27 de fevereiro de 2018
A Vertigem das Listas: Dois Mentirosos Incuráveis
Lulu: O Carnaval já passou, mas como estamos no mês da festa, escolhi um tema tangencialmente carnavalesco. Vejam bem, Carnaval é tempo de folia, de fantasias, de poder brincar e esquecer a vida real; quiçá até inventar uma nova vida, uma persona para fazer par com a máscara. Assim é que o vertigem de fevereiro traz para vocês Dois Mentirosos Incuráveis - mas, prestem atenção, não estamos a falar de psicopatas e estelionatários, mas de contadores de causos que até Deus duvida e que terminam no estilo “não sei, só sei que foi assim.
Ficou óbvio quem é o primeiro indicado da minha lista, não é?
Personagem dos mais engraçados, vindo de um clássico do teatro brasileiro, levado às telinhas e telonas, o Chicó de O Auto da Compadecida é um mentiroso compulsivo com um repertório de histórias de trancoso para fazer inveja a Câmara Cascudo. João Grilo é melhor manipulador, mas Chicó se sai com contos tão estapafúrdios que não há como se explicar - por isso, o bordão.
Ísis: Bem, de fato, foi nele quem eu primeiro pensei, apesar de nunca ter completado a leitura/o filme. Mas quem fala em mentira pensa sempre em dois clássicos, e aqui eu aponto meus dois de uma vez: O primeiro é Pinóquio, a marionete cujo criador de bom coração desejava um filho e a fada azul deu vida à sua criação. Pinóquio era feito de madeira, e antes de poder virar um garoto de verdade, teve que provar que também tinha um bom coração, e que merecia a dádiva. A certa altura, sempre que mentia, seu nariz de madeira crescia, e o boneco mentiu tanto, que seu nariz ficou bem grande!
E segundo, Pedro e o Lobo, história na qual o menino Pedro, de uma pequena vila, adorava gritar “Lobo! Lobo!“ Para assustar a todos e fazer travessuras. Ele tanto o fez, que no fim, ninguém acreditou em Pedro quando ele estava realmente avisando que o lobo estava atacando a vila. O resultado é que o garoto foi comido pelo lobo. Resultado: nunca minta para seus compatriotas! XD
Lulu: Minha segunda indicação é conhecida como língua de prata pela sua natural inclinação ao embuste. Deus da Trapaça e Pai da Mentira no panteão nórdico, Loki não poderia deixar de aparecer por aqui. Suas lorotas colocavam toda a Asgard em apuros, mas com a mesma argúcia era capaz de salvá-los. Como quando fez Thor se vestir de mulher para enganar um gigante do gelo…
Tantas fez Loki que lhe costuraram a boca como castigo e, no fim, ele foi preso e isolado de todos, para só reaparecer como uma das principais peças do tabuleiro na batalha de Ragnarök, o Crepúsculo dos Deuses.
Ísis: Pera, ele não provocou o Ragnarok, não?
Lulu: Não necessariamente. A ideia principal por trás do Ragnarök é que a História é cíclica e o mundo precisa se renovar. É como se esse fosse um evento ‘prazo de validade’: sua ocorrência está embutida na fábrica do universo e quando chega o momento previsto, ele acontece, independente da vontade de outras pessoas… ou deuses. Se não me falha a memória, tudo se inicia com uma série de desastres naturais, terremotos, furacões, eventos que estremecem até as raízes da Yggdrasil e que libertam aos monstros da história - Loki, a grande serpente Jörmungandr, o lobo Fenrir...
Mas, enfim... essa é a lista por hoje. Mês que vemos temos mais vertigem e listas! Até lá!
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