24 de julho de 2012
Para ler: Assassinato no Expresso do Oriente
Justitia fiat, ruat coelum: fazer justiça, nem que caia o céu. Essa expressão latina pode resumir a trama de Assassinato no Expresso do Oriente que, vou confessar logo, é meu livro favorito da tia Agatha. Em anos de leitura e releituras, mesmo sabendo antes de passar da primeira página tudo o que há para saber sobre essa história, toda vez sinto o mesmo prazer, o mesmo ‘frisson’ ao me preparar para embarcar com Poirot no luxuoso Expresso do Oriente.- Sou um detetive. Meu nome é Hercule Poirot.
Se Poirot esperava que isto causasse em MacQueen alguma reação especial, errou. O americano limitou-se a dizer que sim e deixou-o continuar.
- O senhor talvez conheça o nome.
- Parece-me um pouco familiar. Só que pensava ser um costureiro.
- Incrível! - exclamou Poirot com desgosto.
Tudo começa com uma viagem de trem, uma nevasca e um violento assassinato. Um passageiro é encontrado morto em sua cabine, esfaqueado múltiplas vezes. A princípio, há a possibilidade de que o assassino tenha fugido pela janela aberta e se perdido no mundo, mas a verdade é que com a neve que prendeu o trem, logo tal hipótese é abandonada.
Não, o assassino não pode ter fugido... de forma que ele necessariamente tem de estar entre os passageiros do trem.
Contraditoriamente, há uma abundância de pistas e nenhum suspeito. O Expresso do Oriente está lotado com uma inteira gama de passageiros de todas as partes do mundo e todas as classes sociais, que não apenas não parecem ter motivo algum para agir contra o morto, como também têm álibis acima de qualquer suspeita.
A coisa toda poderia ser dada por perdida, não fosse o fato de estar também a bordo, por uma dessas felizes coincidências da vida – ou obra do Destino, como o diz uma das personagens a determinada altura da história – ninguém mais ninguém menos que o detetive belga Hercule Poirot.
Somos então levados, junto com Poirot, à reconstrução dos fatos em torno da morte de Ratchett, começando pela verdadeira identidade do morto, até a desconstrução de cada um dos passageiros do Expresso do Oriente. Pouco a pouco compreendemos que há muito mais para se ver do que nos dizem as aparências e que ninguém é inocente até que se prove ao contrário.
E não, eu não estou trocando as bolas. É isso mesmo que você leu.
Enfim, Assassinato no Expresso do Oriente é uma verdadeira ginástica das ‘pequenas células cinzentas’ – um triunfo da razão e do poder de observação da natureza humana como apenas um Poirot (e uma Agatha) poderiam construir.
A Coruja
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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Mas olha só, eu tou relendo esse livro essa semana! Já faz algum tempo que eu peguei os livros da Tia Agatha que eu tinha aqui, comprei mais alguns, e estou lendo-os depois de um longo tempo só lendo texto acadêmico. E o livro da vez é justamente este.
ResponderExcluirAntes dele, eu li Cartas na Mesa. Você já leu? A certa altura, Poirot solta um spoiler gigantesco sobre o fim do caso do Orient Express, eu até ri quando li!
Eu já li Cartas na Mesa, sim, mas confesso que não me lembro... vai para a lista de releituras, preciso ver esse spoiler do Poirot XD
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