18 de junho de 2013
Para ler: Neon Azul
A Tayla me emprestou esse livro quando estive em Belo Horizonte no começo do ano, depois de termos uma boa conversa sobre nossas respectivas opiniões e esperanças para a literatura fantástica brasileira. Era um dos poucos volumes para os quais ela tinha elogios e claro que isso me deixou curiosa, até porque eu concordava com muitas das críticas que ela tinha feito (embora fosse um pouco mais otimista em linhas gerais sobre o futuro do gênero).Neon Azul é uma boate onde habitam os seus mais sombrios desejos e tentações. É um lugar diferente, repleto de acontecimentos estranhos, mas que poderia estar na esquina da sua casa ou no caminho entre o trabalho e o metrô.
Acompanhe a história do inferninho e de seus clientes peculiares, e descubra que realizar seus desejos pode ter efeitos colaterais imprevisíveis.Homens de negócio, prostitutas, artistas e boêmios imersos em uma solidão que só quem passeia pela noite já experimentou; um sentimento comum aos que vivem cercados de gente, com um sorriso no rosto e um copo na mão.
Nesse jogo de luzes e sombras que revela a fantasia e encobre a realidade, está nas mãos do leitor a decisão de acreditar ou não no que lê e decidir quem conta as verdades e as mentiras ao longo da história.Assim como o insone gerente do bar, o leitor terá muito o que lembrar quando deitar na cama e fechar os olhos por própria conta e risco.
A despeito da curiosidade e dos elogios, eu não tinha formado nenhuma expectativa sobre Neon Azul, de forma que comecei a leitura sem esperar nada de específico e me deixei envolver pela história nos dois dias que levei para percorrer todos os seus contos.
As histórias e personagens do livro são independentes, apenas mantendo como ligação o ambiente do bar Neon Azul. Alguns são mais realistas e crus, outros resvalam no sobrenatural – há serial killers e prostitutas, músicos que vendem a alma e escritores que tentam encontrar uma musa. Muitos tratam de transtornos psicológicos, dupla personalidade, insônia crônica, outras compulsões (e por algum motivo estranho eu ficava o tempo todo esperando para que Sam e Dean de Supernatural irrompessem a qualquer momento pela entrada...).
Tudo isso está embalado nas luzes do Neon Azul e na figura misteriosa do Homem de terno branco que pode ou não estar fazendo acordos do tipo que se fazem em encruzilhadas ao soar da meia-noite.
O clima do livro é bem feito, a mistura de violência urbana e sobrenatural casam bem, mas não tenho certeza se não teria sido melhor escolher uma única das vias apresentadas nos contos e desenvolver ela melhor. Ao término do livro ficam muitas perguntas e muitas das histórias individuais tinham potencial para se tornar algo mais.
Isso não significa que não seja um bom livro, daquele que te deixa meio embriagado com sensações, cores, cheiros – Novello é excelente em descrições e os personagens que se cruzam nas diferentes histórias que ocorrem no Neon Azul são críveis, vívidos reais mesmo naquilo que têm de mais estranho, de mais perturbador.
Eu gostaria de ler mais dentro desse universo, de entender melhor as regras que o regem e de ver o que existe por detrás da fachada misteriosa do Homem, com seu terno branco e seu chapéu sobre o rosto – tudo ao som de um improviso de jazz.
A Coruja
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