18 de abril de 2011
Desafio Literário 2011: Março - Ficção Científica || Soulless
Alexia Tarabotti is laboring under a great many social tribulations. First, she has no soul. Second, she's a spinster whose father is both Italian and dead. Third, she was rudely attacked by a vampire, breaking all standards of social etiquette.
Where to go from there? From bad to worse apparently, for Alexia accidentally kills the vampire -- and then the appalling Lord Maccon (loud, messy, gorgeous, and werewolf) is sent by Queen Victoria to investigate.
With unexpected vampires appearing and expected vampires disappearing, everyone seems to believe Alexia responsible. Can she figure out what is actually happening to London's high society? Will her soulless ability to negate supernatural powers prove useful or just plain embarrassing? Finally, who is the real enemy, and do they have treacle tart?
SOULLESS is a comedy of manners set in Victorian London: full of werewolves, vampires, dirigibles, and tea-drinking.
Não faço a menor idéia de como foi que encontrei esse livro. Tenho impressão de que estava pesquisando por alguma coisa sobre a era vitoriana... ou então foi alguma das duzentas newsletter de editoras que recebo por e-mail. A capa foi a primeira coisa que me chamou a atenção, aquele “uma novela de vampiros, lobisomens e sombrinhas”. E, claro, tinha alguma coisa sobre dirigíveis e golens, tudo isso na paisagem londrina que deu vida a personagens como Sherlock e Jack, o estripador.
Enfim, a receita tinha ingredientes tão ridiculamente díspares que acabei me interessando e coloquei o título na minha lista de “livros a ler” – que é algo assim, tipo o trabalho de Sísifo. Como o livro era vendido como ficção científica, não precisei de muito mais encorajamento para colocá-lo na lista do Desafio Literário 2011.
Soulless é um daqueles livros tipo assombração: eles puxam seu pé de noite e não te deixam dormir até que você faça o que eles querem, ou, em outras palavras, até que sejam completamente devorados. O que é realmente um problema, porque ter crises de riso às quatro da manhã não é nada saudável: o esforço que você faz para abafar as risadas a fim de não acordar o resto da casa pode lhe causar asfixia e taquicardia.
Minha conclusão final sobre o livro foi a de que ele era um tipo ‘romance de banca’ - misturado com criaturas sobrenaturais, preternaturais e mecânicas, mas, ainda assim, um romance rasgado, com quilos e quilos de tensão sexual e humor totalmente voluntário. Para ser sincera, a Gail Carriger em seus melhores momentos me lembrou muito Julia Quinn e Lisa Kleypas.
A verdade é que depois de Admirável Mundo Novo, eu precisava exatamente disso.
Ok, sobre a história! Bem, no mundo de Soulless, vampiros, lobisomens, fantasmas e outras criaturas do gênero estão perfeitamente integradas à sociedade inglesa – desde que, claro, se vistam bem. A rainha Vitória até mantém conselheiros do tipo e existe um Bureau de Registro Não-Natural (Bureau of Unnatural Registry - BUR), que é uma divisão do Serviço Civil do Estado.
Não que isso signifique que eles são bonzinhos ou coisa do tipo. Lobisomens continuam agindo por instinto e, quando na lua cheia, perdendo completamente qualquer vestígio de sanidade e vampiros estão mais interessados em controle e poder e não saem por aqui saltitando por bosques floridos.
Miss Alexia Tarabotti, nossa protagonista, é uma Sem Alma, uma criatura preternatural, característica que herdou do pai italiano. Isso significa que toda vez que ela tem contato físico com um sobrenatural, ela “nulifica” seus poderes, tornando-os mortais (não humanos, percebam a diferença, mas mortais). Em outras palavras, ao tocar um vampiro, as presas do mesmo irão sumir; um lobisomem, mesmo na lua cheia, voltará à forma humana e fantasmas serão exorcisados.
Alexia é também uma solteirona de 26 anos na era vitoriana, o que a torna praticamente uma anciã. Motivos pelos quais ela não conseguiu – oh tragédia – se casar: ela é meio italiana, não é pálida de olhos claros e cabelos dourados e, para completar, é muito... “assertativa”.
Em outras palavras, Alexia é uma mulher inteligente, o que é pior, para sua família extremamente fútil, do que se ela tivesse verrugas. Apenas imagine Mrs. Bennett e suas filhas caçulas e você entenderá o problema de Alexia.
Claro que sendo uma mulher de gênio forte – afinal, ela carrega consigo ma sombrinha feita sob encomenda cuja armação é, na verdade, uma estaca de prata cercada de babados – ela tinha que ter alguém à altura com quem bater cabeças. E este alguém vem na forma do Conde de Woolsey, Lorde Conall Maccon, lobisomem alfa, escocês, chefe do BUR que não suporta Alexia desde que ela jogou um porco-espinho nele.
Bem, ela diz que foi um acidente, que colocou o animal na cadeira sem saber que ele se sentaria ali...
Lorde Maccon nunca tem muita certeza se quer agarrar ou esganar Alexia e o fato de que ela virou alvo de quem quer que esteja por trás dos desaparecimentos de vampiros e lobisomens na Inglaterra só o deixa mais furioso... e com mais oportunidades de encontrar-se no dilema já citado, uma vez que acabará se tornando, relutantemente, guardião da mulher.
Claro, não posso esquecer de citar Lorde Akeldama, um vampiro FABULOSO e purpurinado, que aparentemente estacionou no período rococó e serve como amigo e conselheiro de Alexia.
Aí você junta tudo isso mais uma mãe histérica, um golem costurado ao estilo Frankenstein, um cientista maluco obcecado por polvos (Alexia não descobriu porque, mas eu tenho uma teoria de que isso é alguma referência a 007 contra Octopussy), teorias sobre peso e existência de alma, um lobisomem beta fofoqueiro, meio-irmãs fashionistas, uma melhor amiga de gosto duvidoso em chapéus e o resultado só pode ser de matar de rir, não é mesmo?
O que torna Soulless um livro tão legal é que ele é totalmente despretensioso e, exatamente por isso, um ótimo entretenimento. Apesar de fazer parte de uma série – “O Protetorado das Sombrinhas” – ele pode ser lido individualmente, sem problemas: ele tem início, meio e fim, sem cliffhangers.
Se bem que estou pensando seriamente em arranjar os livros seguintes para poder saber se Alexia e Conall irão sobreviver à convivência... e, até lá... alguém sabe onde posso encomendar uma sombrinha igual a da Alexia para mim?
Nota: 4
(de 1 a 5, sendo: 1 – Péssimo; 2 – Ruim; 3 – Regular; 4 – Bom; 5 – Excelente)
Ficha Bibliográfica
Título: Soulless
Autor: Gail Carriger
Editora: Orbit
Ano: 2009
Número de páginas: 384
A Coruja
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Sobre
Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Parece bem divertido; uma salada literária com tantos personagens interessantes deve ser um vira-páginas de primeira! Também gostei do bom-humor da resenhista, rsrs...
ResponderExcluirBeijos!
Nó...parece bom demais! Também estou lendo um livro que é uma salada de gêneros literários sendo também FC da era vitoriana. Ótima resenha!
ResponderExcluirBeijocas