24 de julho de 2009
Pensamentos sobre Borges
Olá, pessoas... sentiram minha falta em dois dias sem postar? Acho que não, né, do jeito que eu escrevo feito louca, eu quase não dou tempo para vocês lerem tudo por aqui.
Bem, esse é, provavelmente, meu último post até agosto. Hoje tenho a Aula da Saudade, amanhã viajo para Alagoas para o casamento de um primo, volto domingo de tarde para casa, segunda tem o culto ecumênico, terça tem a colação de grau, quarta tem um grande jantar da turma e Ísis chega ao Recife, quinta eu provavelmente dedicarei a andar com Ísis para cima e para baixo, sexta é o baile e sábado é dia de dormir, dormir, dormir...
Então, enquanto me perco num mundo de seda e tafetá, maquiagem e muitas idas ao salão (Deus, o que eu fiz para merecer isso?) - deixo vocês com uma das minhas muitas resenhas literárias, torcendo para voltar o mais cedo possível, esperançosamente sem estar careca (vocês já fizeram um penteado? Se fizeram, entenderão minha preocupação, especialmente pelo fato de que meu cabelo é pouco e muito fino o que significa... TORTURA).
Eu disse alguns dias atrás que tinha chegado meu pacote de encomenda de livros do mês... Night World eu devorei os dois livros em exatos três dias (pouco mais de mil e quatrocentas páginas, mas com letra grande). Jorge Luís Borges eu deixei para degustar com mais vagarosidade, mais cuidado, afinal, ele é conhecido como um dos grandes autores da literatura mundial, celebrado na América Latina, especialmente nos países de língua hispânica.
Eu já conhecia Borges de O livro dos seres imaginários, no qual ele faz uma espécie de coletânea, enciclopédia de criaturas míticas de todo mundo. Dessa vez, eu pus minhas mãozinhas num de seus livros de contos - O Aleph, o qual é considerado sua obra-prima.
Cheguei então às seguintes conclusões sobre Borges:
1. ele é o tipo de autor que só pode ser compreendido quando você possui um bom arcabouço cultural. Mais tarde, vim a descobrir que ele gostava de ler enciclopédias (o que explica muita coisa...). São milhares de citações e referências cruzadas com outras histórias, com personagens históricos e mitológicos e, se você não conhece algo desses personagens, as narrativas de Borges perdem um pouco o encanto.
2. ele é também o tipo de autor que você tem de ler muitas e muitas vezes, porque, a cada vez que você o lê, você descobre uma nova interpretação e um novo sentido para suas palavras. Para apreciá-lo, você precisa do acúmulo dos anos e de experiências.
3. ele é um grande conhecedor de história, mitologia, teologia, filosofia e cultura em geral. Seu conteúdo vem, claramente, de um estudo da cultura clássica, mas a forma como escreve é mais da escola moderna – ele é erudito sem ser esnobe; escreve de forma intimista, envolvendo o leitor.
4. ele é mais que um autor, ou mesmo um narrador. Muitos de seus contos são escritos em primeira pessoa e, por diversas vezes, ele fala diretamente ao leitor, não na voz do personagem (como o Brás Cubas de Machado), mas em sua própria voz: ele mesmo se torna personagem.
5. seus temas variam do pitoresco, ao fantasioso, ao mítico, ao cotidiano. Tanto pode falar de um ponto de vista universal – como quando representa Homero no conto “O Imortal” quanto é um escritor de sua região, misturando sua memória dos pampas à história.
6. passado e presente invariavelmente se confundem, demonstrando os elos em que estes se tornam conseqüência daqueles.
7. há uma interessante preocupação com a identidade – com a perda da identidade, e com o enxergar da própria identidade no outro. Há certos ecos da teoria dos múltiplos universos em alguns dos seus contos, especialmente no ponto em que muitos de seus personagens vêem como dualismos, sendo eles mesmos e os reflexos deles.
8. ele tem uma interessante fixação pela cultura islâmica e provavelmente leu e releu milhares de vezes As Mil e Uma Noites.
9. ele é genial. Por vezes, embaralha um pouco sua cabeça e você fica sem saber quem é quem e quem não é... mas, ainda assim, genial...
