14 de maio de 2009
Reformas, reformas... - Parte II
2) A Reforma do Sistema do Vestibular
A questão da moda é o tal do novo ENEM, junto com a histeria da gripe suína (se bem que agora que já descobriram que não havia assim tanto motivo para a histeria coletiva, o assunto já está escorregando para fora das manchetes).
A confusão é grande, ninguém sabe ainda o que realmente esperar da prova. Até agora, contudo, só quem tomou uma atitude em vez de ficar arrancando os cabelos inutilmente foi, por incrível que se possa parecer, um partido político: o Democratas aqui do Recife entrou na Justiça Federal para fazer com que o sistema seja implantado para o vestibular de 2011 e não 2010 (lembrando que quem faz a prova esse ano é para entrar em 2010).
O negócio é o seguinte... o novo exame, ao menos da maneira com que está sendo alardeado, NÃO É RUIM. Uma prova que privilegie mais a lógica e a capacidade de argumentação à simples decoreba é sim, um avanço.
Sou totalmente a favor dessa reforma - não, é claro, para ser aplicado ainda esse ano (é ridículo pretender que do dia para a noite todo mundo vai poder se adequar ao negócio, quando passamos, no mínimo, três anos nos preparando para um específico tipo de exame). Não pensem que digo isso apenas pelo fato de que não sou uma vestibulanda, mas uma formanda; considerando que não tenho mais que me preocupar com entrar na universidade (só com sair, o que acontecerá até o final de junho), posso parecer muito à vontade em matraquear o que bem entender sobre o assunto.
É, contudo, uma questão de coerência. Eu acredito num sistema meritório; em que entre quem melhor se preparou. Não estou levando aqui em conta a questão da inclusão social, em que aqueles de menor renda, por não terem recursos, não têm como se preparar tão bem quanto quem tem dinheiro (e, mesmo nisso, faço minhas ressalvas: conheço pessoas que mesmo sem essas tão alardeadas condições privilegiadas, foram capazes de entrar em cursos difíceis, como Medicina e Direito).
É bastante óbvio, portanto, que seja contra o sistema das cotas, que também está sendo discutido no Congresso. Antes, contudo, que digam que minha opinião não é válida por eu pertencer à "classe média" e ser "branca caucasiana", deixem que eu vá até o fim em meus argumentos.
O ponto central da discussão não é abrir espaço para as minorias. Não é fazer justiça aos anos em que largamos o chicote no lombo dos escravos - aliás, até onde eu saiba, não cobramos dos descendentes as dívidas sociais que o precederam (ou, pelo menos, isso diz o Código Penal). Toda essa história de dar maiores oportunidades para a população negra, porque ela é uma "coitadinha" que sofreu a vida inteira nas mãos do colonizador branco é puro oportunismo.
O que se faz não é atacar a raiz do problema, mas dar um paliativo, um remédio a curto prazo que, mais à frente, se tornará uma polêmica ainda maior.
Em primeiro lugar, como é que podemos classificar quem tem sangue negro e quem não tem? Em segundo, o fato único de ser negro é já um pressuposto para ser pobre, ter estudado numa escola de baixa qualidade e não ter capacidade de entrar, por seu próprio esforço, numa universidade? Em terceiro, que tipo de preconceito se irá originar dessa lógica estranha em que a idéia de raça - que, cientificamente, NÃO EXISTE - é superior ao princípio da igualdade, princípio esse basilar da nossa própria idéia de Estado?
Ok, esse é o tema da próxima parte... Tô me adiantando...
Em todo caso... Do jeito que o ENEM está sendo proposto (ou, ao menos, propagandeado), ele é, sim, um avanço. A idéia é que se privilegie o raciocínio lógico, a capacidade de solução de problemas do aluno e não a simples memorização de fórmulas.
Por hora, podemos apenas esperar para ver e torcer para que o novo ENEM seja, realmente, tudo o que andam dizendo por aí...
Continua...
A questão da moda é o tal do novo ENEM, junto com a histeria da gripe suína (se bem que agora que já descobriram que não havia assim tanto motivo para a histeria coletiva, o assunto já está escorregando para fora das manchetes).
A confusão é grande, ninguém sabe ainda o que realmente esperar da prova. Até agora, contudo, só quem tomou uma atitude em vez de ficar arrancando os cabelos inutilmente foi, por incrível que se possa parecer, um partido político: o Democratas aqui do Recife entrou na Justiça Federal para fazer com que o sistema seja implantado para o vestibular de 2011 e não 2010 (lembrando que quem faz a prova esse ano é para entrar em 2010).
O negócio é o seguinte... o novo exame, ao menos da maneira com que está sendo alardeado, NÃO É RUIM. Uma prova que privilegie mais a lógica e a capacidade de argumentação à simples decoreba é sim, um avanço.
Sou totalmente a favor dessa reforma - não, é claro, para ser aplicado ainda esse ano (é ridículo pretender que do dia para a noite todo mundo vai poder se adequar ao negócio, quando passamos, no mínimo, três anos nos preparando para um específico tipo de exame). Não pensem que digo isso apenas pelo fato de que não sou uma vestibulanda, mas uma formanda; considerando que não tenho mais que me preocupar com entrar na universidade (só com sair, o que acontecerá até o final de junho), posso parecer muito à vontade em matraquear o que bem entender sobre o assunto.
