27 de setembro de 2016

Conversas Sobre o Tempo: De Repente 30

Estou para escrever esse post já faz uns dias, mas fui adiando e adiando e adiando e o mês está para acabar e não escrevia… Mas cá estamos nós e, ok, comecemos pelo óbvio… vocês já devem ter percebido que não tenho atualizado o blog desde agosto.


Agosto foi um mês… dantescamente infernal, quase chegando ao nono círculo. Na verdade, esse ano de uma maneira geral tem sido uma pancada atrás da outra - perdi duas pessoas importantes, ambos de forma inesperada; assumi mais responsabilidade no trabalho e meu irmão saiu de casa, o que gerou uma certa síndrome de ninho vazio em D. Mãe, e, claro, eu completei 30 anos e não sabia muito bem o que fazer desse fato…

Minha maneira de lidar com tudo isso foi tentar controlar de forma cada vez mais inflexível todos os detalhes do cotidiano que estivessem sob minha responsabilidade… incluindo o Coruja. O resto da turma do zoológico pode atestar que passei uns bons meses agindo não apenas como rainha absolutista, mas também general de campo, respondendo de forma cada vez mais passivo-agressiva quando meus prazos e cronogramas não eram cumpridos em tempo hábil.

(Tempo hábil para mim costuma ser uma semana antes do negócio ter de ir ao ar, então dá para perceber como eu estava me tornando um pesadelo, não?)

Essa mania de controle e inflexibilidade começaram a afetar inclusive meu prazer em escrever e, finalmente, esse mês, cheguei a um ponto em que não dava mais. Precisava parar e tentar colocar a cabeça um pouco no lugar.


Setembro foi um mês de hibernação, de assistir séries sem plots muito complicados e ler romances de banca progressivamente mais ridículos. Viajei com a família para Santa Catarina e passamos uns bons dias se empanturrando de comida. Comemorei meu aniversário durante uma semana inteira, dormi até matar o sono, comi um bocado de besteira e finalmente consegui ajustar todos os meus parafusos para voltar ao (meu) normal.

E então… vim escrever para vocês.

O Coruja sempre foi minha ‘menina dos olhos’, um prazer e uma alegria. Nos últimos tempos, contudo, o blog começou a se tornar mais trabalho e obrigação que qualquer outra coisa. Eu meio que matei minha própria capacidade de espontaneidade com o que escrevia, que era um dos motores do blog no início - a ideia de ser um quartinho de despejo em que eu pudesse simplesmente enfiar tudo o que me passasse pela cabeça, por mais absurdo que pudesse parecer.

Deixei de escrever vários posts que queria escrever porque estava muito cansada para realmente refletir sobre o que estava fazendo. Planejando tudo até o último pingo do ‘i’, comecei a tornar tudo mecânico como um sistema de produção fordista.

Precisei desse tempo de descanso para enxergar tudo isso e também para entender o que precisava mudar. Especificamente para o Coruja, isso significa parar de seguir um cronograma rígido e simplesmente… escrever quando der vontade e me der na telha.

Vou tentar atualizar o blog ao menos uma vez por semana. Mas pode acontecer de eu não postar nenhuma vez. Ou, sei lá, de repente querer postar todos os dias da semana. Tenho algumas resenhas prontas que andei rascunhando nesse meio tempo e também o diário da viagem a Foz que fiz com a Ísis em maio - que está esperando eu ter paciência de separar e tratar as fotos e revisar o post para poder ir ao ar.

Toda essa ladainha de hoje foi mesmo só para dizer que… continuo viva. E que não abandonei vocês. E também que ganhei um monte de livros de aniversário e tenho muita coisa para ler e depois comentar por aqui. Quando der, sem pressa, com o humor que nos é peculiar.

E, bem, outubro está chegando e eu, pelo menos, estou bastante empolgada em dedicar um mês inteiro a falar de bruxas.


Assim sendo… por hoje terminamos aqui. Mas ainda teremos mais coisas essa semana para compensar a (longa) ausência.


A Coruja


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2 comentários:

  1. Esse é um fenômeno que eu tenho observado muito na maioria dos blogs que sigo (e no meu também). O ritmo maluco de criação de conteúdo na internet, compartilhamento, like e estatística de acesso cria uma falsa impressão de que precisamos ser produtivas o tempo inteiro. E, assim como você, eu tenho sérios problemas ao impor metas, objetivos e prazos para coisas que deviam ser um prazer. Estou tentando pouco a pouco me desintoxicar disso. Voltar a encarar o blog como uma paixão, nunca como obrigação. Mesmo que signifique postar menos, significará também postar melhor.
    E de vez em quando...bem, até um hobby precisa de uma pausa. É saudável.
    O Coruja é um daqueles blogs que dá trabalho. Tem muita pesquisa envolvida, muita reflexão, não é apenas um indicador de livros aleatórios. Então eu sei o quanto de suor tem por trás de cada postagem.
    Te garanto que seus leitores não se importarão com a diminuição das postagens, desde que você continue por aqui, falando com tanto amor sobre os livros, dando aqueles pontos de vista únicos da Coruja! :)

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    1. É complicado, não é? Acho que a gente precisa de um pouco mais de ócio criativo, de tentar não se enforcar com expectativas irreais... a gente acaba assumindo como uma responsabilidade absoluta algo que deveria ser um prazer, até uma válvula de escape.

      E estarei aqui, pode estar certa! Dar esse tempo, essa respirada já ajudou um bocado!

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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.

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