10 de julho de 2017
Desafio Corujesco 2017 - Um Livro que seja uma Indicação de Alguém Conhecido || A Man Called Ove
Conheci a Steph uns dois anos atrás, quando ela me mandou uma mensagem pelo Goodreads - professora americana recém-chegada ao Recife para dar aulas de História, ainda sem falar muito bem português e sem conhecer ninguém que não fosse da escola onde começara a trabalhar. Eu a convidei para um dos encontros do Clube do Livro de Bolso e daí nasceu uma amizade regada a muito café, explorando restaurantes de comida regional e debatendo história e estórias. Agora em junho, o contrato dela com a Escola Americana terminou e ela partiu numa nova aventura, dessa vez em Portugal (se tudo der certo, ano que vem passo por lá e vou visitá-la). Assim é que, quando olhei o tema desse mês para o Desafio Corujesco, não tive dúvidas: catei um livro que a Steph indicou e fez a maior propaganda - além de me dar de presente de aniversário.A morte é algo bastante notável. As pessoas vivem a vida inteira como se ela não existisse e, no entanto, ela é um dos maiores motivos para se viver a maior parte do tempo. Alguns de nós ficam já desde cedo tão cientes da sua existência que vivemos com mais intensidade, mais teimosia, mais fúria. Outros precisam da sua presença constante para ao menos se dar conta de como é a vida. Alguns ficam tão ocupados com ela que sentam na sala de espera muito antes de ela ter anunciado sua chegada. Nós a tememos, e mesmo assim a maioria de nós tem mais medo que ela atinja outra pessoa do que a nós mesmos. Porque o maior medo com relação à morte é sempre que ela vá passar batida por nós. E nos deixar sozinhos.
É curioso; quando você lê um livro indicado por alguém que você conhece, de quem você gosta, você já vai meio predisposto a gostar também. Eu não fazia a menor ideia de sobre o que era a história de Um Homem Chamado Ove, mas o fato de tê-lo recebido de uma amiga querida me fez vê-lo, também, com carinho. Claro que isso não significa que você sempre vai gostar da história, mas você pelo menos começa de mente aberta, especialmente a se considerar que eu provavelmente não teria ido atrás do livro por conta própria - trata-se de um romance sueco, que até foi traduzido aqui no Brasil, mas não chegou a ter grande divulgação (mesmo com a adaptação para o cinema ter recebido indicação para Oscar de melhor filme estrangeiro), e que dificilmente me chamaria a atenção pelo título na livraria.
Ove, o protagonista do romance, é um velho rabugento que recentemente ficou viúvo e foi aposentado. Sem conseguir estabelecer vínculos ou se importar com o resto do mundo, Ove planeja meticulosamente seu suicídio, mas suas tentativas são sempre frustradas - seja porque estão faltando ferramentas, seja porque seus novos vizinhos, em especial a mulher grávida, Parvaneh, que acabaram de se mudar, estão constantemente interrompendo, pedindo ajuda ou sendo particularmente ineficientes para a sensibilidade do homem, quem sempre se orgulhou com sua capacidade em fazer as coisas sozinho, e fazê-las bem feito.
Considerando o drama da situação do personagem, é de se pensar que seria uma história deprimente, mas não é. A rabugice de Ove, sua frustração com o mundo, os vizinhos e consigo próprio, tudo isso constrói uma história cheia de humor e inspiradora. O amor por Sonja e a falta que a esposa lhe faz tornam Ove mais humano, quando seus primeiros resmungos poderiam torná-lo apenas caricato. E Parvaneh e o resto da família são muito divertidos.
O enredo pode ser óbvio, e há uma moral na forma como tudo se desdobra, mas Um Homem Chamado Ove cativa por seus personagens, pela forma como Ove é arrastado a se envolver, a voltar a se importar, a se inserir na comunidade que o cerca. Importante também ressaltar que o livro lida com questões sobre tolerância e preconceito - há estrangeiros, homossexuais, deficientes e a convivência e respeito entre todas essas pessoas é parte do que faz a história tão interessante.
Um Homem Chamado Ove me fez rir e chorar, tocou-me com sua sensibilidade e com a humanidade de seus personagens. É uma história singela, mas que vale à pena ser compartilhada. Só tenho a agradecer pela indicação.
Nota:
(de 1 a 5, sendo: 1 – Não Gostei; 2 – Mais ou Menos; 3 – Gostei; 4 – Gostei muito; 5 – Excelente)
Ficha Bibliográfica
Título: Um Homem Chamado Ove
Autor: Fredrik Backman
Tradução: Paulo Chagas de Souza
Editora: Alfaguara
Ano: 2015
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A Coruja
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vou roubar descaradamente aqui rsrsrsrs
ResponderExcluiro livro foi indicação sua! não lembro mais quando, mas nós duas somos fãs do Gaiman, então...
http://leiturasdelaura.blogspot.com.br/2017/08/trigger-warning-alerta-de-risco.html
Aha! Eu indicaria até bula de remédio se fosse o Gaiman escrevendo... Vou lá olhar!
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