A Coruja
Bem, esse é, provavelmente, meu último post até agosto. Hoje tenho a Aula da Saudade, amanhã viajo para Alagoas para o casamento de um primo, volto domingo de tarde para casa, segunda tem o culto ecumênico, terça tem a colação de grau, quarta tem um grande jantar da turma e Ísis chega ao Recife, quinta eu provavelmente dedicarei a andar com Ísis para cima e para baixo, sexta é o baile e sábado é dia de dormir, dormir, dormir...
Então, enquanto me perco num mundo de seda e tafetá, maquiagem e muitas idas ao salão (Deus, o que eu fiz para merecer isso?) - deixo vocês com uma das minhas muitas resenhas literárias, torcendo para voltar o mais cedo possível, esperançosamente sem estar careca (vocês já fizeram um penteado? Se fizeram, entenderão minha preocupação, especialmente pelo fato de que meu cabelo é pouco e muito fino o que significa... TORTURA).
Eu disse alguns dias atrás que tinha chegado meu pacote de encomenda de livros do mês... Night World eu devorei os dois livros em exatos três dias (pouco mais de mil e quatrocentas páginas, mas com letra grande). Jorge Luís Borges eu deixei para degustar com mais vagarosidade, mais cuidado, afinal, ele é conhecido como um dos grandes autores da literatura mundial, celebrado na América Latina, especialmente nos países de língua hispânica.
Eu já conhecia Borges de O livro dos seres imaginários, no qual ele faz uma espécie de coletânea, enciclopédia de criaturas míticas de todo mundo. Dessa vez, eu pus minhas mãozinhas num de seus livros de contos - O Aleph, o qual é considerado sua obra-prima.
Cheguei então às seguintes conclusões sobre Borges:
1. ele é o tipo de autor que só pode ser compreendido quando você possui um bom arcabouço cultural. Mais tarde, vim a descobrir que ele gostava de ler enciclopédias (o que explica muita coisa...). São milhares de citações e referências cruzadas com outras histórias, com personagens históricos e mitológicos e, se você não conhece algo desses personagens, as narrativas de Borges perdem um pouco o encanto.
2. ele é também o tipo de autor que você tem de ler muitas e muitas vezes, porque, a cada vez que você o lê, você descobre uma nova interpretação e um novo sentido para suas palavras. Para apreciá-lo, você precisa do acúmulo dos anos e de experiências.
3. ele é um grande conhecedor de história, mitologia, teologia, filosofia e cultura em geral. Seu conteúdo vem, claramente, de um estudo da cultura clássica, mas a forma como escreve é mais da escola moderna – ele é erudito sem ser esnobe; escreve de forma intimista, envolvendo o leitor.
4. ele é mais que um autor, ou mesmo um narrador. Muitos de seus contos são escritos em primeira pessoa e, por diversas vezes, ele fala diretamente ao leitor, não na voz do personagem (como o Brás Cubas de Machado), mas em sua própria voz: ele mesmo se torna personagem.
5. seus temas variam do pitoresco, ao fantasioso, ao mítico, ao cotidiano. Tanto pode falar de um ponto de vista universal – como quando representa Homero no conto “O Imortal” quanto é um escritor de sua região, misturando sua memória dos pampas à história.
6. passado e presente invariavelmente se confundem, demonstrando os elos em que estes se tornam conseqüência daqueles.
7. há uma interessante preocupação com a identidade – com a perda da identidade, e com o enxergar da própria identidade no outro. Há certos ecos da teoria dos múltiplos universos em alguns dos seus contos, especialmente no ponto em que muitos de seus personagens vêem como dualismos, sendo eles mesmos e os reflexos deles.
8. ele tem uma interessante fixação pela cultura islâmica e provavelmente leu e releu milhares de vezes As Mil e Uma Noites.
9. ele é genial. Por vezes, embaralha um pouco sua cabeça e você fica sem saber quem é quem e quem não é... mas, ainda assim, genial...
A Coruja
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Sobre
Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Oi Lu agora nem dá para dizer da minha saudade, pois estamos juntas. Mas pelo menos posso dizer que gosto do seu jeito bem humorado e crítico de escrever.
ResponderExcluirMuitos beijos. Amo você. Sua Tia Gilka
Confesso q nao conhecia teu blog, mas agora, nao vou sair dele... adoreiiiiiiiii!
ResponderExcluirsaudades de vc, maninha!
bjss