2 de agosto de 2014
Gazeta de Longbourn Apresenta: A Fórmula do Amor
Eu estava na Cultura com o Duda – provavelmente era uma sexta-feira, porque sextas são dia de almoçar com Duda, visitar livraria e tomar sorvete – quando me deparei com esse título numa das estantes. Já tinha visto a Adriana fazendo comentários sobre o livro e já o tinha anotado para futuras aparições aqui nessa coluna, de forma que o enfiei debaixo do braço e segui para o caixa.Procuramos nossos amigos para ter conforto em relação às partes da nossa vida nas quais temos que “trabalhar” – nossos trabalhos e nossos relacionamentos com homens. Os amigos estão lá quando saímos do tumulto da vida e paramos no acostamento, quando fazemos a análise no fim do jogo. Dividimos nossos pensamentos e sentimentos com eles, ou, talvez, com nossa mãe ou irmã. No entanto, depois que saímos da faculdade e daqueles pequenos apartamentos que dividíamos na época do primeiro emprego, com frequência, deixamos de dividir nossa vida com outras pessoas além de um homem. O que significa que estamos tentando administrar nosso relacionamento sem o tipo de prática em relacionamentos em geral que as heroínas de Jane Austen têm.
Nenhuma surpresa com o fato de que sou uma compradora impulsiva e compulsiva de livros, certo? Certo.
Vou confessar que quando comecei a ler A Fórmula do Amor, logo aos primeiros capítulos, quase larguei o livro de lado. Não sou uma grande fã de autoajuda e o volume tem um pezinho no gênero, especialmente em suas sessões Segredo de Jane Austen.
Mas decidi persistir. A autora é formada em filosofia e seus insights dos personagens austenianos e da questão dos relacionamentos no mundo moderno à vista da obra de Jane são muito interessantes. Há muito do que ela escreve com que concordo, algumas interpretações que ela faz parecidas com as minhas, só que descritas com uma profundidade maior. E não falo aqui apenas de interpretações dos livros, mas também de relações humanas.
Não gosto de autoajuda porque não acho que assertivas genéricas sobre o sucesso alheio funcionem. Não sou contra conselhos, sou contra ser aconselhado por pessoas que não te conhecem e que apenas reproduzem platitudes sem se preocupar em pensar nas particularidades do caso concreto. Especialmente em questões amorosas.
E, para ser sincera, também não gosto de ninguém se metendo na minha vida, mas não vamos nos preocupar com isso agora.
A despeito disso, concordei com muito do que foi posto pela autora, em especial sobre as diferenças entre amor e Amor Romântico; sobre felicidade como equilíbrio; sobre a forma como certas pessoas acabam por se acomodar àquilo que é mais fácil e ficam com uma pessoa mesmo sabendo que aquela relação não tem futuro, apenas preparando o terreno para futuros corações partidos.
Falta-me, contudo, para conseguir me identificar de fato com a proposta do livro, aspirar a ser uma heroína (olá, Catherine) – ou, pelo menos, aspirar a ser uma heroína à espera do seu Mr. Darcy ou Mr. Knightley. A despeito de todas essas diferenças, A Fórmula do Amor é um livro interessante, que me chamou a atenção pela forma como interpreta uma série de questões austenianas.
A Coruja
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