23 de agosto de 2014

Para ler: Palavra por Palavra

Eu lia mais do que as outras crianças, deleitava-me com livros. Eles eram meu refúgio. Ficava sentada pelos cantos lendo, em transe, perdida nos lugares e nas épocas a que os livros me transportavam. E houve um momento durante o segundo ano do ensino médio em que comecei a acreditar que podia fazer o que os outros escritores estavam fazendo. Passei a acreditar que, com um lápis na mão, talvez fosse capaz de fazer algo mágico acontecer.

Então, escrevi algumas histórias realmente terríveis.
Quando li The Books They Gave Me, esse título apareceu em vários dos relatos feitos, todos sempre muito elogiosos. Eu não sabia exatamente do que se tratava a história, mas coloquei-a na minha lista de futuras leituras e depois de alguma pesquisa descobri que ele tinha sido traduzido no Brasil e que se tratava de um livro sobre o ofício de escrever.

Aí ele apareceu para troca no Skoob e não tive dúvidas, solicitei-o de imediato. Aliás, esse sistema de troca de livros foi uma das melhores coisas que inventaram em muito tempo; ano passado eu recebi através de troca mais de vinte livros e todos eram bons títulos e estavam em excelente estado, muitos praticamente novos.

Em todo caso... vamos ao livro.

Palavra por Palavra é uma espécie de oficina para escritores, repleto de excelentes dicas e exercícios. Ao mesmo tempo, é o relato pessoal de uma pessoa que ama livros, que ama lê-los e ama escrevê-los; é um convite a se arriscar no mundo das palavras, é uma declaração de amor, é o compartilhar de experiências e confissões.

É um guia, mas sem o didatismo de um manual, divertido, inteligente e incrivelmente empático. Gostei imensamente do estilo despojado, ligeiramente ácido da autora – tanto que vou buscar outros volumes dela.

O engraçado é que eu reconheci muitas das técnicas que eu mesma uso para escrever nas lições dela. Escrever sempre, escrever todo dia, escrever, escrever, escrever. Mesmo que meu trabalho não seja de uma escritora de romances, toda peça processual que escrevo começa com uma ‘história’ (a síntese da demanda) e isso não deixa de ser um exercício – pela forma como uso a linguagem, e como preciso manter-me concisa e clara.

Não contando petições e recursos diversos, se não escrevo todo dia, posso dizer que escrevo alguma coisa ao menos toda semana. Ultimamente são principalmente resenhas (nas quais não deixo de contas historinhas, se é que já não perceberam...), mas também há contos e idéias soltas para recolher e tentar fazer sentido.

Seja como for, vou tratar de utilizar algumas das lições da Lamott. Lições essas, aliás, que me deram ainda mais vontade de fazer um novo projeto no estilo de Na sua estante - que, ao final das contas, era, para mim, um contínuo exercício de escrita.

Recomendo fortemente Palavra por Palavra para todos que gostam de escrever. Para todos que sonham, que se frustram, que revisam, que escrevem e reescrevem, para o Dé, para a Ísis, para a Dani (e creio que algumas das coisas que a autora diz também se aplicam a outras formas de criação, como o desenho, filhota), todo mundo.

Agora, deixa eu ir ali começar a escrever...


A Coruja


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