Mais um equinócio, mais uma estação: chegamos finalmente, na primavera. A época das flores, de renascimento, do amor! Ou, pelo menos, é assim na ficção, não é mesmo?

Gosto da ideia da primavera. É a estação mais colorida e perfumada - ensolarada, mas com temperaturas amenas -, dias e noites com o mesmo tempo de duração: de pouquinho em pouquinho, os dias se tornarão mais longos, e as noites, mais curtas, até o próximo solstício.

Pensei muito em como deveriam ser as leituras para esse equinócio e cheguei à conclusão de que seriam livros curtos, do tipo que podem seguir conosco na bolsa e serem lidos num parque ou num café; dos quais podemos nos distrair por alguns minutos para observar o mundo ao nosso redor, antes de voltar a mergulhar no enredo. Histórias de renascimento após longos invernos pessoais, do tipo que nos enchem de esperança e restauram um pouco da nossa fé na humanidade. Livros que sejam, eles mesmos, recomeços, que viramos a última página com um sorriso no rosto e um profundo sentimento de satisfação com o universo.

Será que estou pedindo demais? Enfim, segue a minha lista de recomendações primaveris para aproveitar a estação e esquentar o coração (que rima horrível…). Lembrando que ao clicar no título do volume, vocês são encaminhados para a resenha completa deles.


O Jardim Secreto, de Frances Hodgson Burnett
Gosto tanto desse livro que tenho mais de uma edição dele: a da Penguin, que consegui numa troca e recomendo pelos textos introdutórios (que são sempre excelentes nessa coleção); e a da Martin Claret, que comprei anos depois apaixonada pela capa. Julguem-me, se quiserem, mas que atire a primeira pedra quem nunca comprou um livro pela capa aqui! Enfim, eu conheço a história dos meus tempos de infância, das dezenas de vezes em que o filme passou na Sessão da Tarde e foi só muito mais tarde que descobri o livro por trás do filme.

Essa é uma história de superação e renascimento, de um jardim e de um trio de crianças, de uma família que se reencontra, de uma menininha rabugenta, um garotinho doente e um rapaz com dedos verdes. É uma história perfeita na qual mergulhar por uns dias e terminar se sentindo renovado. E, confesso, eu me identifico pra caramba com a Mary.

Antes que me esqueça, o filme continua valendo à pena assistir.

The House in the Cerulean Sea, de T. J. Klune
Esse foi um dos títulos mais recentes que terminei, e ainda estou sob efeito dele - desconfio que será meu livro favorito deste ano. O estilo do Klune é divertido, muito fluido, encantador na forma como nos leva a mergulhar no mundo aqui criado. Cá entre nós, quando Linus viu o mar pela primeira vez, confesso que quase chorei junto.

Também é uma história de renascimento. O protagonista começa vivendo sob uma chuva interminável numa cidade cinzenta, metáfora para seu próprio estado de espírito. E de repente ele passa a ver em cores (palavras dele mesmo aliás), transportado para uma ilha em meio a um mar calmo, cercado de pessoas extraordinárias. E sim, há um jardim deslumbrante aqui também, cuidado por uma gnomo rabugenta (o que tenho eu com personagens rabugentas?).

É uma história para rir, emocionar e terminar sentindo-se mais em paz, com algo de sua fé na humanidade renovada. Para lembrar daquilo que temos de melhor como espécie: nossa capacidade de empatia.

Dez Coisas que Amo em Você, de Julia Quinn
Para terminar minhas indicações de primavera, irei pelo clichê: um romance delicioso que me fez virar a noite lendo e gargalhando quando o li pela primeira vez. Embora eu o tenha lido em inglês (como se percebe da foto), já foi traduzido aqui no Brasil, junto com toda a trilogia Bevelstoke da Julia Quinn (recomendo todos).

Sebastian e Annabel são personagens pelos quais é fácil se apaixonar. Esse é um livro de leituras dramáticas (adoro personagens leitores), aventuras mirabolantes, famílias intrometidas e diálogos afiadíssimos. É um dos melhores da autora, leve, cativante e que te deixa sorrindo como bobo ao final. Ótima pedida para aguentar a espera pela série dos Bridgerton, que deve estrear em algum momento agora pelo fim do ano.

Uma lista bem diversa, não é mesmo? Agora só falta uma estação para completar um ano de leituras sazonais… Mas e vocês, o que gostam de ler na primavera?


A Coruja