18 de maio de 2011
Desafio Literário 2011: Maio - Livro-Reportagem || 1822
Um livro que desvenda os acontecimentos históricos com uma metodologia sem falhar e que se lê com um sorriso nos lábios. O livro 1822 pretende mostrar que país era este que a corte de D. João deixava para trás ao retornar a Lisboa, em 1821. Vai falar do Grito do Ipiranga, das enormes dificuldades do Primeiro Reinado, da abdicação de D. Pedro, em 1831, sua volta a Portugal para enfrentar o irmão, D. Miguel, que havia usurpado o trono, e a morte em 1834.
Relutei um bocado em ler os dois volumes de História do Brasil do Laurentino Gomes - 1808 e 1822 - por nenhum outro particular motivo além do fato de que tenho um verdadeiro pavor de tudo o que está “na moda”.
Para vocês terem uma idéia da minha teimosia, cabeça-dura e obstinação (ela é tão grande que preciso de um pleonasmo), não queria ler Harry Potter quando a série foi lançada aqui no Brasil (até porque, à época, estava numa fase egípcia...) – só dei o braço a torcer mais de um ano depois do boom potteriano e isso porque ganhei A Pedra Filosofal de um professor que eu adorava, o que automaticamente significava que tinha de ler para comentar com ele depois.
Claro que tia Rowling me fisgou e quando vi, estava comprando o segundo e terceiro livro e lendo tudo ao mesmo tempo, até o ponto em que minha mãe confiscou O Prisioneiro de Azkaban porque eu estava em semana de provas.
Não tenho uma explicação racional para essa minha cisma.
Mas, voltando ao assunto... embora eu mesma não tenha me interessado em comprar os já citados volumes, ganhei os dois (na verdade, cheguei a ganhar duas cópias iguais do segundo livro, porque ele foi lançado exatamente na época do meu aniversário) – e eles ficaram ali na estante, me encarando, até que ano passado finalmente li 1808 e coloquei 1822 na lista do Desafio Literário 2011.
O motivo pelo qual ganhei esses livros é o mesmo motivo pelo qual, embora tenha me agradado deles, não posso dizer que eles se tornaram favoritos. Na verdade, eu não os teria comprado, mesmo que não tivesse ganhado de presente.
Já observei que adoro estudar História, ler livros que aprofundam temas específicos que me interessam. Tenho quase toda a coleção das eras de Hobsbawn (só falta um...); volumes sobre mitologia e estudo das religiões, sobre a política explosiva no Oriente Médio, sobre cultura árabe, sobre diplomacia e guerra (e estratégias de guerra), sobre a Resistência Francesa, sobre Templários, sobre a Idade de Ouro dos faraós egípcios... E isso tanto em livros de ficção quanto não-ficção.
Minha grande ambição, no momento, é adquirir a inteira coleção de História da Vida Privada.
Agora... 1822 é um excelente livro para quem está, pela primeira vez desde os bancos escolares, entrando no tema da História Brasileira. É acessível, saboroso e desperta curiosidade para que você procure outras fontes. São capítulos curtos, com linguagem bastante direta, repleto de notas explicativas e recheado de curiosidades que estão lá exatamente para fisgar sua atenção.
Em outras palavras, ele é um aperitivo. E aí é que está o problema: eu estou no prato principal já faz algum tempo (e eu tenho de parar de usar metáforas culinárias nessas minhas resenhas...).
Não estou querendo ser chata ou metida. A questão é que os fatos contados no livro, eu já conheço de outros carnavais, em análises bem mais detalhadas e profundas. Por mais injusto que seja comparar Laurentino Gomes com Boris Fausto, foi isso que fiz o livro inteiro – e é claro que o Laurentino sai perdendo nessa comparação.
Não ajuda também o fato de que não sou tão fã assim de história brasileira para ficar repetindo livros sobre o mesmo assunto. Fora o Rui Barbosa e o Barbosa Lima Sobrinho, não gosto particularmente de nenhum estadista brasileiro – em compensação, tenho uma bizarra afeição por Napoleão e Churchill a qual também não sei dar nenhuma explicação lógico-racional.
Digresso... O que realmente quero dizer com tudo isso é... recomendo 1822 (e 1808 também, por tabela) para todos que queiram uma introdução a um dos períodos históricos mais importantes para formação de uma identidade nacional. Entender o Brasil de hoje passa obrigatoriamente por esses dois marcos – nossa história seria completamente diferente sem a chegada da corte portuguesa, que deu gosto de liberdade aos brasileiros; e a independência protagonizada por D. Pedro I, sem cuja figura centralizadora nosso território teria, muito provavelmente, se esfacelado, e eu lhes estaria escrevendo da República Confederativa Equatoriana (ou qualquer outro título sugerido por Frei Caneca e demais companheiros).
E, no final das contas, se vocês precisam de mais motivos, é sempre bom lembrar que para entender o presente e preparar o futuro, temos de conhecer o passado. Agora me despeço, antes que me saia com mais clichês...
Nota: 4
(de 1 a 5, sendo: 1 – Péssimo; 2 – Ruim; 3 – Regular; 4 – Bom; 5 – Excelente)
Ficha Bibliográfica
Título: 1822
Autor: Laurentino Gomes
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2010
Número de páginas: 352
A Coruja
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Sobre
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Lu,
ResponderExcluirsou meio parecido com você: "temo" as coisas da moda...Mas esse, é o que queria te contar, li com avidez por razão bem pessoal: o Laurentino foi quem me convidou para trabalhar na Veja, em 1991. Foi meu chefe, me ensinou muitas coisas e acabei me tornando amigo dele. Cada um seguiu sua vida, até que o revi aqui em BSB no lançamento de um dos volumes...Um dia vc, agora escritora como ele, terá o prazer de conhecê-lo... Apresentados por mim, claro...Bjs
Sou fã das suas resenhas...dá vontade de pegar o livro e ler agora. Tenho o primeiro de Laurentino Gomes que ganhei de meu pai. Como você, não sou uma fã ardorosa da História do Brasil, mas como amante do conhecimento, tenho certeza de que irei saborear essa leitura.
ResponderExcluirBeijocas