24 de setembro de 2013
Clube do Livro (Setembro): O Mágico de Oz
Mais um título para a minha coleção de “livros que eu queria ter lido na infância”...'Mas já tive cérebro e um coração também. E tendo experimentado os dois, prefiro o coração.'
Curioso, embora seja um clássico absoluto, tanto no cinema quanto na literatura, eu nunca tinha lido (nem assistido) O Mágico de Oz. Conhecia a história de muito tempo, claro, embora não saiba precisar como – ao final das contas, Dorothy e companhia são parte daquilo que conhecemos como imaginário coletivo, então eu provavelmente os tinha na cabeça por osmose – e um dos meus livros favoritos tem uma visão alternativa da figura da Bruxa Má do Oeste antes de Dorothy chegar a Oz.
É provável que, se eu tivesse recém-lido Maligna e o original de Frank Baum em seguida, eu teria torcido completamente o nariz. A versão do Maguire é pesada, com um forte verniz político, para não falar da fase ‘sexo, drogas e rock ’n’ roll’ de Elphaba e Glinda... Mas como faz muito tempo que peguei nesse livro (tô precisando reler...), não tive muitos problemas com a ingenuidade de O Mágico de Oz.
A história escrita por Baum é bastante infantil, especialmente em algumas das reações da Dorothy, que não vê maldade em nada nem ninguém – o que é curioso, porque há várias mortes pelo caminho, duas das quais provocadas por ela mesma, o que demonstra bem a crueldade daquele mundo.
Mais que Dorothy, contudo, os personagens que roubam a atenção são seus companheiros: o Espantalho que busca um cérebro, o Homem de Lata que deseja um coração e o Leão que quer coragem. Dos três, o Espantalho e o Homem de Lata são os que têm mais profundidade e mais apelo emocional.
Eu fiquei de coração partido pela história do Homem de Lata. Não me lembrava (ou não sabia) que ele tinha sido antes um homem. Apesar da falta de coração, ele é o personagem mais sensível e mais doce de todos, com uma delicadeza que não se vê todos os dias. O Espantalho me fez pensar em Sócrates: sendo ele totalmente consciente de sua ignorância (a falta de cérebro), ainda assim ele é o mais sábio do grupo, e responsável por praticamente todas as boas idéias que os salvam ao longo da jornada.
O Mágico, por sua vez, é um personagem que merecia um inteiro ensaio sobre ele. A princípio, tido como um benévolo guardião, ele se revela um mentiroso enganador de primeira. Ele é político: sabe o que dar à multidão e manipula a pequena sociedade levada por Dorothy a sua cidade com uma maestria que bem demonstra os anos no poder. A depender do ponto de vista, ele me parece mais vilanesco do que as bruxas más, porque pelo menos elas não enganavam ninguém dizendo que sabiam o que era melhor para elas.
Ainda assim, a despeito de todas essas questões que eu possa levantar, eu gostei de O Mágico de Oz. Acho que é um livro que cabe melhor à infância, mas que apela a um certo sentimento de nostalgia. É uma leitura rápida – eu li em pouco mais de uma hora, de capa a capa, com uma rápida parada para o jantar – e leve. Recomendada para dias de chuva, trovões e furacões, quando um pouco de nostalgia e inocência podem fazer toda a diferença do mundo...
A Coruja
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