22 de agosto de 2015

Para ler: Waterloo


Em seu primeiro trabalho de não ficção, Bernard Cornwell combina suas habilidades narrativas com uma pesquisa histórica meticulosamente construída para apresentar a descrição de cada momento dramático da batalha de Waterloo, desde a fuga de Napoleão de Elba até o resultado da matança nos campos de batalha. Por meio de trechos de cartas e diários do imperador Napoleão, do duque de Wellington e de soldados e oficiais comuns, Cornwell dá vida à sensação de como foi travar as famosas batalhas. Sua riqueza de detalhes e relatos pormenorizados dos confrontos esclarecem as idas e vindas desses quatro dias. É uma história de decisões-chave e momentos de incrível bravura de ambos os lados, que mantiveram indeterminado o resultado final até o derradeiro embate.

Publicado para coincidir com o bicentenário do confronto, Waterloo é uma história tensa e emocionante de heroísmo e tragédia, e da batalha final que determinou o destino da Europa.

Que sou uma fã do Napoleão Bonaparte, é possível que todo mundo que freqüenta o Coruja já saiba. Admiro o homem, sua determinação, ambição, seu gênio estratégico, sua disposição em enfrentar adversidades, seu imenso carisma. Menos conhecida talvez seja minha inclinação a ser fangirl de Arthur Wesley - posteriormente rebatizado de Wellesley -, o Duque de Wellington.

Como político, Wellington não foi particularmente inspirador, mas o Duque de Ferro foi um grande estrategista militar. Até a batalha de Waterloo, ele não enfrentara Napoleão diretamente, mas suas vitórias contra os generais do imperador - especialmente na Península Ibérica - lhe deram o epíteto de 'o conquistador do conquistador do mundo'.

(Em termos de dedução lógica, isso significa que eu sempre cairei de amores por campeões de War? Mas, enfim...)

Considerando o fato de que tenho ambos como ídolos, é meio surpreendente que, antes de ler o livro de Cornwell, meu conhecimento sobre Waterloo se restringia a "foi a batalha decisiva em que Napoleão foi derrotado pelas forças aliadas de ingleses e prussianos comandandas pelo Duque de Wellington". Assim, aproveitando a publicação do livro em meio às comemorações dos duzentos anos da batalha, eu não poderia deixar de solucionar esse lamentável lapso em minha educação.

Waterloo é o primeiro livro de não ficção de Cornwell e aqui ele traz não apenas uma rica pesquisa histórica - inclusive de estratégia militar - como também sua experiência como romancista. Ele não despeja fatos simplesmente, mas os encadeia de forma a criar uma narrativa coesa (e coerência e coesão nem sempre são prerrogativas de relatos de guerra); alia as descrições técnicas a impressões pessoais, contrabalanceando-as com pequenas anedotas sobre as pessoas que participaram do conflito.

Há fatos, sim, mas também relatos em primeira mão dos soldados que estiveram : fragmentos de diários, de cartas, mensagens, memórias... o que nos convida a enxergar mais que as figuras históricas, mas sua humanidade.

Foi assim que descobri que Wellington estava no meio de um baile quando chegou a confirmação de que os franceses tinham começado a invasão. Que o comandante do exército prussiano, já passando dos setenta anos, por vezes tinha delírios em que achava estar grávido de um elefante (não, você não leu isso errado). Que o Conde d'Erlon, com seus 22 mil homens poderia ter sido decisivo em qualquer das duas frentes que antecederam o grande choque dos exércitos em Waterloo, mas passou o dia andando de um lado para o outro sem ajudar em nada por falhas de comunicação.

É um livro muito interessante para quem gosta de história militar. E não é uma narrativa seca; o Cornwell sabe como encaixar os fatos para tirar o máximo proveito dramático do que aconteceu - então mesmo que você não tenha interesse em estudar a história daquele portentoso dia, vale à pena pela forma como ele encontra para contá-la.

Nota:
(de 1 a 5, sendo: 1 – Não Gostei; 2 – Mais ou Menos; 3 – Gostei; 4 – Gostei muito; 5 – Excelente)

Ficha Bibliográfica
Título: Waterloo
Autor: Bernard Cornwell
Tradução: Bruno Casotti
Editora: Record
Ano: 2015

Onde Comprar

Amazon || Cultura || Saraiva || Submarino


A Coruja


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2 comentários:

  1. Oi, com certeza lerei o livro. Gosto muito de livros que narram algum fato historico, ainda mais com personagens interessantes.
    Inclusive, existe um site de cursos on-line, gratuitos e de universidades importantes que oferece um curso chamado WELLINGTON AND THE BATTLE OF WATERLOO, e um curso ministrado pela Universidade de Southampton (https://www.futurelearn.com/courses/wellington-and-waterloo/1/todo/2089).
    Confesso que ainda nao o iniciei, apesar de ja estar inscrita. Mas nao foi falta de vontade e sim de oportunidade. Ter filho e marido e acompanhar cursos on-line sao realidades que nunca se combinam. Mas se te interessar, vale muito a pena...
    O site da Future Learn (que oferece varios cursos legais e este: https://www.futurelearn.com/
    Eles irao iniciar inclusive um curso sobre os contos de Hans Christian Andersen (tambem ja estou inscrita...kkkk)

    Bom e isto ai...
    Me desculpe pela falta de acentos, mas agora que moro aqui nos EUA os teclados nao permitem acentuacao e eu ainda nao consegui mudar isso... :(

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    Respostas
    1. Mariana, sem problemas para os acentos. Agradeço MUITO as indicações, adorei saber sobre esses cursos... ando meio enrolada por agora, mas acho que tentarei me inscrever em pelo menos um deles...

      Também adoro esses livros que narram fatos históricos - mesmo que romanceada, como a série Ramsés ou Os Patriotas, do Max Gallo...

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