28 de setembro de 2021
A Vertigem das Listas: Dez Intrépidos Aventureiros
Lulu: Engraçado que eu imaginava com meus botões que já tinha feito alguma lista no vertigem sobre aventureiros de várias marcas… mas, aparentemente, eu não tinha usado exatamente esse tema, apenas alguns tipos de aventureiros específicos (como piratas, por exemplo).
Enfim, eu gosto muito daquele ideal de personagem que nunca diz não para uma boa aventura, disposto a explorar lugares nunca antes vistos, ir até onde pessoa alguma foi. E assim é que chegamos ao vertigem desse mês, meu aniversário, um presente para mim mesma: Dez Intrépidos Aventureiros, aqueles que ousaram seguir adiante!
1. Bilbo Bolseiro, o protagonista de O Hobbit não é, desde o começo, o que se esperaria de um aventureiro. Ele está acostumado com o conforto de sua toca, de sua poltrona e lareira; observando o mundo através de seus mapas e livros. Mas, bem, seria difícil encontrar um povo menos dado a aventuras que os hobbits… e, no entanto, quando Bilbo deixa o Bolsão atrás de um grupo de anões, tendo por destino final uma montanha dominada por um dragão, ele faz isso com entusiasmo e arrebatamento de quem esperou a vida inteira por uma oportunidade como aquela - e a experiência vai mudá-lo completamente.
Há algo de muito inspirador na coragem de Bilbo de deixar tudo o que lhe é caro e conhecido e sair da sua zona de conforto, disposto a ver o mundo em toda a sua glória. Há muitos outros aventureiros talvez mais corajosos e arrojados que Bilbo, mas é exatamente por sua tão inesperada decisão que ele se destaca.
2. Talvez a escolha óbvia aqui seria Indiana Jones (deixarei para a Ísis, se ela quiser…), mas vou preferir uma aventureira mais acidental, mas nem por isso menos corajosa, curiosa, determinada e, é, bem, um pouco atrapalhada. Estou falando da minha musa, a bibliotecária Evelyn Carnahan, do filme A Múmia. Eu adoro o filme, toda a dinâmica entre os personagens, e Eve é uma personagem tão divertida que não consigo deixar de pensar nessa história sempre que estou procurando alguma coisa nova para assistir (e aí coloco para repeti-lo pela duocentésima vez).
3. Vez que estou às voltas com meu projeto de leitura da bibliografia de Agatha Christie… nada mais justo que indicar para a próxima posição desta lista Prudence “Tuppence” Beresford, a parte mais impulsiva do duo de detetives que passa por uma série de livros da Rainha do Crime. Tuppence tem uma cara de pau e uma capacidade de engabelação que me deixam de queixo caído, e está sempre perfeitamente disposta a se enfiar nas situações mais esdrúxulas para resolver os casos que caem em suas mãos, juntamente com Tommy. Como eu poderia resistir a ela?
4. Próximo item da lista é meio que indique dois pelo preço de um… Isso porque estou falando de Phileas Fogg, o viajante criado por Jules Verne para A Volta ao Mundo em 80 Dias e, a partir dele, quero partir para a jornalista americana Nellie Bly (pseudônimo de Elizabeth Cochran Seaman), que, em 1889, decidiu reproduzir a viagem fictícia de Fogg e acabou completando-a em 72 dias (bem, ela não teve o mesmo tipo de atrasos absurdos que Fogg e sua pequena caravana enfrentaram). Nellie foi uma jornalista corajosa - às vezes à beira da insanidade, como quando fingiu ser louca para se internar num hospital psiquiátrico e investigar denúncias do tratamento brutal que as mulheres lá recebiam -, disposta a correr todos os riscos pelas suas reportagens, ir onde a história estava acontecendo e revelar a verdade dos fatos. É claro que ela tinha de estar aqui.
5. Completo minha lista de hoje (que, vamos ser sinceras, passou já dos cinco, porque fico descaradamente insinuando mais de um nome no mesmo item, mas sou a rainha desse zoológico e quem mais se importa com a simetria dos números?) com Colin Templar, um dos meus personagens favoritos da série de Historiadores de Oxford Viajantes do Tempo da Connie Willis. Verdade seja dita, eu poderia escolher qualquer um dos personagens dessa série, porque todos eles se encaixariam no papel de aventureiros e exploradores… Mas Colin roubou meu coração desde sua primeira aparição em O Livro do Juízo Final, com sua empolgação, sua determinação de cuidar do professor Dunworthy, sua fascinação ingênua com a aventura que está vivendo (até o momento em que as coisas começam a se transformar em tragédia, mas ele está à altura do desafio). Colin ganha ainda mais destaque em Blackout/All Clear, tentando penetrar no sistema fechado em que Polly e companhia estão perdidos, mas eu bem que gostaria de um livro inteiro concentrado nele.
