20 de dezembro de 2022

A Vertigem das Listas: Dez Filmes Animados Favoritos


Lulu: O tema de hoje é difícil - não pela estranheza ou pelo campo possível de escolhas, mas porque há uma miríade de possibilidades e fechar a lista em só dez é até meio injusto com a gente mesmo. Mas, enfim…

Ísis: Sinal que nossa Rainha é masoquista, sabendo que escolheu um tema só para sofrermos… Mas, bem, masoquista já sabíamos que ela é, né?

Lulu: Não é bem masoquismo… e você nem me deixou ainda explicar a escolha… enfim, para esse fim de ano vamos com Dez Animações Favoritas - de forma específica, filmes animados; aquelas histórias que nos roubaram o coração e encheram nossos olhos e para as quais volta e meia retornamos como uma espécie de conforto.

Vamos lá então!

1. O Rei Leão foi um dos meus filmes favoritos da infância - é engraçado, mas considerando todos os filmes de princesas da Disney, nenhum deles me fascinou tanto quanto esses leões de inspiração shakespeariana (embora à época eu não fizesse ideia da ligação com o bardo). Tínhamos o VHS em casa e assistimos tantas vezes que a fita simplesmente se rompeu!


A morte de Mufasa foi um dos meus grandes traumas de criança e só de me lembrar aqui, meus olhos já ficaram marejados de novo. E, claro, décadas depois, sigo sabendo cantar todas as canções da trilha sonora de cor… Hakuna Matata…

2. Viva: a Vida é uma Festa é a aquisição mais recente dessa lista. Esse aqui foi um daqueles filmes que calhei de assistir no momento em que precisava da mensagem dele: no auge da pandemia, período de maiores restrições por aqui, tia muito muito querida que faleceu de covid e, por conta da quarentena, eu não pude ir ao funeral. Meus pais viajaram para o interior, e eu fiquei sozinha em casa, me acabando de chorar… e aí puxei esse filme para assistir sei lá por qual razão… e chorei mais um bocado, mas também encontrei um conforto que não imaginava conseguir naquele momento.


Quando meus pais voltaram, reassisti com minha mãe, depois com minhas tias, e todas as vezes em que revi, o filme teve essa capacidade de emocionar e consolar. Considerando o fato de que a tia que perdi era conhecida na família pela alegria e exuberância, o colorido e a musicalidade de Viva fizeram a ligação ficar ainda mais forte na minha cabeça. Acho que passei aquele ano inteiro ouvindo sem parar Recuerdamé.

3. O Castelo Animado foi o filme que me apresentou a Ghibli e também a Diana Wynne Jones (porque é claro que fui atrás do livro após assistir o filme). A trilha sonora dele também é estranhamente viciante….


Enfim, acho que foi a primeira animação que assisti que não tinha os maniqueísmos tradicionais da Disney, com uma figura vilanesca que… bem, é necessário assistir para compreender. E essa maneira não tradicional de enxergar potencial e possibilidades de - não exatamente redenção, mas humanidade, isso me deixou fascinada.

E, claro, eu adoro a Sophie. Identifico-me muito com a capacidade de resmungar que ela tem…

4. Eu poderia colocar todo o catálogo da Ghibli aqui, mas tentando me restringir a não ficar numa nota só… escolho Sussurros do Coração, essa pequena jóia, uma história sobre arte e criação que falou tanto comigo que, na primeira vez que assisti, eu terminei o filme chorando, rindo, cantando; tão pega pelo coração que parecia que o peito ia arrebentar. Não é um conto extraordinário, são personagens simples num enredo também bastante prosaico, mas há uma delicadeza na forma como ele apresenta suas ideias que me encanta.


E, mais uma vez, é outra trilha que mexe comigo - choro sempre que escuto Take me Home, Country Roads...

5. Termino aqui com Como Treinar seu Dragão, que foi outro filme que me surpreendeu pelas ideias, pela amizade inesperada, pela coragem dos protagonistas de enfrentar preconceitos e pela escolha de final sobre o Soluço a representatividade criada a partir daquela situação.


Eu queria um Banguela para chamar de meu…


Ísis: Como Treinar o Seu Dragão é uma excelente escolha! Assisti aos filmes, às séries e aos especiais, e ainda assim quero mais! Soluço é uma graça e eu amei vê-lo amadurecer. E O Rei Leão é uma história muito marcante mesmo, especialmente para a nossa geração. Meu irmão queria assistir uma vez por semana, se é que não era todo dia… coitados dos meus pais que assistiam junto…

6. Nausicäa. Definitivamente meu preferido dos filmes Ghibli dentre os que vi - que, admitidamente, é vergonhosamente incompleta. Apesar de ainda me faltar assistir vários filmes do estúdio, tanto antigos quanto novos, acho difícil outro deles tomar o lugar de Nausicäa. Gosto muito do tema do meio ambiente, que está presente em vários filmes Disney, mas mais ainda eu gostei de ver uma princesa que é pesquisadora, que buscava entender o que estava acontecendo em vez de presumir.


Ela é corajosa e leal, característica que lhe ganhou vários amigos e aliados. Fora a Shuri (irmã do T'Challa, o Pantera Negra da Marvel), poucas princesas chegam nesse nível.

7. E por falar em princesas da Disney, o filme Pocahontas, da Disney, é meu segundo indicado, e tenho vários motivos para amá-lo.

A) Já deu para ver que gosto de filmes que tenham o meio ambiente ou a natureza discutidos em algum ponto, né?

B) Colors of the Wind e If I Never Knew You são duas das minhas músicas preferidas. Vêm muito na minha cabeça e volta e meia estou cantando elas.

