30 de abril de 2016
1 Ano, 365 Contos - Abril
Finalmente acabou abril e maio é mês de FÉRIAS!!!! A Ísis chega aqui em casa daqui a quatro dias e no dia seguinte nós seguimos para Foz do Iguaçu. Estou bem ansiosa para viajar e esquecer um pouco de todas as obrigações na minha lista de coisas por fazer...
A despeito de ter passado abril correndo feito barata embriagada de pesticida, esse mês que passou foi um pouco mais tranquilo para leituras do que foi março. Pelo menos, em se tratando de contos - não avancei muito em outros volumes, mas tudo bem…
Comecei abril com Agatha Christie e devo dizer que entre os que li, a despeito dos crimes, os contos de Hercule Poirot foram bem divertidos. Com o anúncio de que Sherlock começou a gravar a quarta temporada, decidi também reler para o desafio os meus contos favoritos de Doyle. E assim é que abril tornou-se um mês de contos policiais.
Vamos ver o que andou passando pela meu diário de leituras dessa vez?
Dia 01 – 20h46
O Leão de Neméia de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 27 páginas, 21 min.
Hercule Poirot decidiu que quer se aposentar… mas antes, cumprirá doze trabalhos de espetacular envergadura, da mesma forma que seu homônimo mitológico, o bravo Hércules, cumpriu. Então ele irá pendurar o chapéu coco e se dedicar às abobrinhas.
Essa é a introdução e o fio narrativo que liga todos os contos que compõem essa antologia. Claro que Poirot não vai encontrar exatamente os mesmos trabalhos de Hércules, mas alguns bons equivalentes devem surgir pelo meio do caminho - ou, pelo menos, assim ele o pensa.
Hilariantemente, seu Leão de Neméia surge na figura de um cãozinho pequinês.
Eu não sei exatamente o que esperava desse livro, além de alguns bons mistérios policiais, mas o fato é que ele começou bem divertido. Gostei, rendeu-me risadas e fiquei, como de hábito, surpresa com a resolução. Vou começar a tomar como base que em toda as histórias da tia Agatha, o criminoso será sempre a pessoa de quem ninguém desconfia e que tem todos os álibis possíveis.
Dia 02 – 10h06
A Hidra de Lerna de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 26 páginas, 19 min.
A Hidra de Lerna de Poirot são as fofocas de uma cidadezinha do interior - boatos venenosos envolvendo um possível assassinato por envenenamento (há!) da esposa do médico da vila, sendo que o marido seria o responsável pela morte da mulher para poder ficar com o dinheiro dela e poder se casar com a assistente.
Este é um conto um pouco mais sombrio que o anterior, mas faz jus à comparação que Poirot deseja. Mais uma vez, fui pega completamente de surpresa - quando o detetive apontou o raciocínio que o levou às suas conclusões, pensei com meus botões que era um caminho óbvio, mas enquanto estava lendo, aquela possibilidade nem me passou pela cabeça...
Dia 03 – 14h50
A Corça da Arcádiade Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 19 páginas, 13 min.
Tia Agatha normalmente não tem uma boa mão para romance, mas há um certo tom esperançoso ao final dessa história que compensa isso - e, claro, há o detalhe da paixão à primeira vista que leva o jovem mecânico a procurar Poirot e pedir-lhe que descubra o que aconteceu com a criada por quem ele se apaixonou.
Este é um trabalho de paciência e procura por informações, e leva o detetive do interior da Inglaterra à Itália e à Suíça, antes de finalmente descobrir o que realmente aconteceu com a moça perdida. Não temos como saber se ela realmente volta para o mecânico, mas como disse, há um tom de esperança ao final da história que é até melhor do que se Poirot a tivesse “entregue em mãos”.
Dia 04 – 07h42
O Javali de Erimanto de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 23 páginas, 19 min.
Uau! Gostei desse aqui, fiquei impressionada com a audácia do criminoso, que não hesita em passar por cima de qualquer um se necessário for…
Após ter resolvido o caso da ‘Corça da Arcádia’, Poirot decide fazer um pouco de turismo na Suíça e termina se envolvendo numa perseguição a um assassino ao mesmo tempo em que se descobre preso por uma nevasca num hotel afastado de tudo.
