28 de janeiro de 2014

Projeto Pratchett: The Science of Discworld

Magos e cientistas estão, em face disso, em polos opostos. Certamente, um grupo de pessoas que muitas vezes se vestem de forma estranha, vivem num mundo à parte próprio delas, falam uma linguagem especializada e frequentemente fazem declarações que parecem estar em flagrante contradição com o senso comum não têm nada em comum com um grupo de pessoas que muitas vezes se vestem de forma estranha, falam uma linguagem especializada, vivem em... er...

Talvez devêssemos tentar de outra maneira. Existe uma conexão entre magia e ciência? Pode a mágica do Discworld, com seus magos excêntricos, bruxas realistas, trolls obstinados, dragões que cospem fogo, cães falantes e MORTE personificada, lançar alguma luz sobre a dura, racional, sólida ciência terrena?

Nós pensamos que sim.
Então, que, como em todos os outros anos há já um bom par de anos... comecei minhas leituras de 2014 por Pratchett – dessa feita com um ‘spin-off’ da série Discworld, escrita em parceria com Ian Stewart e Jack Cohen. Até pensei de ler Raising Steam para começar aqui, mas acho que vou deixar o quadragésimo volume da série Discworld para um pouco mais adiante já que esse chegou primeiro...

De todo jeito, continuemos com nossa tradição...

Tudo começa com um experimento dos magos da Universidade Invisível. Tentando entender como um mundo pode sobreviver sem magia e sem as regras da narrativa, eles acabam por perder controle e criar um inteiro novo universo, que em vez de ser um disco é esférico.

Ou, se queremos ser bastante sinceros, a culpa é de Ponder Stibbons, do frio de rachar que gelava os quartos dos magos seniores na Universidade e da hora do almoço. Mas não vamos entrar em detalhes...

Enfim, assim é que os magos acabam por criar nosso universo, assistindo seu desenvolver desde o Big Bang até o início da Terra, os dinossauros e os homens das cavernas, com muitas interferências e asserções.

O livro alterna capítulos em que a história no Disco vai acontecendo com outros em que são explicados uma série de conceitos científicos relacionados a tais acontecimentos. Fissão nuclear, evolução, a lei da gravidade, dinossauros, macacos – tudo está lá, de maneira lúdica, entrelaçando o nosso mundo com o imaginado por Pratchett.

(Por sinal, Dé, você deveria indicar esse livro nas suas aulas de evolução.

Na verdade, acho que vou dar esse livro pra ti de presente).

Ciências exatas e biológicas nunca foram exatamente meu forte, embora eu me interesse o suficiente por certos detalhes mais ligados à História (como dinossauros e Neandertais). Contudo, a apresentação que Ian Stewart e Jack Cohen – responsáveis pelos argumentos científicos do livro – nos deixam com vontade de entender melhor os mecanismos pelos quais nosso Universo funciona.

Cá entre nós, terminei The Science of Discworld pensando com meus botões que para ser um cientista, basta curiosidade, criatividade, um pouco de sorte e a falta de uma boa dose de instinto de preservação.

Quanto melhor os primatas se tornam em responder essas questões, mais desconcertante torna-se o universo; o conhecimento aumenta a ignorância.


A Coruja


____________________________________

 

3 comentários:

  1. adoro essa série, mas não leio nada do Pratchett há algum tempo. Fiquei curiosa sobre a parte de evolução, principalmente sobre a possibilidade de usar em aula. Gostei da dica.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu li toda a série Discworld e estou sempre atrás de mais... o Pratchett é meu autor favorito, definitivamente.

      Sobre o livro... ele é bem didático, as explicações são muito boas, repletas de um humor que me lembrou mais o Douglas Adams que o próprio Pratchett, e alcança uma ampla gama de conhecimentos, integrando física, química, biologia e história. Eu realmente recomendo. Pena que ele não tenha sido publicado em português, porque nem todo mundo consegue ler em inglês...

      Seja como for, a Bertrand comprou os direitos do Pratchett aqui no Brasil e há a expectativa de que novos títulos da série já comecem a ser publicados esse ano. Torcer para que esse aqui esteja no meio.

      Excluir
    2. Lulu, obrigada pela dica. Vou comprar em inglês no kindle, tenho todos da Tiffany Aches em inglês e adoro o humor britânico do Pratchett.

      Excluir

Sobre

Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.

Cadastre seu email e receba a newsletter do blog

powered by TinyLetter

facebook

Arquivo do blog