2 de junho de 2020
Quando é preciso dizer o óbvio
Passei os últimos dias afastada de notícias para lidar com o luto - faz menos de uma semana que minha tia faleceu por causa do covid - e assim que voltei a me inteirar do que estava acontecendo, fiquei a me perguntar se não teria sido melhor ficar na ignorância.
Mas ficar na ignorância não resolve, e ficar calado enquanto a democracia é sistematicamente atacada, enquanto caminhamos a passos largos para o autoritarismo, também não. Afinal, qual é o ponto do qual não se pode mais retornar? Qual a linha que traçamos para dizer: a partir daqui, não dá mais?
Que somos antifascistas deveria ser algo óbvio, algo que nem seria preciso externar. Qualquer pessoa com o mínimo de inteligência e conhecimento de História deveria ser: os erros do passado estão todos aí para nos ensinar o que o fascismo significa afinal. Mas nos dias que vivemos, conhecimento, capacidade de interpretação, empatia, são artigos em falta. Ou talvez seja o fato de que a minoria que é incapaz - ou maliciosamente ausente - de tais atributos faz mais barulho.
Vivemos tempos interessantes: e tal dito é uma maldição, não uma benesse. Ser testemunha ocular da história é viver numa época de intolerância, de convulsões sociais, de guerra, inquietação, revolução. Mas às vezes é necessário acender o rastilho de pólvora para que as coisas explodam e enxerguemos os problemas que preferimos ignorar no dia-a-dia.
Então sim, é preciso se pronunciar, é necessário dizer o óbvio. É preciso mostrar que somos muitos e que não vamos assistir em silêncio às fanfarras autoritárias. Fascistas não passarão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Sobre
Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Parabéns pelo posicionamento. Minha admiração pelo trabalho de vocês só cresce!
ResponderExcluir