7 de março de 2011

Desafio Literário 2011: Março - Romance Épico || Guerra dos Tronos

The cold is returning to Winterfell, where summers can last decades and winters a lifetime. A time of conflict has arisen in the Stark family, as they are pulled from the safety of their home into a whirlpool of tragedy, betrayal, assassination, plots and counterplots. Each decision and action carries with it the potential for conflict as several prominent families, comprised of lords, ladies, soldiers, sorcerers, assassins and bastards, are pulled together in the most deadly game of all--the game of thrones.
O que é um épico? Essa é uma boa pergunta para começarmos os trabalhos do mês. Sem ‘colar’ do dicionário, respondam rápido: o que significa, para vocês, a expressão épico?

Bem, quando penso em épicos, a primeira coisa que me vem à cabeça é Homero. E depois, lutas de espadas. Intrigas. Guerras. Heróis invulneráveis ou diabolicamente astutos. Penso numa beleza que lançou ao mar mil navios; um líder capaz de dominar um exército de fantasmas, uma profecia sobre uma espada na pedra.

À primeira vista, podemos citar uma meia dúzia de livros recentes que possuem várias dessas características... e que estão tão longe de serem verdadeiros épicos quanto a Terra está da nebulosa de Andrômeda.

Porque mais que todo esse rol não taxativo (to lendo código demais...), uma história, para ser épica, tem que ter algo que... algo que nos Inspira. Tem que ser algo Extraordinário... Memorável... Magnífico.

Ao menos, esse é o meu conceito de épico. E ele cai como uma luva em Guerra dos Tronos. Primeiro de uma série planejada de sete, dos quais quatro já foram escritos, ele tem sido vendido como um novo Senhor dos Anéis. Fora os R. R. do sobrenome, contudo, não há como comparar de verdade o estilo de George Martin e Tolkien – é uma comparação não apenas injusta como bastante falsa.

Os livros de Tolkien têm um foco mais ‘nobre’, por assim dizer. Tratam de questões como imortalidade, beleza, fé, liberdade. É uma história de ideais, com um vilão bastante definido que representa a corrupção, a própria essência do Mal. Tanto Morgoth, quanto Sauron e Saruman são ecos de anjos caídos.

As Crônicas de Gelo e Fogo, por outro lado, é uma saga sobre a natureza humana, sem maniqueísmos. É uma história sobre mesquinhez, poder, ambição; um festival do que chamamos vulgarmente de ‘cobra engolindo cobra’.

Os capítulos são narrados sob vários pontos de vista, de tal forma que você tem um insight valioso dos pensamentos de cada personagem. Você é capaz de entender suas ações, sejam elas nobres ou não, de explorar possibilidades a todo momento tentando descobrir quem se sentará no Trono de Ferro.

É um livro de fantasia, e uma fantasia extremamente sombria. Esqueça os Outros – ainda que todas as suas aparições nos causem calafrios, a verdadeira força-motriz de A Guerra dos Tronos são seus personagens humanos – demasiadamente humanos...

Tocando num ponto polêmico... preferi ler esse livro em inglês, apesar de haver uma tradução. À época em que ele foi lançado aqui no Brasil, houve uma série de críticas ao fato de que a edição usava a tradução portuguesa como base – a Editora LeYa, é bom lembrar, é de Portugal – apenas ‘adaptando’ algumas construções para conformar nossa realidade.

Cheguei a folhear o volume na livraria. Particularmente, achei uma senhora tradução, embora haja, sim, alguma frase aqui e ali que soe meio estranha aos nossos ouvidos brasileiros. Mas, como de hábito, não sou exatamente uma fã purista – na verdade, eu só vim conhecer George Martin quando anunciaram o lançamento de A Guerra dos Tronos e fiquei babando na capa.

À mesma época, soltaram o primeiro teaser da série da BBC inspirada na obra, cuja estréia está prevista para 17 de abril. Preciso dizer que surtei lindamente quando vi o Boromir?


Com o lançamento da série, imagino que o livro vá ganhar mais visibilidade e talvez a escolha da LeYa de usar a tradução portuguesa acabe por se voltar contra ela. Não faço previsões, até porque, como já disse, só folheei a edição brasileira, mas considerando todo o barulho que andaram fazendo... Independente, contudo, da língua em que você prefira ler a história, este é um livro que todo fã de fantasia deve ler. Não se intime com o tamanho, a história compensa... e possui algumas das protagonistas femininas mais fortes que já conheci na literatura fantástica.

