5 de março de 2013

Desafio Literário 2013: Março - Animais Protagonistas || Crucible of Gold

“They are ours,” he said, “although not properly the sailors: they are only along because we would not leave them to drown, and ought to be more grateful for it than they are. Laurence,” he said, turning, “this is Palta, and that man is called Taruca: Iskierka snatched him, and I cannot find she asked him in the least.”
Embora eu goste muito da saga Temeraire, tenho a impressão de que a Novik esteja se estendendo demais na história. Crucible of Gold é o sétimo volume da série e não há no horizonte nenhuma resolução ainda para a constante maré de azar que parece perseguir o Capitão Laurence.

Creio que teria gostado mais desse livro se o tivesse lido imediatamente após ter terminado Tongues of Serpents. Mas se passou já um bom tempo desde que o terminei e com isso o início desse sétimo volume se tornou um tanto abrupto para mim. A história toda é muito aberta – não existe um início nem uma resolução; não é um livro que pode ser lido separadamente dos outros; o que não era uma necessidade tão grande em seus antecessores.

Com isso não quero dizer que Crucible of Gold seja uma história ruim. Eu demorei um pouco para engrenar, mas uma vez que o tenha feito, que tenha reencontrado aquele lugar da minha cabeça que acredita em dragões sendo uma força aérea no período das Guerras Napoleônicas, a coisa fluiu de forma mais tranqüila.

Tal como já tinha previsto antes, com esse volume completamos a volta ao mundo de Temeraire e seu capitão. Estivemos em todos os continentes e dessa feita fizemos uma parada no Império Inca e no Brasil.

Fora a parte dos dragões, esse foi o segundo volume em que Novik se desviou completamente do que a História nos conta (e com isso tirou um pouco do meu norte do que poderia acontecer a seguir). E pode parecer muito bizarra a idéia dos Incas como um império aliado de Napoleão, mas ela dá uma boa explicação para a sobrevivência deles aos conquistadores espanhóis.

Basicamente, a narrativa se segue dessa forma: os franceses estão trazendo para o Brasil os dragões africanos que eram parentes dos humanos capturados para servirem como escravos aqui. Os dragões africanos acreditam que humanos reencarnam como dragões e vice-versa, fazendo de suas respectivas tribos uma grande família.

Em Empire of Ivory, Laurence foi seqüestrado por esses dragões, os Tswana e o tempo que passou com eles lhe rendeu um certo conhecimento da língua e costumes, bem como o respeito deles. Por isso o Império Britânico, aliado dos portugueses cuja Coroa veio se refugiar no Brasil, decide tirá-lo do exílio na Austrália para negociar com os Tswana e tentar evitar a tomada do Brasil por Napoleão.

No caminho, logo de princípio, o ‘porta-dragões’ que está transportando Temeraire e companhia naufraga após um grande incêndio, com centenas de perdas. Os dragões não são capazes de voar por longas distâncias; no meio do caminho eles acabam encontrando um navio francês, se rendem, descobrem as tentativas de estabelecer uma aliança dos mesmos com os incas, são abandonados numa ilha deserta, sofrem um motim dos marinheiros sobreviventes e de uma forma geral, só levam na cabeça.

Eu realmente acho que em vez de se preocupar que seu capitão não está vestido de acordo com o título que possui, Temeraire deveria arranjar alguém para benzer Laurence.

Mas tanta desgraça tem um lado bom, porque Laurence deixou de lado o discurso da honra e do dever que o norteava nos primeiros livros e passou a se guiar muito mais por sua consciência e bom senso. Ele me passa fortemente a impressão de um herói trágico e não tenho bem certeza se a saga irá terminar numa nota particularmente feliz.

Temeraire, por outro lado, me deixou com sentimentos ambíguos. Eu sempre admirei o senso de liderança que ele possui; desde o princípio, mesmo crescendo sob determinadas crenças e tradições, ele desafia essas definições, muitas vezes demonstrando mais presença de espírito que o humano.

Só que onde antes eu admirava o forte senso de amizade que existia entre Temeraire e Laurence, nesse volume, o dragão parece ter substituído seu amor e respeito pelo capitão por um senso de posse. Talvez por isso tenha sido tantas vezes reiterado o ponto de que Temeraire é um dragão muito jovem: magnífico em sua força e inteligência, ele apenas começou a vida, são menos de dez anos para uma espécie capaz de viver centenas. Quer queira quer não, ele é uma criança e como criança age em muitos momentos da história.

No próximo livro estaremos de volta à China e imagino que lá Temeraire encontre algum equilíbrio – não é coincidência que ele estivesse em sua melhor forma quando viajou para seu país natal, em Throne of Jade e também não é coincidência que esse seja meu volume favorito da série.

Não foi meu título favorito da saga, o que não significa necessariamente que tenha sido ruim. Quero crer que a coisa esteja se encaminhando para uma resolução; essa viagem para a China deve ter a chave para a derrota de Lien e com isso do próprio Napoleão. As essas alturas, não me sustento mais no que conheço da História e não sei se haverá o ataque à Rússia ou o exílio.

Iskierka, a dragoa cuspidora de fogo das Forças Aéreas Britânicas continua me irritando. Tudo bem que ela cospe fogo, mas precisa realmente ser tão sem noção? O que a ambição dela a leva a aprontar com Granby seu próprio capitão me deixou incerta entre rolar de rir ou simplesmente mandá-la catar coquinhos.

E eu desconfio da possibilidade de ela estar grávida, o que realmente vai dar muito certo diante do que está por vir, não? Quero só ver a confusão que isso vai dar...

Vejamos o que Novik nos aprontará em Blood of Tyrants, que está previsto para ser publicado em agosto e se promete, será o penúltimo livro da série. E terá... russos? Amnésia? Japão? Bem, vamos ver o que está por vir...

Nota: 3
(de 1 a 5, sendo: 1 – Péssimo; 2 – Ruim; 3 – Regular; 4 – Bom; 5 – Excelente)

Ficha Bibliográfica

Título: Crucible of Gold
Autor: Naomi Novik
Editora: Del Rey
Ano: 2012
Número de páginas: 336


A Coruja


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Um comentário:

  1. Boa Tarde Coruja!!
    Não me embrenhei em estórias fantásticas, não posso opinar, mas valeu ler suas impressões...

    Bjins

    FLYRoBrasileira (DL2013)

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