, fé e esperança, algo a que teríamos de nos apegar bastante em nossa situação de náufragos.

5. Para terminar… vou de Belas Maldições, do Neil Gaiman e Terry Pratchett. Eu tenho um carinho enorme por esse livro, ele decididamente é um dos xodós da minha vida, reunindo dois dos meus autores favoritos e, bem, numa situação solitária que seria quase significativa de um fim do mundo pessoal, por que não uma história sobre a superação do Apocalipse?


Ísis: Achei interessante que quase todas as escolhas de Lulu foram orientadas para serem usadas na ilha. Já eu parti do princípio que vou morrer ali mesmo, então vou levar coisas pendentes. É hora de tirar um pouco o atraso da minha lista de leituras que só cresce.

6. Freakonomics. Estou com esse para terminar há uns 5 anos. Seria um ótimo momento para terminá-lo. Não seria útil para sobreviver a uma ilha deserta, mas pelo menos teria aquele momento “ah!” por entender a economia de hoje.

7. Armadilhas do Consumo. Outro que estou postergando há mais de meia década… E olha que é curtinho!

8. Minha coleção de light novels de “Saiunkoku Monogatari” para finalmente tentar ler essa história de 32 (salvo engano) volumes em japonês, mas cuja história se passa numa terra que me parece baseada na China Antiga.

9. Devido à opção 8, precisaria de um dicionário de japonês-inglês-japonês ou japonês-português-japonês. Dado que eu sempre tenho comigo um carregador portátil solar, vou assumir que se tivesse levado todos esses livros, também teria levado um dicionário eletrônico de um desses acima. Destarte, minha nona opção seria um livro sobre linguagem corporal para saber quando a Lulu começará a considerar matar-me. O que comecei mas nunca terminei (até então) é Desvendando os Segredos da Linguagem Corporal, de Allan e Barbara Pease. Também tem vídeos no YouTube muito bons sobre o tema, mas numa ilha deserta longe de tudo, não poderia aproveitá-los, né?


Lulu: Diverte-me sua certeza de que seríamos náufragas juntas na situação hipotética de irmos parar numa ilha deserta… Bem, entre nós duas, teremos uma boa biblioteca, não?

E, assim, mesmo com carregador solar, não sei quanto tempo um leitor digital sobreviveria em nossa ilha deserta…


Ísis: O que te faz pensar que eu não estaria envolvida nessa situação? Certeza uma cilada dessas só aconteceria contigo se eu tivesse no meio… ^^'

10. Eu tenho um livro sobre filosofia oriental, cujo título é literalmente esse, da Editora Martin Claret, mas procuraria um livro mais completo sobre o tema para levar comigo. Lulu leria a Bíblia, e eu procuraria textos filosóficos-religiosos hindus, taoístas, xintoístas, budistas etc. Acho que esses trazem mais paz que as religiões (e filosofias) ocidentais.


Lulu: É uma boa coisa o fato de irmos parar numa ilha deserta ser uma situação puramente teórica, porque entre eu e você, nenhuma das duas escolheu muitas opções que nos ajudassem a sobreviver na ilha. Mas, também, carregar uma enciclopédia completa por aí, ou aqueles manuais para leigos não é exatamente fácil.

Lembrei agora de Próspero, em A Tempestade. Deveria tê-lo colocado na lista, mas agora é tarde demais… Enfim, e vocês, o que levariam no seu baú de livros para uma ilha deserta?

Até o próximo vertigem!


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