20 de abril de 2013

Para ler: Fábulas Italianas

Agora a viagem entre as fábulas terminou, o livro está pronto, escrevo este prefácio e já estou fora: conseguirei voltar a pôr os pés no chão? Durante dois anos vivi entre bosques e palácios encantados, com o problema de como observar melhor o rosto da bela desconhecida que se deita todas as noites ao lado do belo cavaleiro, ou na dúvida entre usar o manto que torna invisível ou a patinha de formiga, a pena de águia e a unha de leão que servem para transformar pessoas em animais. E nesses dois anos, pouco a pouco, o mundo ao meu redor ia se adaptando àquele clima, àquela lógica, todo fato se prestava a ser interpretado e resolvido em termos de metamorfoses e encantamentos, e as vidas individuais, subtraídas ao habitual claro-escuro discreto dos estados de ânimo, viam-se às voltas com amores encantados ou perturbadas por magias misteriosas, desaparecimentos instantâneos, transformações monstruosas, colocadas perante escolhas elementares entre justo e injusto, postas à prova em percursos cheios de obstáculos, rumo a felicidades prisioneiras de um assédio de dragões.
Mas que livro gostoso de ler! Terminei-o agora a pouco e imediatamente vim escrever a resenha, ainda sobre o encantamento produzido pela prosa combinada dos contos italianos e Italo Calvino.

Esse livro tem uma proposta parecida com a de 103 Contos de Fadas, da Angela Carter, mas, curiosamente, é uma leitura bem mais leve. Misturam-se em suas páginas contos de fadas, fábulas, anedotas, folclore e há um bom humor fantástico que parece permear toda a obra – do tipo que me fez ficar rindo de lado como se dividisse uma piada com Calvino.

Embora Fábulas Italianas seja uma compilação de contos na tradição dos Irmãos Grimm, o próprio Calvino reconhece que em vários dos contos ele brincou com as noções apresentadas, completou lacunas e de forma geral, exercitou o talento que mais tarde viria a ser conhecido em obras-primas como Cidades Invisíveis, O Cavaleiro Inexistente e meu particular favorito, O Barão nas Árvores.

São duzentos contos, de várias regiões da Itália, e interessante perceber como certas histórias parecem ser variações de outras que você já leu nas páginas iniciais do livro, mas com detalhes e cores bem próprias dos lugares em que foram escritas.

É um volume muito gostoso, para ser lido aos poucos, um conto de cada vez, com bolinhos de chuva e café, ou um chá da tarde; para começar bem a manhã ou para passar o estresse do dia, para declamar em voz alta e compartilhar com os amigos, os filhos e aqueles que amamos.


A Coruja


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4 comentários:

  1. Gostei dele. Quero emprestado quando puder tá? Só estou conseguindo ler coisas assim com histórias curtas.

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  2. affz , eu qero ler histórias italianas e não quando foram feitas e pore quem e blá blá bl´s

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    Respostas
    1. Você está no lugar errado então, sinto muito...

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