1 de novembro de 2014
Gazeta de Longbourn Apresenta: Para Celebrar Jane Austen
Os textos críticos reunidos neste livro são resultado de uma pesquisa financiada pelo CNPQ, através de bolsa de produtividade em pesquisa.
Os textos abordam questões fundamentais dos romances de Jane Austen, publicados entre 1811 e 1818, como a relevância das protagonistas-mulheres e a necessidade de tornar seus anseios e suas subjetividades visíveis, bem como o uso inovador que Austen faz dos recursos metalinguísticos e metaficcionais, a exemplo da paródia.
A discussão também aproveita a relação contemporânea entre Austen e a adaptação audiovisual, sobretudo aquela realizada pelo cinema.
As frequentes adaptações de romances da autora atestam a atualidade das questões que ela aborda, a exemplo do autocontrole da emoção, da necessidade do discernimento crítico, mas também de experiências, ainda que sutilmente expressas, ligadas à sexualidade, ao erotismo; também de questões mais amplamente políticas, como a crítica ferrenha à hipocrisia e ao imperialismo da sociedade inglesa pré-vitoriana.
Acho que descobri esse livro por um comentário feito pela Lílian, da JASBRA/PB na comunidade da Jane Austen pelo Facebook ou em alguma conversa em algum dos encontros da sociedade. Fiquei curiosa (obviamente), pois não apenas se tratava de um livro de crítica e análise literária – gênero de que gosto muito – como também era uma produção nacional.
Demorei um pouco para consegui-lo, porque quando tentei comprá-lo pela primeira vez, ele já tinha se esgotado. Esperei um tempo, e fui procurá-lo de novo – não me lembrava exatamente o site em que ele estava sendo vendido, de forma que joguei no Google e aí descobri que ele estava disponível pela Livraria Cultura. Uma vez que pedindo pela livraria, eu podia solicitar a entrega na loja e assim escapar do frete, encomendei-o. Demorou quase um mês para ele chegar, mas foi uma espera que valeu à pena.
O livro é uma coletânea de artigos focados especialmente em Orgulho e Preconceito, A Abadia de Northanger e Mansfield Park, incluindo excelentes análises acerca do papel feminino nas obras, o uso de recursos metalinguísticos, e entre os livros e as adaptações que foram feitas dos mesmos.
Em alguns pontos, é um livro mais técnico do que outros volumes de crítica sobre a Austen que já li – o que faz sentido, visto que são artigos científicos, produzidos por uma pesquisa financiada pelo CNPq. Mas o texto é suficientemente claro para ser compreensível mesmo para aqueles que não conhecem as teorias literárias e citações da autora.
Encontrei algumas das minhas próprias interpretações sobre certos eventos do romance com maiores argumentos e muito bem destrinchados e descobri outros pontos de vista em que não tinha pensado antes. Curiosamente, ao terminar o livro, senti uma enorme vontade de rever Palácio das Ilusões e reler Mansfield Park à luz das considerações feitas pela autora.
A única reclamação que tenho a fazer de Para Celebrar Jane Austen é que ele é um livro pequeno. São pouco mais de cem páginas, mas são cem páginas de dar água na boca. Um excelente volume de referência, sem dúvida alguma.
A Coruja
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