25 de março de 2022

A Vertigem das Listas: Dez Adaptações que Valem a Pena


Lulu: No Vertigem desse mês decidi falar de adaptações - mas não quaisquer adaptações de obras favoritas, e sim aquelas que ficaram conosco, que colocaram uma camada a mais na nossa interpretação do conto original - não necessariamente as mais literais, mas sim as que foram fiéis ao espírito da narrativa e nos fizeram mergulhar de cabeça na história.

Em suma, falamos hoje de Dez Adaptações que Valem a Pena! Vamos a elas!

1. Eu não poderia deixar de começar essa lista com O Senhor dos Anéis - que não apenas foi uma adaptação à altura do épico de J. R. R. Tolkien, mas revolucionou a maneira como se fazia cinema. Peter Jackson topou fazer um filme que muitos considerariam impossível que trazer às telas e, para tanto, trouxe a vida um universo inteiro nos mínimos detalhes. Tenho o DVD com as versões estendidas e as dezenas de extras e é de cair o queixo todo o trabalho que houve por trás das câmeras.


Eu tinha lido o livro alguns meses antes de A Sociedade do Anel estrear no cinema e me lembro da sensação de ser totalmente transportada para a Terra-média, de perder o fôlego observando aquelas paisagens, de realmente acreditar nos milagres de maquiagem e efeitos especiais trazendo a vida todas as criaturas que viviam entre as páginas do original. Por todas essas razões, como eu poderia começar essa lista com qualquer outra obra que não fosse essa trilogia?

Daqui mais alguns meses estaremos de volta à Terra-média, com a série da Amazon Prime Os Anéis de Poder e estou bem ansiosa para ver o que vão fazer com ela…

2. O Castelo Animado, da Ghibli, é uma adaptação bastante livre do livro de mesmo nome da Diana Wynne Jones. Foi meu primeiro filme do estúdio - e foi uma adaptação com que fiz o caminho inverso, de ver primeiro o filme e depois ler o livro (aliás, também foi meu primeiro livro da Jones). Sendo sincera, as duas obras têm muitas diferenças (o papel da Bruxa em especial), há até de se questionar se estamos falando de fato de uma adaptação e não uma história inspirada…

Mas esse é um daqueles casos em que, mesmo com todas as diferenças, a adaptação se mantém fiel ao espírito do original. Howl, Sophie, Calcifer - que são os personagens sobre os quais a ação se centra - são reconhecíveis nas duas encarnações. Os dilemas de Sophie como protagonista também se mantêm. De uma forma geral, as mudanças feitas no roteiro fazem sentido e dão novos significados a algumas relações - particularmente, o esvaziamento de maniqueísmos presentes no livro, algo que acho que tem a ver com as diferenças de pensamento entre Ocidente e Oriente.


Enfim, adoro o livro e o filme, são duas obras que me servem de conforto e refúgio quando preciso de um escape - eu realmente perdi a conta de quantas vezes revi a animação quando me sentia particularmente melancólica - e, por todas as razões elencadas, não poderia deixar de incluí-lo nesta lista.

3. Ainda hei de escrever um ensaio sobre o livro e a adaptação de Coppola para Drácula - talvez para o All Hallow’s Read? Colocarei o livro na minha lista de releituras e o filme agora está disponível para rever no Netflix, então parece-me um bom plano -, mas, enquanto isso não acontece, deixo aqui minha opinião sobre o filme de 1992 ser a melhor adaptação desse clássico do horror.

A razão disso é simplesmente dar a Vlad uma razão para se tornar uma Criatura da Noite - especialmente a se considerar sua ligação anterior com a religião. Isso humaniza o personagem de tal forma que a determinada altura dos acontecimentos, quando você entende que Mina é a reencarnação da mulher amada e perdida, você se vê torcendo pelo Conde.


Gosto da intensidade, da sedução, da paixão pulsante dessa adaptação. Da forma como o filme aproveita os espaços deixados pelo romance - que, tendo sido escrito em epístolas, dá muita margem para acréscimos e interpretações. Dos atores escolhidos para os personagens. Do figurino. De todos os detalhes, enfim.

4. Foi com entusiasmo que brindei o anúncio da adaptação de Belas Maldições - considerando o fato de que fora um pedido especial do Pratchett ao Gaiman, e do envolvimento muito próximo do Gaiman com a produção. E não me decepcionei.

A série reconta muito bem o roteiro original, e aproveita o que há de melhor no livro, que é a relação entre Crowley e Aziraphale, expandindo suas interações em mais de seis mil anos na Terra. Além de trazer alguns personagens que estariam na continuação planejada mas nunca escrita pelos dois autores - especificamente, Gabriel, e sua gerência burocrática do Céu.


Fato é que estou bem animada para a segunda temporada da série, que trará ainda mais material inédito. Sempre temos alguma trepidação quando uma história favorita é adaptada, ainda mais quando você vai além do material existente, mas boto fé que Gaiman não deixará estragarem esse universo.

5. Terminando minhas escolhas de hoje, vamos de Sherlock Holmes - salvo engano, o personagem de Sir Conan Doyle é o que mais apareceu em adaptações pelo mundo em toda a história e há assim um manancial maravilhoso de onde escolher a sua favorita. Em termos de fidelidade, nenhuma bate a série Granada, com Jeremy Brett no papel do detetive - se há um ator que realmente encarnou o personagem, é o Brett.

