19 de outubro de 2016

O Bode Leu: Christine


Arnie Cunningham é um perdedor. Não há maneira delicada de por este fato. Magricela, dominado pela acne, com um único amigo, vítima de bullying na escola... Arnie é um perdedor. E então ele vê Christine, um Plymouth Fury 1958, praticamente abandonada no quintal de seu antigo dono, e à venda. E é aí que começa o pesadelo.


Publicado em 1983, Christine é uma das mais famosas e icônicas obras de Stephen King, ao lado de títulos como Carrie, A Coisa e O Iluminado. O sucesso foi tão estrondoso, que no mesmo ano um filme, dirigido por John Carpenter, foi lançado, que foi, inclusive, meu primeiro contato com a obra.

A história se passa nos anos 70, e logo a partir da primeira página fica claro que existe alguma coisa errada com o carro Christine. Desde a interação do antigo dono, Roland D. LeBay, até a obsessão de Arnie com o carro. Nem seu melhor e único amigo, Dennis, pode dissuadir Arnie de comprar o monte de ferro-velho por uma quantia absurda de dinheiro. Mais estranho ainda é, ao concretizar a venda, a reação do velho LeBay: lágrimas. Absolutamente ninguém aceita o carro de Arnie, que o próprio adolescente passa a consertar e restaurar o carro em uma garagem local.

Uma coisa que fica bem clara é a visão que o autor tinha, na época, da juventude: uso de álcool, fumantes, sexo e drogas. Não digo que adolescentes de qualquer década não façam isto, mas aqui é relativamente fácil esquecer a idade dos protagonistas, neste aspecto. Claro, o livro se passa no final dos anos 70, mas a relativa aceitação de coisas assim por adolescentes me parece um tanto estranha. 

No ponto do sobrenatural, aqui temos uma dúvida: Christine estava "viva" desde o começo? O fantasma de LeBay teve alguma coisa a ver com tudo? Christine forçou o fantasma de LeBay a permanecer? Tudo isso? Nenhuma das coisas? Pennywise está ligado à tudo isso (quem leu A Coisa entende por que eu menciono o palhaço aqui)? No final, não temos uma explicação para nada. E eu adoro isso.

Como disse, meu primeiro contato com a história foi através do filme, e apenas muitos anos depois li o livro, de uma coleção da Planeta DeAgostini, uma experiência que recomendo para todos. O filme tem seus defeitos, de forma que preferi muito mais o livro. 

O Bode
 


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