16 de outubro de 2012
Para ler: A Última Tentação
Steven é um garoto medroso. Do tipo que tem medo até mesmo de sua própria sombra. O que não é exatamente uma qualidade que você quer demonstrar na frente de seus colegas de turma que você quer impressionar para assim “fazer parte da turma”. Talvez por isso ele tenha sido o escolhido. Por isso o reflexo no espelho conversa de volta com ele. É necessário um tipo de estupidez e covardia muito específicas para que alguém seja impelido à coragem necessária para entrar no Teatro do Real.Steve era um garoto comum, até o dia em que conheceu o Teatro do Real e seu estranho Mestre de Cerimônias. O enigmático homem (ser? entidade?) apresenta a Steve um mundo misterioso, onde quase tudo é possível, desde que se pague o preço exigido. Será que Steve deve trocar sua vida patética por uma nova realidade, cheia de emoções? E o Mestre de Cerimônias? Estará ele dizendo toda a verdade? E quanto a todas as crianças que vêm desaparecendo da cidade em intervalos regulares, desde 1884?
Fiquei surpresa quando descobri esse livro numa banca do SANA em janeiro passado. Como uma colecionadora devota de tudo o que tem o nome de Neil Gaiman na capa, sabia da existência desse título, mas achava que ele estava esgotado e as poucas vezes em que o tinha visto (usado), estava a preços exorbitantes. Mas lá estava ele, novo, e ainda em promoção. O que mais poderia fazer eu além de enfiá-lo debaixo do braço?
A Última Tentação é um livro curioso não apenas por sua história de sonho e pesadelo, de apresentadores mefistofélicos e ofertas sedutoras que parecem te dar de bandeja uma vida de delícias, em que nunca se tenha de crescer e assumir responsabilidades – mas ao custo de sua alma e de uma eternidade numa prisão feita de ilusões engendradas por sua própria mente (afinal, 'nada é de graça').
A forma como foi concebida a história é algo único – ao menos em minha experiência-: foi um projeto desenvolvido em conjunto com o músico Alice Cooper, onde a graphic novel servia como acompanhamento para um álbum de mesmo título. Não à toa é que o artista dá seu rosto ao Mestre de Cerimônias mefistofélico do teatro.
Se Steven fará como Fausto e entregará sua alma nas mãos do mestre de cerimônias ou afinal decidirá enfrentar seus próprios medos e crescer é algo que você pode talvez prever (ou não, considerando quem está por trás da história...). Mas se há algo previsível, o humor negro e a arte sóbria do álbum fazem-no valer à pena.
Pontos extras para quem ler ouvindo as músicas do álbum de Cooper: não é um estilo que faz muito minha praia, confesso, mas ouvi-la como acompanhamento para a história é certamente uma experiência interessante.
A Coruja
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