29 de dezembro de 2009
"É assim que o mundo acaba - não com uma explosão, mas com uma lamúria."
Eu tinha pensado em escrever uma divertida e sem noção lista dos cinco fatos que marcaram a primeira década do século XXI (cinco porque não consegui pensar em dez, uma vez que não entendo de física e para mim, aceleradores de partícula são uma tema tão interessante quanto... não sei, quanto a crise da manteiga, quem sabe?); algo como "cinco fatos que mudaram a década e onde Lulu estava em cada um deles".
Mas aí, no domingo, quando cheguei de viagem, assistindo ao vivo na CNN a segunda história em menos de três dias sobre possibilidade de atentados terroristas, a frase com que abro o post de hoje - que é o final de um poema de T. S. Elliot, The Hollow Men - ficou martelando e martelando na minha cabeça e eu não consegui, ao me sentar para escrever hoje, sair com nada de irônico ou mesmo engraçado.
O que me leva a perguntar se meu objetivo com o Coruja é ser uma palhaça. Ou se é só porque eu já tenho que mexer com tanta coisa séria no meu dia-a-dia que quando chego aqui só quero esquecer do resto do mundo.
Dizem que você sabe como será o resto do século se olhar para a primeira década dele. Se isso for verdade, não tenho tanta certeza assim se quero estar aqui ao longo dos próximos cem anos.
Nós começamos o século XXI com uma mensagem de ódio, fanatismo e terror, mais que qualquer outra coisa. E é num clima de incerteza que fechamos a década - incerteza acerca da nossa segurança; incerteza acerca dos líderes que elegemos; incerteza acerca da capacidade de nosso planeta em nos sustentar.
Vocês se lembram onde estavam oito anos atrás, no dia 11 de setembro? Eu me lembro. Dois dias antes, eu tinha feito quinze anos; estava às voltas com Tolkien, lendo O Senhor dos Anéis pela primeira vez.
Naquelas semanas, estávamos ensaiando como loucos no coral, porque ao final do mês, teríamos o Festival de Setembro, o principal evento cultural do colégio. Por isso, naquele dia, em vez de ir almoçar em casa, quando saí do colégio, eu fui para um restaurante perto do Santa Maria; um restaurante cujo dono, um velho bonachão e simpático, era americano.
Eu gostava muito de ir a esse restaurante, porque sempre passava meu almoço conversando em inglês com o Ray - desde que tínhamos nos conhecido, eu pedira a ele para sempre falar comigo em sua língua materna, para que eu mesma pudesse treinar.
Eu estava sentada ao lado dele, de frente para a televisão, quando vi as notícias. A princípio, eu pensei que era um filme. Depois, que era uma pegadinha. A idéia toda era demais para minha cabeça.
Lembro de sentir calafrios enquanto assistia àquelas imagens de caos e de me perguntar se aquele seria o início do final dos tempos. Porque, é claro, quem quer que tivesse feito aquilo, estava declarando guerra aos EUA e, se estava declarando guerra aos EUA, por tabela, estava declarando guerra ao resto do mundo.
Fora assim que a primeira e a segunda guerra tinham começado. Era assim que a terceira, na minha cabeça, ia começar.
Oito anos atrás, eu saí do restaurante de volta para o colégio sem conseguir absorver todas as implicações dos fatos que eu tinha assistido. Na porta da sala do coral, o resto da turma estava todo reunido - lembro de quando Leonardo começou a fazer piada; algo que se tornou recorrente nos dias seguintes, especialmente depois que tínhamos um nome para o 'Grande Adversário'.
O mundo não terminou, embora, como já tenha dito, eu acreditasse à época que aquele era o início do fim dos tempos. A bem da verdade, eu ainda acredito nisso. Talvez, daqui a cinqüenta, sessenta anos, então, os historiadores tenham tenham desprendimento suficiente dessa época para entender as reais implicações do que aconteceu naquele dia.
Eu não acho que vou algum dia conseguir entender...
Mas aí, no domingo, quando cheguei de viagem, assistindo ao vivo na CNN a segunda história em menos de três dias sobre possibilidade de atentados terroristas, a frase com que abro o post de hoje - que é o final de um poema de T. S. Elliot, The Hollow Men - ficou martelando e martelando na minha cabeça e eu não consegui, ao me sentar para escrever hoje, sair com nada de irônico ou mesmo engraçado.
O que me leva a perguntar se meu objetivo com o Coruja é ser uma palhaça. Ou se é só porque eu já tenho que mexer com tanta coisa séria no meu dia-a-dia que quando chego aqui só quero esquecer do resto do mundo.
Dizem que você sabe como será o resto do século se olhar para a primeira década dele. Se isso for verdade, não tenho tanta certeza assim se quero estar aqui ao longo dos próximos cem anos.
Nós começamos o século XXI com uma mensagem de ódio, fanatismo e terror, mais que qualquer outra coisa. E é num clima de incerteza que fechamos a década - incerteza acerca da nossa segurança; incerteza acerca dos líderes que elegemos; incerteza acerca da capacidade de nosso planeta em nos sustentar.
Vocês se lembram onde estavam oito anos atrás, no dia 11 de setembro? Eu me lembro. Dois dias antes, eu tinha feito quinze anos; estava às voltas com Tolkien, lendo O Senhor dos Anéis pela primeira vez.
Naquelas semanas, estávamos ensaiando como loucos no coral, porque ao final do mês, teríamos o Festival de Setembro, o principal evento cultural do colégio. Por isso, naquele dia, em vez de ir almoçar em casa, quando saí do colégio, eu fui para um restaurante perto do Santa Maria; um restaurante cujo dono, um velho bonachão e simpático, era americano.
Eu gostava muito de ir a esse restaurante, porque sempre passava meu almoço conversando em inglês com o Ray - desde que tínhamos nos conhecido, eu pedira a ele para sempre falar comigo em sua língua materna, para que eu mesma pudesse treinar.
Eu estava sentada ao lado dele, de frente para a televisão, quando vi as notícias. A princípio, eu pensei que era um filme. Depois, que era uma pegadinha. A idéia toda era demais para minha cabeça.
Lembro de sentir calafrios enquanto assistia àquelas imagens de caos e de me perguntar se aquele seria o início do final dos tempos. Porque, é claro, quem quer que tivesse feito aquilo, estava declarando guerra aos EUA e, se estava declarando guerra aos EUA, por tabela, estava declarando guerra ao resto do mundo.
Fora assim que a primeira e a segunda guerra tinham começado. Era assim que a terceira, na minha cabeça, ia começar.
Oito anos atrás, eu saí do restaurante de volta para o colégio sem conseguir absorver todas as implicações dos fatos que eu tinha assistido. Na porta da sala do coral, o resto da turma estava todo reunido - lembro de quando Leonardo começou a fazer piada; algo que se tornou recorrente nos dias seguintes, especialmente depois que tínhamos um nome para o 'Grande Adversário'.
O mundo não terminou, embora, como já tenha dito, eu acreditasse à época que aquele era o início do fim dos tempos. A bem da verdade, eu ainda acredito nisso. Talvez, daqui a cinqüenta, sessenta anos, então, os historiadores tenham tenham desprendimento suficiente dessa época para entender as reais implicações do que aconteceu naquele dia.
Eu não acho que vou algum dia conseguir entender...
A Coruja
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Sobre
Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário