14 de dezembro de 2011

Para ler: Soul Music




It is said that whosoever the gods wish to destroy, they first make mad. In fact, whosoever the gods wish to destroy, they first hand the equivalent of a stick with a fizzing fuse and Acme Dynamite Company written on the side. It's more interesting, and doesn't take so long.
Terry Pratchett – Soul Music

As resenhas de Pratchett esse mês estão bem fora de ordem da “ordem de leitura” da série Discworld... Mas, bem, meu objetivo esse ano era terminar de resenhar os livros já publicados em português e encerrar antes do Natal escrevendo sobre Hogfather.

Terminei as resenhas das traduções e, para conseguir chegar no meu Pratchett natalino, precisava de mais uma pequena parada no caminho a fim de apresentar uma nova personagem-chave do Disco: Susan Sto. Helit, a neta de Morte.

Sim, vocês leram corretamente. Neta de Morte.



Lembram do livro O Aprendiz de Morte? Então, lá descobrimos que Morte tinha uma filha adotiva, Ysobel, que acabou por deixar a casa do pai para se casar com o ex-aprendiz dele, Mort. Ysobel e Mort tiveram uma filha, Susan, que criaram para ser racional e lógica – longe de tudo o que dizia respeito ao mundo do avô.

Só que a hereditariedade trabalha de formas estranhas... Quando Ysobel e Mort morrem num acidente de carruagem, Morte entra numa espécie de crise de meia-idade e desaparece no mundo, deixando uma vaga – ou, melhor seria dizer, um vácuo – que entende (o vácuo entende, que fique bem claro) ser Susan sua melhor sucessora.

Até aí já teríamos bastante confusão para resolver... não apenas pela sucessão nos ‘negócios da família’, mas porque até ser mais ou menos forçada a assumir a posição do avô, Susan não se lembrava dele, nem acreditava em qualquer coisa que pudesse desafiar razão e lógica.

Mas aí... lembram daquela teoria de que falei na resenha de A Magia de Holly Wood, sobre a possibilidade de idéias e padrões ecoarem e se repetirem de um universo para o outro? Bem, o mesmo princípio se encontra aplicado aqui, quando um jovem músico encontra uma guitarra numa loja de instrumentos (que não estava lá até o dia anterior...) e, de repente, não mais que de repente, ele está fazendo ‘música com pedras’ – music with rocks in.

E aí você tem um instrumento que toca seu músico e que influencia as pessoas de formas inacreditáveis – como ao transformar os respeitáveis magos sênior da Universidade Invisível em adolescentes rebeldes.

Então se cruzam várias linhas narrativas – Morte tentando esquecer (e ele quase partiu meu coração em suas tentativas frustradas de fazê-lo); Susan tentando fazer sentido de sua herança e Imp, o bardo, nosso músico revolucionário sob a influência da música com pedras enlouquecendo multidões – até chegar a um final em que você quase despenca de um despenhadeiro... e que rendeu uma das ilustrações mais legais do Paul Kidby para a série:



Mais uma vez, Pratchett me deixou em êxtase e estática na cadeira com sua capacidade inventiva e de se reinventar a cada livro. E, mais uma vez, não pude deixar de me emocionar com os esforços e a filosofia de Morte em suas tentativas de compreender a humanidade.

Considerando que ele é um esqueleto num manto, devo dizer que uma das maiores conquistas de Pratchett foi ter conseguido fazer de Morte um de seus personagens mais tocantes e enternecedores. E, confesso, não me importaria tanto de encontrá-lo por aí, com foice e tudo, para uma boa conversa ou uma partida de xadrez...



A Coruja


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