Nada como começar o dia com um pouco de justiça e criminosos presos. Melhor até do que cereal (ok, se o povo não estiver lendo meus ensaios do projeto Lendo Sandman, vai entender lhufas da minha piada de agora…).
Dia 05 – 21h04
As Cavalariças de Áugias de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 20 páginas, 15 min.
Após passar o dia inteiro quase explodindo de dor de cabeça, finalmente a enxaqueca parece que me deu uma folga e é hora de ler ao menos o conto do dia antes de ir dormir e torcer para amanhã acordar melhor.
Tenho sentimentos meio ambíguos quanto a esse conto… talvez pelo momento político que temos passado, a moralidade dúbia com que Poirot aceita tratar os políticos envolvidos na questão me deixou sem saber exatamente o que pensar. É uma história muito bem pensada, mas que me deixou com um gosto ruim na boca.
Ou talvez a culpa seja do analgésico, quem vai saber?
Dia 06 – 13h21
As Aves do Lago Estínfale de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 22 páginas, 13 min.
Eu acho curiosa a forma como questões de xenofobia são trabalhadas dentro dos livros da Agatha Christie: personagens ingleses de uma maneira geral, sempre desconfiam de estrangeiros e com isso se deixam levar pelas aparências - é algo que acontece muito em Assassinato no Expresso do Oriente, por exemplo.
Aliás, essa é uma boa história para se lembrar que aparências enganam...
Dia 07 – 21h37
O Touro de Creta de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 28 páginas, 17 min.
Mais uma vez, vamos todos concordar que tia Agatha não sabe escrever um romance muito bem, não é verdade? Achei um pouquinho forçada a comparação feita para equivaler ao sétimo trabalho de Hércules, mas desconfio que isso ainda vai acontecer mais vezes, porque é preciso sutileza para fazer comparações entre trabalhos mitológicos e investigações modernas.
Não vou dizer que esse foi um conto óbvio, mas meio que já esperava pelo desfecho no momento em que Poirot entrevistou o coronel Frobisher acerca da mãe do jovem Hugh. Agora o final é meio bizarro, com todo mundo ignorando o que o Almirante Chandler está indo fazer.
Vou dizer que é difícil comentar conto por conto em histórias policiais da forma como tenho feito, porque a grande graça do processo é justamente deslindar o mistério e se eu falar demais, acabarei entregando o desfecho...
Dia 08 – 21h08
Os Cavalos de Diomedes de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 20 páginas, 14 min.
Achei um pouco forçado (de novo) a comparação feita entre as garotas indomáveis e os cavalos comedores de gente, mas acho que a certa altura dos acontecimentos, Poirot tem mesmo de forçar a interpretação para conseguir trabalhos equivalentes ao seu homônimo mitológico.
E, sério, quando é que tia Agatha vai parar de me surpreender? A mulher é mestra em nos deixar achando que sabemos tudo quando na verdade só prestamos atenção nas pistas falsas e passamos ao largo do que realmente importa...
Dia 09 – 21h35
O Cinto de Hipólita de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 15 páginas, 12 min.
Uma valiosa pintura foi roubada e Poirot é convidado para ajudar na questão… só que pelo meio do caminho ele se envolve num caso que considera mais interessante, de uma garota que simplesmente desapareceu do trem a caminho da escola, de uma maneira que não se vê qualquer explicação.
Fiquei curiosa para saber o quanto a diretora era realmente culpada… Poirot tem uma certa tendência a deixar mulheres criminosas se safarem… Não seria a primeira vez...
Dia 10 – 09h36
O Rebanho de Gerião de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 19 páginas, 14 min.
Gente, eu simpatizei com a srta. Carnaby - que por sinal aparece também no primeiro conto dessa antologia. Aliás, tia Agatha aqui estava bem inspirada, gostei da crítica à forma como as pessoas se deixam levar pela religião e fundamentalismo, especialmente quando carentes e vulneráveis.
Quero ler mais histórias da sra. Carnaby lutando contra o crime ao lado do Poirot.
Dia 11 – 07h54
As Maçãs de Hespérides de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 17 páginas, 11 min.
Emery Power, acostumado a ter sempre o que deseja, quer que Poirot encontre um valioso cálice que teria pertencido aos Bórgia - um cálice que ele comprou e, antes que pudesse receber, foi roubado.
