8 de abril de 2014
Desafio Corujesco: A Sombra do Vento
Mais uma rodada do desafio corujesco, dessa vez com livros emprestados... No momento, não estou com nenhum livro emprestado aqui em casa, de forma que vou resenhar o que li por último – e que bem vale à pena falar sobre.Certa ocasião ouvi um cliente habitual da livraria de meu pai comentar que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho ao seu coração. As primeiras imagens, o eco dessas palavras que pensamos ter deixado para trás, nos acompanham por toda a vida e esculpem um palácio em nossa memória ao qual mais cedo ou mais tarde — não importa os livros que leiamos, os mundos que descubramos, o quanto aprendamos ou nos esqueçamos — iremos retornar. Para mim, essas páginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos Livros Esquecidos.
A Sombra do Vento me foi emprestado pela Angélica e eu demorei um pouco para começar a lê-lo a sério. Quando iniciei o livro, de cara torci o nariz para a personagem da Clara, por quem o protagonista, Daniel, se apaixona – o que é curioso, porque acho muito interessante a ideia de uma mocinha cega. Mas o fato é que qualquer coisa na personalidade da Clara não me desceu bem e por isso enrolei um pouco...
Só que Clara é apenas um pequeno capítulo da longa história de Daniel e sua busca pela verdade por trás da figura de Julián Carax, o misterioso autor de A Sombra do Vento que o protagonista encontra no Cemitério de Livros Esquecidos. E, uma vez que ela tenha sido superada por Daniel (o que ocorre logo e demonstra que eu sempre tenho razão), quando a narrativa de fato engrena, especialmente com a entrada do Fermín aí então é difícil conseguir largá-la.
O Fermín, aliás, é meu personagem favorito e foi quando ele entrou que o livro de fato me conquistou.
Devo dizer que adivinhei boa parte do que estava por trás do grande mistério, porque Zafón não esconde sua inspiração nem o jogo para o qual convida o leitor. Há muito do exagero e da dramaticidade de Dumas, dos clássicos folhetins de antigamente e é possível enxergar os reflexos da história de Carax na de Daniel. Mas, ainda que cheio de clichês, A Sombra do Vento tem um elenco de personagens ricos, coloridos, apaixonantes. Fermín, Barceló, Bernarda, o diabólico Fumero, Bea e Tomás... todos eles são criaturas maiores do que a própria história em que se inserem.
E tudo isso inserido no contexto da ditadura de Franco me deixou ainda mais presa à leitura. Embora esteja volta e meia lendo sobre o período da Segunda Guerra, não tenho muitas referências em torno da guerra civil espanhola que precedeu o conflito no teatro europeu – e isso é algo que eu certamente quero corrigir.
Enfim, agradeço imensamente pela indicação e empréstimo do livro – não tenho tanta certeza se eu o teria catado na livraria se não fosse pela Angélica. E certamente recomendo para quem mais se interessar por esse tipo de metaliteratura, livros que falam sobre livros, que jogam com o leitor por entre referências literárias.
A Coruja
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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Quero muitooo ler esse livro, ele parece ser cansativo, mas sempre tive curiosidade a respeito, principalmente pelo fato de muitas pessoas gostarem e outras não.
ResponderExcluirComo eu disse antes, ele começa devagar, mas uma vez que a ação de fato começa - o mistério por trás do danado do livro que o protagonista encontra no Cemitério dos Livros - é difícil largar até chegar no final. A história é previsível, mas não tira o prazer da leitura.
ExcluirA Sombra do Vento é o meu livro favorito, e consequentemente Zafon meu autor favorito. Ainda tenho memorias das noites que passei acordada pra terminar de ler o livro... Eu me tornei uma leitora completamente diferente depois de Zafon... E talvez o que me atria nele seja justamente essa simplicidade: eu sei como a história vai terminar, mas a maneira como o autor o faz não me deixa largar o livro...
ResponderExcluirE Lu (posso te chamar assim?? aushauhsuha) Como seu personagem favorito é Fermin... já leu O Prisioneiro do Céu?
Claaaaro que pode me chamar de Lu! Lu, Lulu, Luluzinha... Fique à vontade!
ExcluirFermin aparece no Prisioneiro do Céu? Hum... Terei que providenciar então o segundo volume ;)
Eu tenho também O prisioneiro do Céu, se quiser.
ExcluirEntão Lulu, cá estou eu de novo seguindo seu Desafio :-D
ResponderExcluirAinda não li nada desse autor que você resenhou, e já ouvi falar bem e já ouvi falar mal dele, quando eu tiver uma opinião própria mando pra você :-)
Esse mês resolvi aproveitar o seu desafio e desentralhar a minha estante de livros emprestados, e o primeiro foi esse aqui ó
http://leiturasdelaura.blogspot.com.br/2014/04/wolverine-arma-x.html
Beijos!
Estarei esperando, Laura ;)
ExcluirVou ir lá olhar sua resenha.
Lu, esse livro está na minha estante tem séculos e eu ainda não tomei vergonha na cara para ler. Quero corrigir isso logo, já que muita gente elogia a escrita do autor.
ResponderExcluirE eu ri quando você falou que sempre tem razão. rsrsrs
Mas eu sempre tenho razão! XD
ExcluirEu gostei do livro, acho que vale à pena conhecer sim. Mas leia quando não estiveres numa ressaca literária ou com pressa, ou você vai se cansar antes que as engrenagens comecem de fato a funcionar.