Ísis: Vamos lá!
6. Minha primeira escolha parecerá de criancinha da 1ª série, mas who cares? Só uma personagem literalmente canta “rumo ao o desconhecido”, que eu saiba, ou seja lá como se chama isso em português. Essa personagem é nada menos que Elsa, a agora rainha de Arendelle que enfrenta muita coisa desconhecida até entender de onde ela vem, o que e quem ela é. Ela não cruzou o mundo ou algo assim, mas foi até onde ninguém antes fora em busca da verdade. Eu gosto muito da dualidade de fragilidade e força/coragem dessa jovem rainha, e depois do quanto saí impressionada do cinema após assistir ao segundo longa, queria realmente apontá-la em alguma lista.
A Lu me lembrou uma pessoa que se encaixa aqui perfeitamente: Amelia Earhart. Se a Elsa não foi assim tão longe, aquela que é conhecida como a primeira aviadora da história a cruzar o atlântico foi longe,até do o outro lado do mundo, e não foi só uma viagem que ela pilotou não! Amelia tinha gosto pela pilotagem e frequentemente voava seuvoava em seu avião. Infelizmente, ela sumiu em uma dessas viagens, para nunca mais ser encontrada - nem ela, nem o avião dela, nem o navegador que a acompanhava, Noonam. Escrito isso, bem recentemente a contínua busca por ela anunciou que possivelmente acharam os escombros do avião de Amelia, mas parece que não está confirmado ainda. Para terminar, interessante acrescentar que a frase “Adventure is worthwhile in itself” é dela, de acordo com o Google. O que poderia resumir o tema do vertigem desse mês melhor que isso?
8. Em resposta à pergunta acima, talvez a única possibilidade seja o lema de Star Trek, “ir aonde ninguém nunca antes foi”. Poucas coisas vão traduzir o espírito aventureiro como isso, não acham? Não temos uma instituição dessa na realidade, mas podemos olhar para o passado e repensar como toda a história da pesquisa espacial aconteceu, especialmente durante a corrida espacial da Guerra Fria. Podemos destacar inúmeros nomes que contribuíram, mas escolherei um o qual nos é pouco conhecido, quer por uma questão de gêneros, quer pelo ostracismo político ao socialismo etc: Valentina Tereshkova. Alguém já ouviu falar? Pois bem, a primeira mulher a ir ao espaço SOZINHA detinha o recorde de tempo no espaço (uns três dias) até pouco tempo atrás. Valentina tem hoje mais de oitenta anos e continua sonhando com o espaço: aparentemente quer fazer parte do grupo que colonizará Marte. Essa sim, é uma intrépida aventureira!
9. Ellen MacArthur tinha o recorde da volta ao mundo mais rápida num iate (leia-se "barco às vela"). Não é para qualquer um enfrentar os mares, vez que se fica privado de várias regalias que quem está em terra - ainda mais em grandes cidades - dá por certas e não percebe quanto trabalho foi necessário para trazer certas comodidades até nós. Só por isso já a considero uma aventureira, mas além disso, o bonito foi o que ela fez depois: percebeu que numa aventura longa como essa, ela só tinha o que levara consigo, e mais nada. Não lhe era permitido comprar nada, nem pedir para a equipe de acompanhamento fazê-lo por ela. E nesse momento entendeu que nosso planeta funciona da mesma forma, vez que não tem de onde implaneportar [neologismo!] nada, e, portanto, precisamos manter nossos recursos em estado de qualidade alta e utilizáveis o mais longamente possível. Assim nasceu a Ellen MacArthur Foundation, a referência mundial em economia circular. O TED dessa ex-atleta é bem interessante. Vale dar uma olhada.
10. Não sei se já apontei esse personagem no Vertigem, mas vou indicar Yuuri, de Kyou Kara Maou. Esse pobre coitado foi jogado num mundo diferente por meio de uma descarga de vaso sanitário (siiiimmmmm), e, ao chegar lá, foi declarado rei do reino dos "demônios". Apesar do nome, simplesmente tratam-se de pessoas que podem ter habilidades mágicas. Yuuri é uma pessoa de bom coração, e eventualmente passa a amar seu povo. Também começa a se envolver ativamente nos problemas políticos com os reinos vizinhos, tentando apaziguar as relações e forjar alianças. Eu o apontei nessa lista porque, não bastando estar num mundo totalmente diferente, ele passa a ir para terras além das suas em missões perigosas, tudo em nome de um reino que ele nunca ouvira falar pouco antes. Entre ser raptado, carregado, ameaçado, amordaçado, encurralado, sofrer várias tentativas de assassinato, agredido, ofendido, xingado etc, ele continua adentrando territórios de culturas cada vez mais estranhas a ele…
Lulu: E… é isso. Mais um vertigem completo, com grandes aventuras, na ficção e na vida real. Mês que vem tem mais!
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