30 de dezembro de 2009
Voltando de Mirandiba...
Bem, como vocês provavelmente já perceberam a essa altura, eu estou de volta de Mirandiba... viajo de novo sexta, dia 01, para o final de semana em Gravatá, mas estarei de volta domingo de tarde, firme e forte e, com sorte, com uma carreada de novos artigos para vocês.
Hoje eu vou aproveitar para mostrar o resultado de mais uma de nossas expedições em Mirandiba... Dessa vez, eu lhes apresentarei ao Tupan, a casa do meu bisavô, e onde repousa boa parte da história da nossa família.
A bem da verdade, todos os anos eu faço uma caminhada até o Tupan, que fica um pouco afastado da cidade, mas antes do cruzeiro, entrando por uma estradinha de terra, passando pela estação de trem abandonada, ao longo de uma paisagem bastante solitária.
Minha mãe conta que nos idos de antigamente, costumava pegar o trem na Estação e saracotear para cima e para baixo. "Vamos passar o dia na casa de tia fulana" e lá iam eles, com um pacote de doce ou de bolo debaixo do braço, visitar a parentela.
De acordo com ela, viajar de trem era uma maravilha.
Eu só andei de trem Maria Fumaça, numa viagem que fiz à Minas, mas posso entender o sentimento dela. Eu tive a impressão de que tinha ido parar em outra época, em que as coisas eram feitas de forma mais pausada, as pessoas atualmente conversavam em vez de mandar torpedos...
Em todo caso, isso que vocês podem ver acima, além de outras casas, que pertenciam ao pessoal da estação, foi tudo o que sobrou daquele tempo - além das linhas de trem no chão, aqui e ali (se não foram soterradas pela terra ou roubadas).
Meu primo José, com quem fiz essa caminhada, observou que a paisagem era perfeita para gravarmos um filme de zumbis. Engraçado qe não fui eu quem comentei nada sobre mortos vivos avançando por meio da caatinga; tampouco eu tinha falado nada sobre esse meu particular interesse.
Em todo caso, não demorou muito para que estivéssemos fazendo o roteiro do nosso filme em voz alta, enquanto atravessávamos as trilhas desertas que levam até o Tupan.
E eis a casa do Tupan.
Tenho uma foto de um aniversário de vovô Tonho (meu bisavô) diante desse mesmo pátio hoje completamente tomado pelo mato. Essa era uma casa grande, espaçosa; apropriada para um homem que tinha mais de dez filhos e netos a dar pelas canelas.
Hoje, nem sombras restam daquilo que ela foi um dia.
A casa está tomada por marimbondos e morcegos; é imporssível chegar muito mais perto dela do que além do pátio - cada um tirou do lugar sua herança - fulano levou os postes, sicrano, o banco grande de madeira e assim sucessivamente.
E o resto foi deixado para o tempo levar.
É desconcertante ver a que ponto chegou a casa do Tupan - especialmente se você pode observar a deterioração do lugar ano após ano - e, como eu disse, nos últimos cinco anos ou mais, eu sempre faço essa visita.
Posso comparar as fotos de cinco anos atrás com as desse ano e, vu te contar... o tempo não foi generoso com o Tupan.
Irônico, portanto, que um dos ramos da família que nasceu nesse lugar tenha um comércio de material de construção e, mais irônico ainda, que eles tirem seu nome desse lugar.
Pois é, talvez alguns de vocês conheçam, talvez não... Mas existe uma grande rede de material de construção chamada Tupan Construções e o povo por trás da Tupan tem, ora vejam só, um pé no Tupan.
Como é que tendo condições de sobra para cuidar dessa casa - uma casa histórica, um marco não só para a família, como também para a cidade - eles deixaram chegar a esse ponto?
Eu poderia escrever agora uma longa descrição das dinâmicas de sucessão, incluindo aí questões de Direito Familiar... Mas vou guardar o que sei dessa história para mim mesma.
Não creio que, quando chegar ano que vem e eu retornar à minha peregrinação até o Tupan, ainda haja uma casa de pé marcando este lugar.
E este é o busto do meu avô, na praça de frente para a casa de vó. Engraçado... dei-me conta agora de que meus dois avôs dão nome à praças; em Correntes, há a praça Pedro Camelo, e em Mirandiba, a Joaquim Bezerra de Carvalho.
Qualquer dia desses, contarei para vocês um pouco sobre a história do meu avô, e o porquê dele ter feito por merecer essa homenagem.
Termino esta pequena viagem, na frente da casa de vó (a qual vocês podem ver de azul, debruçada para a rua). Ano que vem, estaremos por lá de novo.
Até lá... nos vemos por aqui, não é mesmo?
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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Falar de histórias de família em blog é divertido, né? Eu fiz um post enorme contando a história do Almoço que se faz todo ano na casa da minha tia-avó outro dia... Aposto como você também tem um monte dessas pra contar, não é? =P Bom ano novo! o/
ResponderExcluirQue fofa essa entrada de Mirandiba, templo sagrado da incomunicabilidade digital!...
ResponderExcluirLamento com você a perda não só do bem familiar, mas também do espaço histórico local. Infelizmente, o Brasil não é dado a preservar sua memória, a não ser que receba verba estrangeira para isso, ou então algum outro tipo de vantagem monetária.
Aqui neste local onde me escondo também havia lindos sítios históricos que poderiam ter sido preservados; entretanto, os proprietários são tão inescrupulosos que põem os prédios abaixo na calada da noite, ignorando solenemente até mesmo processos de tombamento que possam estar gravando esses bens.
Meu coração dói, e minha cidadania se sente ultrajada. Exagero? Sentimentalismo? Pode ser. Mas é assim que eu sou, o que posso fazer?...
Gostei da casa de sua avó. Deu pra sentir que de lá emanam aqueles gostosos cheirinhos de café da tarde e de doce em calda ^^
Beijocas procê e ótimo Gravatá!
(Em tempo: adorei seu cabelo, adorei sua blusa... e adorei seu primo - com todo respeito, claro!)
olá, apesar de ñ conhecer minha família como deveria,gosto muito da história dela! Pois é, sou neto de gilberto Sobral bezzerra de Carvalho,que é filho do ja saudoso Joaquim Bezerra de Carvalho,sou no caso bisneto dessa entidade que ñ tive a honrra de conhecer,pois ele faleceu em 84 e eu nasci em 92. meu nome é John Kennedy, sou natural de arcoverde, mais estou morando atualmente na cidade de Serra Talhada,estou cursando zootecnia na UFR-PE!
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