16 de dezembro de 2014
Para ler: O Chamado do Monstro
Creio que a primeira vez em que ouvi falar desse livro foi em alguma lista do Goodreads. Não me preocupei muito à época com a sinopse – gostei da capa, gostei do título e entendi que a história seria alguma espécie de fantasia sombria, de forma que o coloquei o título no meu inventário de futuras leituras.Histórias são criaturas selvagens. Quando você as liberta, como saber a devastação que elas podem causar?
Passou-se um tempo, o livro saiu em português, e encontrei-o para trocar. Fiz a troca, recebi o livro, enfie-o na estante e passei mais um tempo esquecida dele. Mas, finalmente, com a minha meta de ler esse ano todos os livros que me tinham chegado em mãos até o fim do ano passado, chegou a vez dele.
Quando terminei de ler – e de enxugar as lágrimas – passei o resto do dia meio atarantada, olhando para as paredes e tentando racionalizar o efeito que a história de O Chamado do Monstro tinha exercido sobre mim, tentando lidar com o aperto no peito causado por ela.
Pra começo de conversa... o livro não é exatamente uma fantasia como eu pensei que fosse. Existe um monstro, existe magia, existem histórias; mas o drama pelo qual Conor passa é bastante real e, em sua realidade, bastante doloroso.
Conor tem treze anos e sua mãe está em estado terminal. Seu pai tem outra família e mora em outro país; a pessoa que está cuidando dele no momento é sua avó e ele não se dá muito particularmente bem com ela. Na escola ele é tratado pelos professores como um boneco de vidro prestes a se partir se não for manuseado com cuidado, e pelos alunos, com bullying.
Ele parece tímido e bastante retraído, mas a verdade é que Conor caminha carregando no peito uma raiva efervescente do mundo e de quase todos que estão ao seu redor – uma raiva que a custo ele tenta conter.
É nesse contexto que aparece o Monstro: o velho Teixo atrás da casa de Conor que abandona suas raízes para assombrar o garoto, exigindo dele uma história. Mas não qualquer história: o Monstro quer uma história verdadeira.
O Chamado do Monstro é um livro doloroso sim, mas surpreendentemente belo. É uma história sobre as formas que temos de lidar com a perda e com o abandono. Sobre pesadelos e despedidas. É um livro curto, repleto de ilustrações em preto e branco, mas não menos intenso por sua brevidade.
A Coruja
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gostei. eu quero... :D
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