28 de setembro de 2011

Para ler: Pirâmides

NADA ALÉM DE ESTRELAS, espalhadas sobre as trevas como se o Criador tivesse despedaçado o pára-brisa do carro e não tivesse parado para varrer os cacos.
Este é o abismo entre universos, as profundezas gélidas do espaço que não contêm nada além da eventual molécula aleatória, alguns cometas perdidos e...

... mas um círculo de escuridão se desloca levemente e, quando se olha melhor, o que era aparentemente uma dimensão interestelar impressionante se transforma num mundo imerso nas trevas, e suas estrelas são as luzes do que será caridosamente chamado de civilização.

Porque, enquanto o mundo rola preguiçoso, revela-se o Discworld - plano, circular e carregado pelo espaço nas costas de quatro elefantes que estão nas costas da Grande Âtuin, a única tartaruga que aparece no Diagrama Hertzsprung-Russel, uma tartaruga com 15 mil km de comprimento, coberta pelo gelo de cometas mortos, com cavidades deixadas por meteoros e olhos de albedo. Ninguém sabe a razão de tudo isso, mas provavelmente é o quantum.

Muita coisa esquisita poderia acontecer num mundo sobre as costas de uma tartaruga como essa.

Já está acontecendo.

As estrelas lá embaixo são fogueiras no meio do deserto e as luzes das aldeias distantes no alto das montanhas cobertas de árvores.

As vilas são nebulosas borradas, as cidades são vastas constelações. A grande cidade em expansão de Ankh-Morpork, por exemplo, brilha intensamente, como duas galáxias em colisão.

Mas aqui, longe das grandes aglomerações populacionais, onde o Mar Círculo encontra o deserto, há uma linha de fogo frio azulado. Chamas tão geladas quanto os declives do Inferno trovejam em direção ao céu. Uma luz espectral flutua pelo deserto.

As pirâmides no antigo vale do Djel ostentam seu poder no meio da noite.
Este é um livrinho curioso no mundo de Discworld. Ele não se filia propriamente a nenhuma das grandes linhas que Pratchett desenvolve dentro da série, nem tem personagens conhecidos de outros volumes.

Teppic, príncipe do reino de Djelibeybi, é o personagem principal de Pirâmides, que deixa bastante óbvio do título que vamos de alguma forma mergulhar no Egito Antigo estilo Disco.

Nosso príncipe começa a história como aluno da Guilda dos Assassinos em Ankh-Morpork. Embora eu aplauda a idéia de um mebro da realeza aprendendo um ofício e uma profissão, confesso que não consigo concordar que ir para a guilda dos assassinos fosse a melhor escolha - ainda que pareça um certo padrão, a se considerar que Vetinari também se formou lá.

Acho que fazia mais sentido se eles tivessem estudado na Guilda dos Ladrões, para melhor aprenderem a administrar os recursos do tesouro público, mas...

Em todo caso... Teppic acabou de passar em seu exame final, tendo sobrevivido e, portanto, se tornado um verdadeiro assassino, quando sente, de forma inexplicável, que o pai morreu. Como herdeiro do trono, isso significa que ele acaba de receber um novo emprego de tempo integral, devendo voltar para casa e assumir a coroa.

Só tem um pequeno problema: Dios, o sumo-sacerdote de Djelibeybi, é extremamente tradicional e não acredita muito em faraós governando o reino, tarefa esta que deve ser atribuída a pessoas de mais experiência e em íntimo contato com as divindades - em suma, ele mesmo.

Para completar, a pirâmide que está sendo construída para abrigar a múmia do pai de Teppic possui tanta energia que está interferindo e afundando o próprio tecido do espaço-tempo.

Resultado: o novo faraó tem de fugir do palácio, junto com uma criada chmada Ptraci, indo parar em Ephebe para consultar os filósofos e descobrir como resolver toda essa confusão (qualquer semelhança com a Atenas do período de ouro não é mera coincidência).

Enquanto isso, os deuses de Djelibeybi aparecem para fazer uma visitinha aos seus devotos - e considere que a maior parte deles tem cabeça de animais carnívoros para poder adivinhar o que ocorre a seguir - juntamente com todos os antigos (e mumificados) faraós do reino.

Festinha animada, não?

Teppic terá então de encontrar uma maneira de, junto com seus ancestrais, destruir a grande pirâmide, restituir Djelibeybi ao seu lugar e tempo corretos, derrotar Dios e, de uma forma geral, reescrever a história.

Nada como um dia de trabalho na vida de um faraó, claro...


A Coruja


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