Para um caso que parece, à primeira vista, bastante simples, Poirot tem de bater bastante perna para conseguir resolvê-lo, indo parar até na Irlanda. É diferente vê-lo fazer esforço físico e se colocar em algumas posições meio… ridículas (pulando muros, realmente…), especialmente quando ele está sempre a fazer propaganda de que tudo que precisa são suas celulazinhas cinzentas… mas ainda assim, mais um trabalho satisfatoriamente resolvido.
Dia 12 – 11h05
As Profundezas do Inferno de Agatha Christie. Lido na coletânea Os Trabalhos de Hércules. 29 páginas, 18 min.
Poirot é um terno admirador da beleza feminina e muito se ressente dessa onda de modernidade em que as mulheres preferem se vestir de forma confortável em vez de prática… Felizmente, ele encontra nesse conto uma antiga conhecida que muito admira, e que já perseguiu por um crime, a bela condessa Vera Rossakof - que agora faz seus negócios de forma direita, patrocinando uma boate chamada… Inferno.
Ela tem também um mastim de tamanho colossal adequadamente chamado Cérbero.
O problema é que a Inferno (e cara, até eu que não gosto de boates senti uma certa vontade de visitar essa) está servindo de fachada para um negócio de tráfico de drogas… e Rossakof é uma das suspeitas.
Embora eu continue a achar que tia Agatha forçou um pouco no paralelo de simbologias e nas coincidências necessárias para encontrar os 12 trabalhos de Hercule Poirot, foi uma leitura bem agradável a desse livro. Divertido, leve até.
Vou procurar mais uma antologia dela para continuar esse mês.
Dia 13 – 18h50
Três Ratos Cegos de Agatha Christie. Lido na coletânea Três Ratos Cegos e outros contos. 64 páginas, 44 min.
Começando mais um da tia Agatha! Ok, então, Três Ratos Cegos tem um clima de tensão que não é tão comum nas histórias dela - talvez porque a investigação normalmente começa após a morte da vítima, não com a ameaça ainda pairando sobre a cabeça de todos.
E tem a nevasca também. É a segunda vez que a vejo usando o recurso da nevasca para forçar um confinamento - é o que ocorre em O Javali de Erimanto que li no começo do mês para o projeto.
Deixou-me ansiosa. E, pra variar, me surpreendeu. Sério, como ela consegue fazer sempre ser a última pessoa que você espera que vá ser a verdadeira culpada?
Dia 14 – 13h26
Uma Estranha Charada de Agatha Christie. Lido na coletânea Três Ratos Cegos e outros contos. 11 páginas, 8 min.
Tô aqui esperando no médico - mas nunca me irrito de ficar de molho em sala de espera quando tenho um livro à mão…
Tio Edward deixou uma fortuna para os sobrinhos, só que o fez através de uma charada que eles simplesmente não conseguem resolver. Entra Miss Marple, que tinha um tio igualzinho, deleitando-se a dar nó na cabeça de todo mundo ao seu redor.
Às vezes tenho impressão de que Miss Marple já passou por todas as experiências do mundo, porque, caramba, pense numa criatura que sempre tem um paralelo para traçar com alguém que ela conhece. Ela me lembra muito o Padre Brown de Chesterton, profundo conhecedor da alma humana em virtude de viver a ouvir confissões.
Dia 15 – 21h32
O Crime da Fita Métrica de Agatha Christie. Lido na coletânea Três Ratos Cegos e outros contos. 13 páginas, 11 min.
Mais um assassinato misterioso solucionado pela capacidade de Miss Marple de estar em dia com as fofocas da cidade e pela atenção aos detalhes - incluindo alfinetes nômades em fardas policiais…
E que motivo mesquinho para um assassinato… mas, na maior parte das vezes, o motivo é bem mesquinho, não é verdade?
Dia 16 – 20h26
O Caso da Empregada Perfeita de Agatha Christie. Lido na coletânea Três Ratos Cegos e outros contos. 12 páginas, 11 min.
Amém que é sábado! Parece que hoje finalmente consegui colocar todo o sono que estava devendo em dia. Quando fui ao médico quinta, ele me disse que meus sintomas eram provavelmente um acúmulo de estresse e passou um ansiolítico leve… só de estar dormindo a noite toda sem a insônia para deixar minha cabeça girando e girando sem sair do lugar, já tenho a impressão de ter me livrado de uns três quilos sobre os ombros.
