17 de julho de 2014

Para ler: The Good Fairies of New York

Dinnie, um obeso inimigo da humanidade, era o pior violinista de Nova York, mas estava praticando corajosamente quando duas belas fadinhas tropeçaram pela janela do quarto andar a vomitaram no tapete.
Peguei esse livro para ler por indicação do Neil Gaiman – e até hoje, uma indicação de Mestre Gaiman não me falhou, como prova, aliás, o volume de que vou falar hoje.

Na introdução de The Good Fairies of New York, Gaiman escreve que demorou um tanto com o livro na estante, por medo de ser influenciado enquanto escrevia seu clássico Deuses Americanos. Uma vez que o tenha lido, contudo, ele observa que “esse é um livro para todo violinista que percebeu, tocando a meio caminho uma antiga ária escocesa, que “I Wanna Be Sedated” dos Ramones é do que música folclórica realmente se trata, e entrado direto no espírito. É um livro para toda garota com cabelo pintado em casa e asas de fada que honestamente não se lembra do que aconteceu na noite anterior. É um livro para pessoas de qualquer forma ou tamanho que gostam de bons livros”.

Depois dessa, como eu poderia deixar de ler? Especialmente quando à introdução se segue um primeiro capítulo ridiculamente curto, mas que me deixou quase sem ar de rir com a introdução das fadas escocesas num ambiente urbano completamente despreparado para recebê-las?

The Good Fairies of New York é um livro incrivelmente divertido de ler – especialmente para quem é capaz de pegar todas as referências à cultura pop que ele faz (não é minha especialidade, peguei uma ou outra referência mais óbvia, mas fiquei com a impressão de que havia bem mais que eu não estava percebendo... e ainda assim me diverti).

Você começa com duas fadas querendo sair do universo das músicas folclóricas e começar uma banda de punk rock. Há amantes inesperados em janelas opostas na mesma rua, gangues de little people (e eu bem queria uma tradução em português que não simplificasse todas essas criaturas como ‘fadas’) nas ruas, fantasmas de roqueiros, alfabetos de flores, encontros diplomáticos escalando rapidamente para grandes combates, revoluções comunistas e uma performance antológica de Sonho de Uma Noite de Verão.

Há uma combinação de mundo real e fantasia que quebra completamente o mundo dourado dos contos de fadas de onde se originam muitos dos personagens da história. Millar me lembrou muito o Gaiman e também China Miéville, só que sua fantasia urbana é menos sombria que a desses dois – não menos suja e real, mas com um humor nonsense e um certo sentimento de ternura.

A narrativa é bastante ágil, embora às vezes um tanto fragmentada, considerando o número de núcleos e enredos que vão se entrelaçando. Posso compreender e admirar como tudo se liga no final das contas, mas até chegar ao ponto em que entendemos o porquê de todos aqueles detalhes, por vezes ficamos bastante perdidos. Ainda assim, é um livro divertido como uma rápida canção na rabeca e embriagante como um bom whisky escocês.


A Coruja


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