19 de outubro de 2022
Livros para ler no Halloween
Chegou de novo aquela época mágica do ano, quando desenterramos do túmulo as máscaras de caveira, afiamos os caninos, uivamos para a lua cheia e preparamos um bom caldeirão de… guloseimas! Sim, sim, meus caros, estou falando do Dia das Bruxas.
Embora conheça as origens religiosas (e pagãs) do feriado, o que gosto do Halloween é que, de uma certa maneira, ele se tornou uma época para explorar a criatividade, compartilhar histórias (muitas vezes assustadoras), sair do comum e vestir nossas fantasias. E, bem, como brasileiro é brasileiro, virou uma espécie de grande carnaval do terror.
Meu condomínio promove já há alguns anos uma festa, com as crianças a caráter, batendo de porta em porta; vizinhos combinando decorações para os halls; concurso de fantasia e música (e sempre há um momento de desvario coletivo ao som de Thriller). Já estou na expectativa para a desse ano.
Claro, em termos literários, temos um gênero inteiro que serve bem ao tema: horror/terror. E não posso me esquecer do projeto idealizado alguns anos atrás pelo Neil Gaiman, o All Hallow’s Read, que tem por proposta o presentear de livros no Halloween (eu mesma tenho sempre programada uma troca de presentes para essa época, com uma caixa bem recheada de travessuras e gostosuras…).
É no espírito dessa brincadeira que hoje tem trio de recomendações literárias no estilo do que fazemos para as estações.
Bem, eu tinha várias linhas para explorar como indicação aqui - e, para quem for curioso, há umas trocentas indicações cá no Coruja. Mas decidi começar do ‘básico’ e aproveitar o gancho do Victober - um desafio literário que une outubro a era vitoriana -, de forma que falarei de três clássicos do período.
Jane Eyre, de Charlotte Brontë
Começo com um romance de amadurecimento repleto de questões espirituais; tanto de um ponto de vista filosófico e moral quanto sobrenatural. Falo de Jane Eyre, claro, clássico de 1847 que está completando 175 anos agora em outubro.
Boa parte dos cenários pelos quais nossa protagonista transita são de arrepiar a espinha - seja pela grandiosidade solitária de casarões e charnecas, seja pela crueldade fria com que Jane é tratada em mais de uma ocasião. E há cenas de congelar o sangue nas veias, como quando ela é trancada num quarto assombrado, para nada dizer do riso insano de quem vive no sótão…
Jane Eyre é um livro que rende muitas reflexões e debates, mas é também um daqueles volumes que te prende na cadeira ansioso por mais e mais um capítulo. É daquelas leituras que merece ser revisitada de tempos em tempos e deixa marcas em seus leitores. Imperdível.
Drácula, de Bram Stoker
O vampiro de Bram Stoker está entre as obras seminais do horror. Outros sugadores de sangue vieram, antes e depois, mas poucos tiveram o impacto do conde, que paira acima de todos como um grande patriarca maldito.
Uma das coisas que acho interessante na leitura de Drácula é que a história é narrada através de cartas, diários, recortes de jornal. Não se trata de uma narrativa linear, os narradores não são particularmente confiáveis, e o que adivinhamos das entrelinhas faz muito pelos calafrios que sentimos enquanto avançamos no conto.
2022 também é um ano repleto de efemérides importantes envolvendo o livro (o que é uma excelente desculpa para passar a releitura na frente de todos os que estão esperando na fila para serem lidos pela primeira vez…): agora em novembro são 175 anos do nascimento de Stoker - em abril, foram os 110 de sua morte -; o próprio livro completou 125 anos da primeira publicação, em maio.
Sou particularmente apaixonada pela adaptação do Coppola para a história, com Gary Oldman no papel título - e que também está fazendo aniversário, 30 anos em dezembro. Esse filme teve a grande sacada de dar a Drácula um passado e uma razão de ser, humanizando o personagem de tal maneira que chegamos a torcer pelo ‘monstro’.
O Cão dos Baskervilles, de Arthur Conan Doyle
Comecei essa lista com romance, continuei com horror e vou agora para o policial - mais um, aliás, que completa aniversário, 120 anos desde sua publicação em 1902. Embora de gêneros diferentes, todos os livros têm um pezinho no sobrenatural, afinal, estamos falando de All Hallow’s Read, não é verdade?
Nesse romance, Sherlock Holmes e seus doutor Watson investigam um caso que envolve maldições de família e um cão espectral capaz de parar o coração de qualquer um (literalmente falando). Embora haja uma explicação racional ao final, o famoso detetive não desconta como ridícula a possibilidade do assombroso - o que faz sentido, considerando as próprias crenças de seu autor.
Estou devendo uma nova leitura (e resenha) desse livro, porque, da última vez que escrevi sobre ele, eu tinha uma percepção completamente diferente da que tenho hoje em dia em se tratando de Sherlock. Enfim, dos três indicados de hoje, ele é o mais curtinho, sendo possível devorá-lo numa sentada só.
E por hoje findamos! Mas me digam por aí: quais são suas leituras de preferência para a ocasião?
A Coruja
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Olá!
ResponderExcluirNossa, que condomínio divertido, rs.
Estava morrendo de vontade de ler Jane Eyre, então vou usar seu post como o motivo final para iniciar essa leitura ainda nesta semana, rs.
Até mais,
Samantha Monteiro
Degrau de Letras.
Pois é, como é um condomínio grande, tem uma área comum também bem grande onde dá para fazer todo tipo de coisa... e o pessoal é bem festeiro, tudo aqui é desculpa para fazer uma farra...
ExcluirFico sempre feliz em convencer pessoas a lerem Jane Eyre. Quando eu descobri esse romance, fiquei completamente apaixonada. É uma história dolorida, mas a Jane é uma figura tão determinada, tão poderosa... e a escrita da Charlotte encanta muito. Espero que você aproveite a leitura (e não se assuste muito com todos os espectros que pairam sobre a história...).