É, contudo, uma questão de coerência. Eu acredito num sistema meritório; em que entre quem melhor se preparou. Não estou levando aqui em conta a questão da inclusão social, em que aqueles de menor renda, por não terem recursos, não têm como se preparar tão bem quanto quem tem dinheiro (e, mesmo nisso, faço minhas ressalvas: conheço pessoas que mesmo sem essas tão alardeadas condições privilegiadas, foram capazes de entrar em cursos difíceis, como Medicina e Direito).
É bastante óbvio, portanto, que seja contra o sistema das cotas, que também está sendo discutido no Congresso. Antes, contudo, que digam que minha opinião não é válida por eu pertencer à "classe média" e ser "branca caucasiana", deixem que eu vá até o fim em meus argumentos.
O ponto central da discussão não é abrir espaço para as minorias. Não é fazer justiça aos anos em que largamos o chicote no lombo dos escravos - aliás, até onde eu saiba, não cobramos dos descendentes as dívidas sociais que o precederam (ou, pelo menos, isso diz o Código Penal). Toda essa história de dar maiores oportunidades para a população negra, porque ela é uma "coitadinha" que sofreu a vida inteira nas mãos do colonizador branco é puro oportunismo.
O que se faz não é atacar a raiz do problema, mas dar um paliativo, um remédio a curto prazo que, mais à frente, se tornará uma polêmica ainda maior.
Em primeiro lugar, como é que podemos classificar quem tem sangue negro e quem não tem? Em segundo, o fato único de ser negro é já um pressuposto para ser pobre, ter estudado numa escola de baixa qualidade e não ter capacidade de entrar, por seu próprio esforço, numa universidade? Em terceiro, que tipo de preconceito se irá originar dessa lógica estranha em que a idéia de raça - que, cientificamente, NÃO EXISTE - é superior ao princípio da igualdade, princípio esse basilar da nossa própria idéia de Estado?
Ok, esse é o tema da próxima parte... Tô me adiantando...
Em todo caso... Do jeito que o ENEM está sendo proposto (ou, ao menos, propagandeado), ele é, sim, um avanço. A idéia é que se privilegie o raciocínio lógico, a capacidade de solução de problemas do aluno e não a simples memorização de fórmulas.
Por hora, podemos apenas esperar para ver e torcer para que o novo ENEM seja, realmente, tudo o que andam dizendo por aí...
Continua...
A Coruja
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Sobre
Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
A questão, Lulu, é que a maior parte dessas coisas provém de decisões meramente políticas, que passam longe da lógica ou do bom senso.
ResponderExcluirE, respondendo à sua pergunta deixada no Memórias: quanto aos vulcanos, pode ficar sossegada que assim que eu achá-los eu aviso a você, mesmo porque já faz um tempão que eu mesma procuro um para mim!!...
(Me perdi nas atualizações, que novidade)
ResponderExcluirA mudança para o ENEM está deixando muita gente que eu conheço perturbada de verdade, nos dois extremos. Enquanto minha irmã mais nova reza pelo ENEM para poder fugir do famigerado PSS 1 (em Alagoas nos fazemos o processo seletivo seriado, uma prova em cada ano do Ensino Médio), minha prima que mora em Recife xinga todas as gerações do gênio que decidiu que essa prova aconteceria em Outubro, uma data que vai de encontro a todo o calendário do colégio em que ela estuda e tira todas as oportunidades de ela ter férias tão cedo.
É difícil para quem já está na faculdade tomar parte no desespero do pessoal que está lidando com a mudança, mas a minha opinião é de que a implantação do ENEM no vestibular é uma boa idéia que veio num momento errado. Sim, é bom cobrar esses assuntos do aluno, mas para isso se deveria antes firmar a educação em nível mais primário no país, que todo mundo concordar que está muito mal.
Além disso, ainda há a possibilidade de abrirem-se mais turmas nas universidades, que me faz lembrar dos estudantes do curso de História na UFAL que andaram assistindo aula no corredor por falta de estrutura. Se é para se preocupar com o Sistema Educacional, eu acho que seria uma boa alguém se dar conta do sucateamento que algumas federais andam sofrendo... Não vai fazer diferença quantos alunos estão passando no vestibular se as universidades não têm condições de recebê-los decentemente.
E eu me empolguei nesse comentário porque ainda não atualizei meu blog (>.<') Espero que você realmente não se magoe com textos longos, porque é bem provável que eles se tornem freqüentes por aqui também... Por sinal, que memória você tem, pra lembrar de tantos detalhes da carreira, Lulu! =O Acabei recordando um bocado de coisa, da época que eu conheci suas fics, enquanto lia... Parabéns pela escolha dos temas, as postagens estão muito interessantes!
beijos...
Definitvamente uma mudança em cima da hora, mas isso por que tem eleições no ano que vem e é preciso mostrar serviço. Pobre de nos vestibulandos 2010 que seremos as cobaias como disse um professor do meu cursinho. É um saco essa mudança, mas de modo geral pra quem estuda não deve afetar em nada, se esta estudando e não decorando, certo? Bem, sei lá, vou fazer todas essas provas malucas no fim do ano e seja o que Deus quiser ;P
ResponderExcluirHahaha, fico feliz por você se lembrar de mim Lulu, como o Rafa disse você tem uma baita memoria ^^