22 de outubro de 2015
O Laboratório do Bode: Transgênicos
Recentemente, falou-se muito sobre a rotulação de produtos transgênicos. Muitas campanhas contra o fim da indicação de que há produtos transgênicos na composição do alimento foram lançadas, todos alegando que alimentos transgênicos são prejudiciais à saúde, um assunto que não irei discutir aqui, pois não sou médico e não quero começar uma polêmica ainda maior.
Mas, o que são organismos transgênicos, afinal? Bem, vou tentar explicar aqui, e para começar a explicação, vou explicar um pouco sobre DNA e código genético. Bom, de maneira bem sucinta, DNA é o diagrama de como montar um ser vivo e, com exceção de alguns vírus (que ainda não decidiram se é ou não um ser vivo), TODOS os seres vivos possuem DNA. Mas exatamente como ele determina o que deve ir em cada lugar? Aí que entra o nosso código genético.
Nosso DNA é formado de pequenas unidades chamadas de nucleotídeos, que são Adenina, Guanina, Timina e Citosina. Existe também a Uracila, um nucleotídeo presente apenas no RNA, no lugar da Timina. Bom, cada uma destes nucleotídeos vai ligando-se a outro, formando uma longa fita, que por conta da forma como as ligações químicas funcionam, organizam-se formando uma espiral. Porém, a fita simples vai ligar-se a uma segunda fita, com uma sequência de bases nitrogenadas similar: cada adenina liga-se à uma timina, e cada guanina liga-se à uma citosina (exceto em casos de erros, mas estes são raros).
Bem, cada conjunto de 3 destes nucleotídeos determina a síntese de um aminoácido, o que é chamado de um códon. Um aminoácido é a unidade básica das proteínas, e ao conjunto de códons é dado o nome de gene. Assim sendo, cada gene é um trecho do DNA que determina a síntese de uma proteína. Simples, não?
Bem, no papel é realmente bem simples, mas quando vamos ao laboratório, começam os problemas. Primeiro de tudo, quantos genes cada organismo tem? Boa pergunta? Centenas de milhares, talvez, em uma estimativa conservadora. Honestamente? Não faço a menor ideia. E como podemos saber? Aí que entra a importância do Projeto Genoma, que ganhou os noticiários a alguns anos atrás. Este projeta consistiu em determinar TODOS os genes presentes no DNA humano (os genomas de outros organismos mais simples já eram conhecidos a alguns anos). O outro desafio é saber qual proteína cada gene codifica. Enfim, basta saber que ainda estamos trabalhando nesta segunda parte, mas a base para entender o que são transgênicos está aí.
Bom, a alguns anos começamos a pensar no seguinte: se sabemos o que um determinado gene codifica, será que podemos pegar este gene e inseri-lo no genoma de outro organismo? Demorou um pouco, mas atualmente, a resposta é sim! E este organismo que recebeu este gene, é denominado de Organismo Geneticamente Modificado (OGM) ou... transgênico. E se você pensa que esta pratica é nova, pense novamente. Se algum de vocês for diabético, com certeza usa um produto de transgênicos todos os dias.
Até a década de 80, a insulina usada no tratamento de diabetes era retirada e purificada do pâncreas de porcos ou bois. Este processo era demorado e custoso, efetivamente limitando o acesso à insulina, além do efeito colateral de desenvolvimento de resistência ao medicamento ou reações alérgicas. Porém, em 1982, iniciou-se a venda de insulina humana produzida artificialmente, o que acelerou e barateou significantemente este produto. Isto foi possível pois conseguiram inserir no genoma de um microorganismo (usualmente a levedura ou Escherichia coli, uma bactéria presente no trato digestivo) o gene que codifica a insulina em humanos, o que eliminou completamente o problema de rejeição ou alergia em praticamente 100% dos pacientes.
Antes de 1981, era literalmente impossível a realização de algo semelhante, pois embora já fosse possível cortar o DNA nos pontos necessários para o isolamento do gene, inserir o gene no DNA era, até o momento, impossível. O que mudou? A descoberta de um vírus que faz exatamente isto: o HIV. O HIV é um vírus de RNA, classificado como retrovírus, o que quer dizer que ele utiliza um processo contrário à síntese tradicional de proteínas, aonde um DNA codifica a síntese de um RNA (o primeiro passo da síntese de proteínas): Ele usa o RNA para gerar um DNA, devido a presença de uma enzima chamada transcriptase reversa. Usando esta enzima, de repente tornou-se possível inserir um gene em uma fita de DNA já existente.