Enfim… hoje tia Agatha nos apresenta o incongruente retrato de uma empregada perfeita que esconde um caso bem mais torpe. Mais uma vez, fiquei impressionada com a forma como ela conduz a história e sua resolução. E Miss Marple… eu realmente não sei o que pensar de Miss Marple...
Dia 17 – 20h19
O Mistério da Caseira de Agatha Christie. Lido na coletânea Três Ratos Cegos e outros contos. 11 páginas, 9 min.
Mais um caso de Miss Marple, que dessa vez está doente e recebe como prescrição de seu médico resolver um pequeno mistério. Claro que o enigma que ele entrega a ela é na verdade inspirado num crime real, coisa que só descobriremos quando a velhinha confronta o papel de doutor Haydock na história.
Dia 18 – 06h27
O Apartamento do Terceiro Andar de Agatha Christie. Lido na coletânea Três Ratos Cegos e outros contos. 17 páginas, 12 min.
Poirot tem o condão de estar no lugar certo na hora certa e não consegue resistir à idéia de um romance. Sério, para um detetive, que costuma enxergar o que há de pior na humanidade, ele é notável por seu otimismo.
O que me impressionou nessa história foi a idéia de viajar num elevador de cartão pelas entranhas do edifício. Não se de onde tirei a imagem (provavelmente de algum filme antigo) que esses elevadores são minúsculos e funcionam na base do músculo, nada de engrenagens.
Fiquei com uma sensação de claustrofobia, e impressionada com o sangue frio do assassino…
Dia 19 – 07h28
A Aventura de Johnnie Waverly de Agatha Christie. Lido na coletânea Três Ratos Cegos e outros contos. 12 páginas, 9 min.
AHÁ! Eu descobri dessa vez o que tinha acontecido antes de Poirot revelar toda a história! Sim, viva, finalmente!
Muito bizarro todo o lance de mandar notas de resgate antes mesmo de realizar um sequestro, e ainda avisando a hora em que a criança vai ser levada. Diabolicamente genial…
Dia 20 - 07h50
Vinte e Quatro Melros de Agatha Christie. Lido na coletânea Três Ratos Cegos e outros contos. 14 páginas, 11 min.
Essa história me lembrou os melros que aparecem em Cem Gramas de Centeio, também escrito pela tia Agatha. Só que no romance, a detetive da vez é Miss Marple, ao passo que aqui é Poirot. E o uso dos melros lá faz um pouco mais de sentido…
Cara, tudo se faz por dinheiro, não é mesmo?
Dia 21 - 15h37
Os Detetives do Amor de Agatha Christie. Lido na coletânea Três Ratos Cegos e outros contos. 20 páginas, 13 min.
Vim tomar hoje a vacina da gripe, já que tenho um histórico de crises de bronquite no inverno… e enquanto espero minha vez, mais um conto.
Os Detetives do Amor traz o personagem Harley Quinn (eu tenho quase certeza que já cruzei com ele antes nas minhas incursões pelos livros da tia Agatha, mas não consigo me lembrar em que contexto), que tem uma certa aura sobrenatural, destoando do habitual romance policial que costumamos encontrar com ela.
E pela segunda vez eu consegui descobrir o vilão antes da revelação oficial. Hei, tô começando a ficar melhor nisso… em breve, começo minha própria agência de detetives…
Dia 22 - 09h06
O Carbúnculo Azul de Arthur Conan Doyle. Lido na coletânea As Aventuras de Sherlock Holmes. 31 páginas, 14 min.
Para quem tomou uma vacina para gripe, amanhecer gripada no dia seguinte é o cúmulo… Pior que diferente de quase todo mundo que conheço, não emendei o feriadão e tô me arrumando pra sair para o escritório…
Tendo encerrado as duas antologias da Agatha Christie que tinha à mão, decidi continuar no ‘tema’ esse mês, só que dessa vez, passei-me para a releitura de alguns dos meus contos favoritos do Sherlock Holmes, começando por Carbúnculo Azul.
Imagine você preparando seu peru de natal - ou, se você estiver na Inglaterra vitoriana, seu ganso natalino - e encontrar no papo do bicho um diamante de valor incalculável? Que surpresa, hein?
