26 de setembro de 2017
Semana dos Livros Banidos
Essa é a Semana dos Livros Banidos, uma iniciativa que promove a leitura de livros censurados, pelos mais diversos motivos; uma campanha pela liberdade de escolher o que ler, como ler, porque ler.
Na maior parte das vezes, são livros que trazem temáticas como sexualidade, religião, preconceito, e, claro, porque contém palavrões (...). Livros considerados muito 'maduros', retirados de bibliotecas para não 'contaminar' a mente dos jovens. Livros como...
* a saga de Harry Potter - porque, aparentemente, J.K. Rowling estava tentando fazer apologia ao satanismo
* As Aventuras de Huckleberry Finn - porque Mark Twain, um dos pais da literatura americana, tinha uma boca muito suja...
* And Tango Makes Three - um livro ilustrado que conta a história real de um casal de pinguins macho que adotou um ovo abandonado e assim se tornou uma família. É um livro tão absurdamente ofensivo (!!!) que, entre 2006 e 2010 ele apareceu quase sempre no topo da lista como um dos livros mais censurados do ano.
* A Bússola Dourada - porque Philip Pullman obviamente deveria arder nas fogueiras da Inquisição com sua ideia de religião
* O Sol Nasce para Todos - porque não é apropriado falar sobre racismo
* Admirável Mundo Novo - porque Aldous Huxley tinha uma linguagem ofensiva, além do fato de o livro trazer racismo, situações sexualmente explícitas, e ser bastante insensível (que tipo de argumento é esse???)
* Jogos Vorazes - por ser (Háhá!) anti-família e satanista.
* Persepólis - por mostrar pessoas jogando e apostando, por ser politicamente ofensivo e ter linguagem ofensiva também.
De maneira geral, livros que apresentam diversidade, pontos de vista diferentes, que mostrem todo o glorioso horror produzido pela humanidade, são os títulos que aparecem frequentemente nas listas de livros censurados. Afinal, é mais fácil apresentar uma realidade de faz-de-conta passada na água sanitária para ficar bem branca, do que tentar aprender e compreender a posição do Outro, do estrangeiro, do estranho.
Como todo mundo que prestou a mínima atenção nas aulas de História bem sabe, começamos queimando livros (ou censurando-os, colocando-os em listas malditas e excomungando seus autores) e logo estamos queimando pessoas. E não é preciso ir muito longe, para a Idade Média, para ver isso. Foi exatamente o que fizeram os nazistas e, vejam que coisa, a julgar pelo que aconteceu em Charlottesville, ou o fato de terem sido eleitos políticos de extrema direita na Alemanha essa semana, ser nazista aparentemente está em moda de novo.
Os livros são um símbolo de um problema bem maior, sintoma do preconceito que parece crescer e se multiplicar nos últimos tempos. Afinal, ignorância é uma das armas dos intolerantes, e a ela se segue o medo e o ódio. Quando o conhecimento é livre, é muito mais fácil aceitar o desconhecido, estudá-lo até que ele se torne familiar em vez de uma ameaça.
Nessa semana dos livros banidos, temos de lembrar bem mais que nosso direito de escolher: temos de pensar que é com empatia, colocando-nos nos pés do Outro - uma das principais funções da literatura - que conquistamos paz. Contra o fanatismo, a opressão, o preconceito e a intolerância, conhecimento (e livros) são o melhor remédio.
A Coruja
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