Bem, este processo é relativamente simples quando usado quando usado para alterar o genoma de um organismo unicelular, uma vez que só precisamos alterar UMA célula. Quando se trata de organismos pluricelulares, este processo demorou um pouco mais para ser aperfeiçoado. Em resumo, o organismo tem que ser alterado quando ele consiste de apenas uma célula, antes que as divisões embrionárias comecem.
Atualmente, a técnica do DNA recombinante, como este processo é chamado, tem tido muitos usos na indústria, especialmente na indústria agrícola. No Brasil, atualmente, o principal produto agrícola é a soja, e desde 1998 (de forma clandestina) vem-se plantando uma variedade geneticamente modificada para resistir a glifosato, um herbicida muito usado nos plantios. Em 2005, com a lei nº 11.105, o plantio e a pesquisa com transgênicos foi regularizado. Contudo, muitas outras questões foram levantadas, tal como as consequências destes organismos para a saúde humana e para o meio ambiente.
Bem, cada conjunto de 3 destes nucleotídeos determina a síntese de um aminoácido, o que é chamado de um códon. Um aminoácido é a unidade básica das proteínas, e ao conjunto de códons é dado o nome de gene. Assim sendo, cada gene é um trecho do DNA que determina a síntese de uma proteína. Simples, não?
Bem, no papel é realmente bem simples, mas quando vamos ao laboratório, começam os problemas. Primeiro de tudo, quantos genes cada organismo tem? Boa pergunta? Centenas de milhares, talvez, em uma estimativa conservadora. Honestamente? Não faço a menor ideia. E como podemos saber? Aí que entra a importância do Projeto Genoma, que ganhou os noticiários a alguns anos atrás. Este projeta consistiu em determinar TODOS os genes presentes no DNA humano (os genomas de outros organismos mais simples já eram conhecidos a alguns anos). O outro desafio é saber qual proteína cada gene codifica. Enfim, basta saber que ainda estamos trabalhando nesta segunda parte, mas a base para entender o que são transgênicos está aí.
Bom, a alguns anos começamos a pensar no seguinte: se sabemos o que um determinado gene codifica, será que podemos pegar este gene e inseri-lo no genoma de outro organismo? Demorou um pouco, mas atualmente, a resposta é sim! E este organismo que recebeu este gene, é denominado de Organismo Geneticamente Modificado (OGM) ou... transgênico. E se você pensa que esta pratica é nova, pense novamente. Se algum de vocês for diabético, com certeza usa um produto de transgênicos todos os dias.
Até a década de 80, a insulina usada no tratamento de diabetes era retirada e purificada do pâncreas de porcos ou bois. Este processo era demorado e custoso, efetivamente limitando o acesso à insulina, além do efeito colateral de desenvolvimento de resistência ao medicamento ou reações alérgicas. Porém, em 1982, iniciou-se a venda de insulina humana produzida artificialmente, o que acelerou e barateou significantemente este produto. Isto foi possível pois conseguiram inserir no genoma de um microorganismo (usualmente a levedura ou Escherichia coli, uma bactéria presente no trato digestivo) o gene que codifica a insulina em humanos, o que eliminou completamente o problema de rejeição ou alergia em praticamente 100% dos pacientes.
Antes de 1981, era literalmente impossível a realização de algo semelhante, pois embora já fosse possível cortar o DNA nos pontos necessários para o isolamento do gene, inserir o gene no DNA era, até o momento, impossível. O que mudou? A descoberta de um vírus que faz exatamente isto: o HIV. O HIV é um vírus de RNA, classificado como retrovírus, o que quer dizer que ele utiliza um processo contrário à síntese tradicional de proteínas, aonde um DNA codifica a síntese de um RNA (o primeiro passo da síntese de proteínas): Ele usa o RNA para gerar um DNA, devido a presença de uma enzima chamada transcriptase reversa. Usando esta enzima, de repente tornou-se possível inserir um gene em uma fita de DNA já existente.
Bem, este processo é relativamente simples quando usado quando usado para alterar o genoma de um organismo unicelular, uma vez que só precisamos alterar UMA célula. Quando se trata de organismos pluricelulares, este processo demorou um pouco mais para ser aperfeiçoado. Em resumo, o organismo tem que ser alterado quando ele consiste de apenas uma célula, antes que as divisões embrionárias comecem.
Atualmente, a técnica do DNA recombinante, como este processo é chamado, tem tido muitos usos na indústria, especialmente na indústria agrícola. No Brasil, atualmente, o principal produto agrícola é a soja, e desde 1998 (de forma clandestina) vem-se plantando uma variedade geneticamente modificada para resistir a glifosato, um herbicida muito usado nos plantios. Em 2005, com a lei nº 11.105, o plantio e a pesquisa com transgênicos foi regularizado. Contudo, muitas outras questões foram levantadas, tal como as consequências destes organismos para a saúde humana e para o meio ambiente.
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