Minha única ressalva é justo aquele detalhezinho de nada, de sete livros, cada qual um calhamaço bíblico. A Guerra dos Tronos foi publicada em 1996. De lá para cá, foram mais três livros, numa média de um livro a quase quatro anos. Nesse ritmo, o final está previsto para... 2024? Acho que é isso. Martin nasceu em 1948, de modo que ele estará com... 76 anos.

Ah, o risco, o risco... Ok, deixa eu calar a boca antes que digam que estou agourando o homem. E se preparem, afinal...

...o inverno está chegando...

Nota: 5
(de 1 a 5, sendo: 1 – Péssimo; 2 – Ruim; 3 – Regular; 4 – Bom; 5 – Excelente)

Ficha Bibliográfica

Título: A Guerra dos Tronos
Autor: George R. R. Martin
Tradução: Jorge Candeias
Editora: LeYa
Ano: 2010
Número de páginas: 592


A Coruja


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10 comentários:

  1. Nossa muito instigante sua resenha, e a maneira que você escolheu começar foi muito boa mesmo! ;)
    E parabéns você escreve muito bem!
    beijos

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  2. ADOREI mesmo sua resenha. Está muito bem construída e me deixou com muita vontade de ler o livro, apesar dos sete volumes, e de eu estar fugindo um pouco das séries no momento por não estar dando conta da minha estante lotada, com certeza esse irá para a minha lista.

    Beijos e boas leituras no próximo mês de Desafio! ;)

    Sandra
    http://apenasumavez.wordpress.com

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  3. amei a sua resenha! muito bem escrita e que só me deixou com mais vontade de ler o livro. e a introdução ficou muito bem escrita!
    beijos

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  4. Eu babo demais em suas resenhas. Acho que já disse mas sinto uma vontade imensa de reforçar as palavras. Talvez até num receio de que, por algum motivo, você deixe de escrevê-las. Não deixe! Sempre que puder nos delicie com uma harmonia nas palavras e todo o entusiasmo que consegues dedicar a isto, diferentemente de como muito se vê por ai em se tratando de blogs literários, suas resenhas transmitem a ousadia de dizer de fato o que vem da alma.

    Sigo bastante blogs literários, raramente eu comento, até porque dificilmente acompanho lançamentos (o que acaba sendo muito enfatizado talvez pelas parcerias com editoras) mas no seu, sempre que passo, tenho vontade de deixar um elogio, que é sincero: um dos melhores blogs literários que tenho conhecimento, se não, o melhor!

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  5. Arghhh eu tô com uma raivazinha de mim mesma porque meus épicos apesar de estarem dentro da descrição do desafio para mim não parecem ser, penso mais ou menos assim como tu, e é claro que adorei este teu texto e fiquei com uma vontade louca de ler, se bem que esse prognóstico de 2024 não ter me animado não hehehehehe
    estrelinhas coloridas...

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  6. Ei!
    Babei na sua resenha.
    Adoro quando isso acontece =)
    Parabéns!!!

    Preciso comprar este livro para ontem, mas o meu vai ser em port msm.
    Nem fala da possibilidade do George morrer sem terminar a série =P.

    Bjins,
    Lu (TOC)

    ps.: Conheci seu blog pelo DL.

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  7. Tenho visto o poster da série nas estações de trem e achei dark, mas nem sabia do que se tratava e muito menos que era baseado em livro.
    Ótima resenha!!!

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  8. Gostei da introdução. A definição de épico calha com a minha ideia do que vem a ser um épico. Na verdade, não se pode limitar um conceito tão amplo como o do épico. Quanto ao livro, parece-me instigante e grandioso. Embora, não faça muito o meu estilo. A resenha arrasou como sempre. Parabéns!

    Bjs

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  9. Estou muito afim de ler este livro, ainda mais depois que vi o trailer do filme.
    Nossa parece ser demais.
    Adorei a resenha.

    Beijocas

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  10. Gostei muito da sua escolha!! Haja folego!!! Nao conhecia o livro mas vou anotar na minha lista. Beijos

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