15 de outubro de 2011

Meme Literário: Dia 15 - Qual é o seu vilão literário favorito?


Dia 15 – Qual é o seu vilão literário favorito? Por que?

Cara, essa é difícil, há vários que me vêm à mente agora, mas três, em especial, se destacam na minha lista. Curiosamente, os três estão relacionados porque, de certa forma, serviram de inspiração uns para os outros ou têm a mesma base mitológica.

Em terceiro lugar seria a Sra. Coulter, da trilogia Fronteiras do Universo do Philip Pullman. Ela é uma personagem extremamente ambígua, forte, que não mede esforços em realizar seus objetivos – mesmo que isso signifique mentir, manipular e colocar em risco a própria filha. Ela é passional, envolvente, sedutora e você nunca sabe o que fará a seguir.

Em segundo lugar seria Morgoth, que é a figura sombria central em Silmarillion e Os Filhos de Hurin. Um verdadeiro anjo caído cheio de poder e malícia, Morgoth é responsável pela corrupção dos elfos e homens que se transformaram em orcs; pela morte das duas Árvores em Valinor; suas ações levaram a alguns dos eventos mais tristes e tenebrosos da história da Terra-média. Mas ele ganha seu lugar aqui pela maldição que lançou sobre Hurin, da casa dos Homens, que ousou enfrentá-lo, bem como sobre toda a sua descendência. O ódio, a criatividade de Morgoth em sua vingança... sério, o cara não faz nada pela metade...

Em primeiro lugar vem o arquétipo de todos esses personagens. Pullman é confessadamente inspirado aqui e Tolkien usou o mesmo mito judaico-cristão. Estou falando do Satã/Lúcifer miltoniano do poema épico Paraíso Perdido.

Há algo de sublime nesse anjo caído quando volta a se levantar, logo após sua queda, já planejando levar os recém-criados Adão e Eva ao mesmo caminho que ocasionou sua queda, ao mesmo inferno em que foi jogado.

Não consigo explicar como Milton conseguiu fazê-lo, mas a verdade é que Lúcifer é o personagem com quem mais sentimos empatia no livro; é impossível não torcer por ele, em não se assombrar com sua figura poderosa, sábia, cheia de uma dignidade ferida, ainda bela de contemplar. E é difícil de aceitar quando você vê ele tomar a forma da traiçoeira serpente, perdendo sua majestade de forma tão tola e mesquinha...

Lúcifer não é um vilão, mas O Vilão, considerando sua posição representando o mal supremo e a corrupção. É irônico, realmente, que de todos os personagens no livro, ele seja o personagem mais humano, com quem somos mais capazes de nos identificar.


A Coruja


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