Eu queria muito que esse conto tivesse sido adaptado para o especial de natal de Sherlock, é uma história bem simpática e divertida. Sério, que excelente ideia, enfiar uma joia roubada no papo de um animal…
E sim, estou sendo irônica ;)
Dia 23 - 10h05
A Banda Malhada de Arthur Conan Doyle. Lido na coletânea As Aventuras de Sherlock Holmes. 39 páginas, 15 min.
Esse é um dos melhores contos de Conan Doyle e um dos mais lembrados pelos fãs. Um padrasto diabólico, uma morte misteriosa, uma nova ameaça pairando sobre a cabeça de uma jovem que mal controla o esgotamento nervoso em que se encontra…
Eu gosto dos métodos de Sherlock. Gosto da dramaticidade dele e da forma como ele gosta de mostrar seu melhor ângulo para Watson. E gosto do senso de ansiedade que se forma nessa história, do uso de um cenário quase gótico.
É a faixa malhada de fato...
Dia 24 - 11h59
Um Escândalo na Boêmia de Arthur Conan Doyle. Lido na coletânea As Aventuras de Sherlock Holmes. 34 páginas, 11 min.
E ela sempre será ‘A Mulher’. Irene Adler é fantástica! Eu quero ser Irene quando crescer! E estou falando especificamente da Irene de Doyle, que consegue ser muito mais interessante e segura de si do que aquelas que apareceram em adaptações recentes.
Eu leria um romance inteiro, só com aventuras da Irene e ficaria pra lá de satisfeita. O que é engraçado porque, de certa forma, só temos um breve vislumbre dela, e mesmo assim, ela estando disfarçada. Tudo o mais que sabemos de Irene, sabemos filtrado pela visão de Sherlock.
O fato de que ela despertou o fascínio de uma personagem que é, por si, já tão fascinante, leva-nos a esse paradoxo. Curioso, não?
Dia 25 - 14h36
A Liga dos Cabeças Vermelhas de Arthur Conan Doyle. Lido na coletânea As Aventuras de Sherlock Holmes. 36 páginas, 15 min.
De novo, estou numa sala de espera do médico, dessa vez, o dermatologista. Tenho uma vaga impressão de ter passado muito tempo esperando em antessalas de consultórios ao longo desse mês…
Estou também me segurando para não dar gargalhadas em voz alta e assustar os outros pacientes. A Liga dos Cabeças Vermelhas tem um dos esquemas criminosos mais ridículos que já vi. Como é que uma pessoa com um mínimo de inteligência de dispõe a esse papel?
Hilário, simplesmente hilário… Creio que ela chega a ser citada em Sherlock de forma muito rápida (ou talvez eu esteja me confundindo…). Mas eu bem que gostaria de vê-la desenvolvida por completo na série.
Dia 26 - 15h44
Os Três Garridebs de Arthur Conan Doyle. Lido na coletânea Histórias de Sherlock Holmes. 24 páginas, 15min.
Em comparação a outras histórias do cânone holmesiano, Os Três Garridebs talvez não seja das mais inovadoras - há um esquema não muito particularmente bem engendrado para tirar um pobre coitado do caminho (como em A Liga dos Cabeças Vermelhas) e uma quadrilha de falsificadores de dinheiro…
O que chama a atenção nessa história, contudo, é a explosão de Holmes quando percebe que Watson foi ferido. Essa é uma das primeiras vezes que o detetive demonstra emoção de forma irrestrita e mesmo Watson se impressiona ao se dar conta da importância que tem para o amigo.
Última observação: eu adoraria ter visto o criminoso ganhando a tal medalha de que falam no final da história. Humor bem ácido é o fechamento de Os Três Garridebs
Dia 27 - 14h54
A Ponte Thor de Arthur Conan Doyle. Lido na coletânea Histórias de Sherlock Holmes. 36 páginas, 17 min.
Watson começa esse conto provocando o leitor com várias histórias não publicadas das aventuras de Sherlock que, por um motivo ou por outro, ficaram trancadas, esquecidas em seu cofre no banco.
A Ponte Thor traz uma brasileira como vítima e se apóia muito no estereótipo de latinos de sangue quente - a senhora Gibson lembrou-me o caso da esposa de Mr. Rochester, de Jane Eyre. Mas, mesmo com essa estereotipação, tenho que concordar que o conto funciona muito bem da forma como é trabalhado.