Os filmes com Robert Downey Jr. como protagonista têm um lugar especial no meu coração, porque eles me ajudaram a enxergar melhor a amizade de Holmes e Watson - antes deles, eu tinha cisma com a maneira como Sherlock parecia tratar o bom doutor, enxergando por vezes certo menosprezo da parte do detetive. Foi a partir deles que comecei a enxergar o material original com olhos benevolentes.

Mas foi a série da BBC, iniciada em 2010, que realmente me conquistou - especialmente as duas primeiras temporadas. A forma como os autores conseguiram adaptar personagens tão característicos da Era Vitoriana para a nossa época foi nada menos que genial. Há algumas derrapadas, especialmente em termos de desenvolvimento de personagens femininas (Irene é complicada…); mas, enquanto dura o confronto com Moriarty, com o desenvolvimento da amizade de Sherlock e John, a coisa toda é de tirar o fôlego.


O John Watson de Martin Freeman é, definitivamente, o meu Watson favorito de todas as muitas adaptações que assisti.


Ísis: Lulu, para variar nada, foi quem me viciou nessa série da BBC. Se por uma impossibilidade você não colocasse, colocaria eu.

E… Wow, como nunca abordamos esse tema antes?!?!! Tem algo errado aqui….


Lulu: Também não faço ideia… tava demorando, né?

Ísis: Vamos lá!

6. Hum, eu não creio que a maioria concordará comigo, mas eu amei demais a versão com gente e açucarada que é a adaptação moderna da Branca de Neve, Sidney White. Eu adorei o que eles fizeram para representar a maçã dourada, por exemplo, e a repaginada que deram na Branca de Neve em si. Sem falar dos "anões"... O setor de criação desse filme merece uma nota dez.

...

7. Como não falar da Marvel? Acabo de assistir ao No Way Home, terceiro filme do Homem-Aranha assinado pela Marvel Cinematográfica. Estava fantástico. Saí de lá maravilhada com a misturada que deram com as versões anteriores desse herói, e como isso se encaixou nas histórias que a Marvel já vinha contando. É claro que sempre haverá críticas, pois esses heróis já existem há muito tempo e em várias versões, mas eu achei uma costurada muito bonita. Estou revoltada com alguns detalhes, como sempre, mas muito boa essa terceira parte. Também acho que reflete o quando admiro a adaptação cinematográfica dos filmes da Marvel em geral, ou melhor, o enredo entrelaçado e continuado entre as várias franquias. Nota dez em continuidade.


8. Outra adaptação para a qual tiro o chapéu é a dos filmes de Rurouni Kenshin/Samurai X. Não sou muito fã de filmes live japoneses porque o estilo japonês de atuação e o ocidental é muito diferente, e não me envolve o suficiente para cativar admiração. Há várias produções que eu adoro, mas nenhuma da qual eu possa recomendar sem um pé atrás. Dito isso, a Warner Bros. fez um trabalho excelente com os filmes de Kenshin, desde a fotografia até o roteiro. Eu me revoltei por cortarem minha parte preferida da saga do Enishi (última parte), mas não nego o quão estupendos ficaram os filmes. Dei sorte de conseguir assistir até ao final antes de voltar para o Brasil, mas faltou-me ver o prelúdio. Certamente será muito bom também.

9. Vou indicar um outro mangá que foi adaptado para anime… São tantos, que é difícil apontar um, mas vou indicar X/1999, do meu amado CLAMP. Esse grupo de autoras garantiu o enredo e as cenas marcantes, além dos inúmeros personagens maravilhosos. A trilha sonora do anime é inesquecível, pelo menos para mim. Sempre que ouço sadame, entro em desespero. Entretanto, eu o indiquei por um fato que diferencia esse anime não só do seu mangá original o qual nunca foi acabado, como também de tantos outros animes por aí: o anime X TV é o final oficial da história. Salvo engano, a publicação do mangá X/1999 foi suspensa depois de um grande terremoto em Tóquio, e nunca mais foi retomada, apesar dos fãs requisitarem até hoje.


Quando surgiu a proposta de animar a história, as meninas do CLAMP resolveram apresentar o final na forma animada, já que não havia previsão de terminarem a versão em preto e branco (acho que por questões de direitos autorais da editora ou algo assim). Só tem 24 episódios, então é fácil ver do começo ao fim. Vamos lá?

10. Vou encerrar com algo que normalmente não sou eu quem aponto: Harry Potter. Eu cheguei bem atrasada nesse bonde (já estavam para lançar o 4⁰ livro quando peguei os livros do meu irmão para ler), mas até lançarem o primeiro filme, eu já sabia quem era Harry e já tinha lido algumas das suas aventuras. Adaptar qualquer coisa para cinema sempre é complicado, a começar pela mudança de mídias que já exige algumas adaptações por si só na forma de contar uma história. A questão do tempo e quantas cenas/informações chegam na versão nova também é alvo de contínuas críticas. Porém, HP ainda teve que adaptar todo o mundo mágico de seu enredo para produzir algo que fosse atrativo visualmente e ao mesmo tempo um pouco realista, de forma a fazer-nos crer que poderia ser possível. Em outras palavras, os efeitos especiais tiveram que exceder os limites que já conhecíamos.


Lulu: Uma lista bem empolgada esse mês, não? E vocês, que adaptações mexeram com seus corações e mentes? Compartilhem conosco nos comentários! E, como já sabem… mês que vem tem mais vertigem!


____________________________________

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sobre

Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.

Cadastre seu email e receba a newsletter do blog

powered by TinyLetter

facebook

Arquivo do blog