C) Racismo e preconceito também são temas que acho importantíssimos serem discutidos já na infância - e que raiva tenho quando conservadores acham que isso não é algo para se discutir em escolas. Do jeito que aqui tem um segmento contra "ideologia de gênero", acontece muito nos EUA confusões em relação a "critical race theory", que é a mesma coisa mas em relação a preconceitos e racismos. Nossa, eu fico pasma que em países misturados como EUA e Brasil exista essa discussão até hoje! Coitada da Pocahontas que encarou isso pela primeira vez na história!

D) Outra coisa que achei fantástico no filme da Disney foi que não acabou no típico "final feliz", que em geral se resumia ao casal ficar junto. Ambos foram importantes na vida um do outro, mas ela decide ficar, coisa que achei bem interessante e quase inexistente em outras animações Disneyanas. Por outro lado abre espaço para a pergunta: não ficaram juntos justamente porque é um filme que envolve pessoas de raças diferentes? Que mensagem - intencional ou não - pode ser passada assim?


Mas enfim, a animação é linda, a trilha sonora é cativante, os temas abordados são vários, a estória em si - apesar de não ser exatamente igual ao que (se sabe do que) aconteceu, retrata um fato histórico e a personagem principal em si é fantástica! Adoro a coragem e o respeito que ela tem por coisas diferentes em vez de partir para a ignorância. Sem falar que ela também é bem ágil, né? Adoro tanto protagonistas tímidas e indefesas, como também as ágeis e corajosas (ou oito ou oitenta, nesse caso).

8. Essa lista parece um pouco com a do mês passado, pois vários indicados ressurgem aqui. Yuyu Hakusho tem um filme curto (OVA) e um filme longa-metragem, e eu gosto muito desse último. Não bastasse o fato de que Yuyu já é recheado de personagens cativantes e bem desenvolvidos, o filme ainda trouxe duas coisas que eu queria muito ver enquanto assistia à série: um enfoque maior na Botan e na relação entre Kurama e Hiei. No caso dos dois youkais, é algo bem breve, do tipo se piscar perde, mas está lá. Já o papel da Botan se nota desde o começo até o final.


E, de bônus, mais um pouco da longa história de Kurama, e esse mesmo personagem ruivo tomando banho num lago!!! Achei justo, vez que em TAAAANTOOOOOSSSS animes há tantas cenas de personagens femininas tomando banho, então foi ótimo ver o contrário e com animação melhor qualidade que a usual da série!

Enfim, muito satisfeita com o filme de Yuyu, desde a primeira vez que assisti, e em todas as vezes que reassisti. Aliás, deu vontade agora…

9. Dado que eu achei o fim do seriado original muito mal resolvido, fiquei totalmente estupefata ao saber que existia um 2o filme de Card Captor Sakura, que deveria na época dava ser um final melhor estabelecido. Mais de dez anos depois, o CLAMP resolveu continuar o mangá de onde o mesmo havia parado, que é mais ou menos onde o anime tinha terminado - se não contar com o 2o filme, A Carta Selada.


Penei muito para achar na época, pois não havia sido trazido para o Brasil, mas valeu muito a pena. O enredo, a animação, tudo me comoveu de uma forma quase irresistível, e certas cenas são até hoje uma das minhas preferidas em animações *tossetosseSyaoranpulandoaroda gigantecomosefosseamarelinhatossetosse*. Ah….. deleito-me com a superioridade da animação até hoje…

10. Minha décima indicação não é um dos meus 5 filmes animados preferidos, mas quis evitar uma lista só com clássicos da Disney e animes… Se bem que agora que a Disney comprou a Fox, acho que Rio passou a ser um filme da Disney de qualquer jeito... Enfim, eu gosto muito desse filme animado, em parte porque reconheço muitos dos dubladores - algo meio raro para mim. Definitivamente, porém, o motivo maior é que gosto da trilha sonora inspirada em samba, especialmente amo a I wanna party e da ambientação no Brasil. Também é divertido ouvir umas frases em português aqui e ali.


O filme é sobre Blu, uma arara azul que foi traficada ilegalmente para fora do Brasil, e foi parar em Minnesota, um estado nos EUA bem pacato, fronteira com o Canadá. Felizmente ele foi encontrado e adotado por Linda, e cresceu com a mesma muito bem cuidado, mas sem nunca ter aprendido a voar. Um dia um ornitólogo brasileiro os encontra e os leva para o Brasil, com a intenção de usar Blu para ajudar a procriar a espécie dele, vez que a arara azul é uma espécie ameaçada de extinção. A partir daí Blu conhece vários outros pássaros de sua fauna original, inclusive outra arara azul, a Jewel. Muita confusão rola, mas é o típico feel-good family film. Gosto especialmente do tucano, Rafael, e o final tanto é bonito quanto termina em festa no Rio! Excelente escolha para o Natal nos trópicos, digo eu!


Lulu: Engraçado como alguns (ou vários…) dos filmes que apareceram nessa nossa lista nos conquistaram, em parte, pela trilha… ou talvez a trilha tenha marcado porque a história foi tão importante pra gente?

Enfim, último vertigem do ano, chegando aquela época em que a gente não faz nada de útil, só hiberna, uma boa pedida é ir rever alguns desses tesouros.

Mas conta aí pra gente, que outras animações como essas estariam na sua lista?


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2 comentários:

  1. Olá! Foi uma alegria pra mim encontrar um blog como este. Um lugar com ideias bem legais e resenhas literárias, além de outros textos, como estes, que falam de animações que amo tanto (como O Castelo Animado e a Diana Wynne Jones). Vou passear mais vezes por aqui e quero parabenizar as pessoas envolvidas!

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    1. Obrigada, Samuel, eu que agradeço pelas palavras! Estamos sempre por aqui com muita coisa para compartilhar, livros lidos e ideias por vezes um tanto tresloucadas. Seja bem-vindo!

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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.

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