Impressionante a que extremos se pode chegar em busca de uma vingança...
Dia 28 - 11h18
O Pé do Diabo de Arthur Conan Doyle. Lido na coletânea O Último Adeus de Sherlock Holmes. 27 páginas, 14 min.
Engraçado que a maior parte dos meus contos favoritos do Doyle são aqueles em que Sherlock demonstra sentimentalidade… O Pé do Diabo é uma história bem óbvia - aliás, Conan Doyle é engenhoso mas é mais fácil com ele do que com tia Agatha acertar quem é o criminoso no final - mas eu gosto da idéia de Sherlock Holmes tirando férias na Cornualha e estudando línguas mortas...
Dia 29 - 10h53
O Problema Final de Arthur Conan Doyle. Lido na coletânea As Memórias de Sherlock Holmes. 22 páginas, 15 min.
Moriarty é, sem sombra de dúvidas, “O” vilão. Conan Doyle tem dessas coisas, de criar singularidades em meio às massas. Irene será sempre “A” mulher e Moriarty será “O” vilão e Holmes será “O” detetive. Não são necessários superlativos - eles se definem por si mesmos.
E é mais curioso ainda, considerando o quão pouco de cena Moriarty (e Irene) têm de fato, o quanto eles dominam nosso imaginário quando falamos do detetive.
O Problema Final é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores contos de Doyle na forma como é construído. E sempre me deixa de coração apertado pelo Watson.
Dia 30 - 07h10
A Casa Vazia de Arthur Conan Doyle. Lido na coletânea A Volta de Sherlock Holmes. 25 páginas, 13 min.
Terminamos o mês de abril com o retorno de Holmes da morte, quase infartando o pobre Watson no processo.
Gosto muito de A Casa Vazia, do reencontro dos dois amigos, da expectativa enquanto aguardam o momento de pegar Sebastian Moran… E do busto de Sherlock. Há um clima celebratório permeando a história que acho muito gostoso de ler.
É curioso, não, que eu tenha passado esse mês lendo sobre crimes e me sentido confortada por essas histórias?
Conclusões
Abril foi um mês inteiramente dedicado ao crime em pequenas doses.
Li dois livros da Agatha Christie e uma série de contos do Conan Doyle misturados entre várias antologias de Sherlock Holmes.
Gostei bastante de Os Doze Trabalhos de Hércules. São contos bem diversos, mas todos ligados pela simbologia do Hércules mitológico. Agatha Christie explora ao máximo a personalidade e os talentos de Poirot nas doze histórias que compõem a antologia, tirando-o, inclusive de sua zona de conforto.
É um livro divertido, com crimes bem engendrados, ainda que por vezes seja um pouco forçada a coincidência dos casos que chegam ao detetive com ligações aos trabalhos que ele deseja fazer.
Três Ratos Cegos e outros contos, por outro lado, é uma antologia bem diversa, com vários dos personagens mais icônicos de Agatha Christie se alternando ao longo dos contos apresentados. Há algumas boas histórias, com destaque para a que dá título à coleção, mas não achei o melhor livro que já li da Rainha do Crime.
Os contos de Conan Doyle, por sua vez, foram todas releituras e trazem o conforto de histórias velhas conhecidas, muito lidas e muito amadas. Como disse várias vezes ao longo do mês, os contos de abril me trouxeram um estranho conforto em tempos de crise - 2016 tem sido até aqui um ano de estresses atrás de estresses - e estou feliz por isso.
Agora, aos números!
Contos: 121/365
Páginas: 2819 (713 lidas esse mês)
Tempo: 33 horas e 41 minutos (7h 23min de leitura esse mês)
Maio vai ser um desafio um pouco maior para continuar as leituras de forma normal, porque tem férias e viagem e com isso, grandes alterações na minha rotina. Mas já andei planejando e selecionei para a semana em que estarei fora de casa um livro com contos bem curtinhos, de forma a não dar nem chance de não conseguir dedicar ao menos alguns minutos à leitura, mesmo estando viajando.
Então… mês que vem tem um pouco de folclore e ficção científica, do que já achei na minha estante, mas tem também bastante espaço para mais coisa interessante. Vejamos o que me chamará a atenção...
A Coruja
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